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«O ideal na minha opinião seria olhar a vida sem qualquer desejo, e não deixando pender a lingua como um cão.
Seria ser feliz na contemplação, pura, estranho às contendas e à avidez do egoísmo, ser, dos pés à cabeça, frio e pardo como a cinza, mas com olhos embriagados e lunares.
O que eu preferia, sugere a si próprio o espírito iludido, seria amar a terra com um amor lunar e só com os olhos aflorar a beleza.
Onde reside a inocência? Onde há vontade de engendrar? E aquele que criar o que o ultrapassa é, a meus olhos, aquele cujo querer é mais puro.
Onde reside a beleza? Onde todo o meu querer me obriga a a querer; onde quero amar e perecer para que uma determinada imagem se não mantenha unicamente uma imagem.
Amar e perecer; há eternidades que as duas palavras vão juntas. Querer amar, é aceitar mesmo a morte. Eis o que tenho a dizer-vos, ó poltrões!
Em verdade, tendes sempre na boca grandes frases; pretendeis fazer-nos acreditar que o vosso coração está cheio a transbordar, ó mentirosos!
Quanto a mim, contento-me com palavras humildes, desprezadas, tortas; de boa vontade apanho o que cai da mesa dos vossos banquetes.
Mas, mesmo com este pouco, ainda vos posso dizer a verdade hipócritas. Com as minhas espinhas, as minhas conchas e os meus espinhos, posso, ó hipócritas, picar-vos o nariz."
"Assim falava Zaratustra"
FRIEDRICH NIETZSCHE