Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



O conceito de honestidade parece ser dos mais díficeis de entender. Veja-se que honestidade nem sempre quer dizer verdade. Embora tantas vezes se confundam. Ou misturem.

Mas e a nossa honestidade? Onde é que pára? Posso desde já questiona-la, a partir do momento que precisamos de uma chave para entrar em casa. A partir do facto intransponível,  de que viver de porta aberta é uma aberração. Somos ensinados, desde cedo, a trancar as portas das nossas casas. E, já agora, trancamos também as portas das nossas mais elementares emoções. Resguardamos a nossa defesa. Somos desconfiados.

Eis pois, o que pensamos uns dos outros! Eis então, porque considero o chamado conceito de honestidade, tão apregoado pelas pessoas, como uma reles piada! Uma charada sem gosto.

Recusamos admitir este facto. Tal conceito existe, dizemos. Sou honesto! Eu! Bem, aceito que não sejamos todos mentirosos. Não seremos todos farsantes e traidores. Mas todos somos mentirosos na nossa honestidade. Todos, em fases da nossa existência mundana, por uma razão ou outra, vamos apunhalar outro. É a nossa natureza. E dizer a verdade de uma forma nua e crua, com laivos  de honestidade, sem qualquer interesse pessoal, sem que pensemos daí tirar proveito, é uma desmedida mentira! Uma ingenuídade insípida e que só nos traz desilusão.

Ser realmente honesto é então, uma miragem. Precisamos de nos proteger dos outros. Cultivar distância e desconfiança.

 

 

Lembro-me, desde muito cedo, de ter lido algures, que viver implica competição. Eu também acho que implica um jogo existencial, onde todos nós lidamos com ases e outras cartas. Onde se joga claro e, admito, se calhar com vontade de ser verdadeiro, mas nunca de forma completamente limpa. Jogar sujo é algo que testemunho todos os dias. Assim, ser realmente honesto torna-se uma esmola. Algo que quando damos é mal recebido e desconfiado. Pois, é a tal necessidade de nos defendermos.

Leva-me a uma questão que sempre me toldou o juízo: porque raio não querem as pessoas ser entendidas? Não querem compreensão? Eu incluído. Há quem oculte a sua natureza com falsos sentimentos e intenções. Turvam o espelho da sua personalidade.Tornam-se indistintas e absurdas.

Para mim, até nem é difícil entender as pessoas ao meu redor. Criaturas aparentemente misteriosas. Não é nada de impossivel. Impossivel é faze-las dizer a verdade. Serem realmente honestas. Aí reside a fractura. Aí está a minha frustração. Não conseguir revelar-me suficientemente verdadeiro e honesto. Bem como retirar o mesmo, dos outros. Por isso continuamos a trancar a nossas portas. Por ser realmente impossivel a honestidade total.

" - Preferia viver com um animal!"

 

Estas palavras, proferidas na minha face, olhos com olhos, foram como um epitáfio. Um rasgo em tudo o que acreditava. Ou pensava acreditar.

Duas conclusões vieram ao cimo. Duras e tão perfurantes, que se tornaram um todo, na minha existência.

Nada é permanente. O carinho. A candura ou a confiança. São meros grãos de todos os dias. Nunca seremos completamente íntegros, para quem quer que seja! Nada do que façamos, por mais que tentemos ser o que querem que sejamos,  resultará. Haverá sempre mais e mais exigências.

Desiludi. Não sendo o que queria que fosse. E quando mais precisava, a minha condição ficou abaixo do animal.

A verdade dói. Aprendi, sem contemplações. A verdade é o que deveria ser: dor e prazer. Alegria e, acima de tudo, desilusão. Desilusão tão pura e tão cristalina, que marca como ferro em brasa.

 

Nietzsche escrevia, "Aquilo que não me destrói fortalece-me", e eu sou um exemplo disso. Quando o fundo do poço é um destino certo, quando nada é o que parece, voltar a viver e respirar, é toda uma aprendizagem.

Mas, o que aprendi? Que posso eu ter absorvido destas palavras? A odiar. Foi uma das maiores marcas que ficou. E nunca morreu ou se desvaneceu. Deixei de ser hipócrita e tranformei o ódio, por vezes cego e surdo, em força. E como se pode tornar uma droga,  esta emoção! Como se torna díficil controlar a raiva...

Também ficou a sede de verdade e ser verdadeiro. Quando se ouvem palavras como estas, numa encruzilhada de desespero e solidão, resta-nos sobreviver. Muitas vezes dizendo a verdade a nós próprios. Que é o acto mais duro da nossa míseravel existência. A capacidade de sermos verdadeiros. O nosso próprio espelho.

 

Quem me "esmagou" com estas palvras, teve o seu desejo concretizado. Vive, de facto, rodeada de animais. E, coisa estranha, quando por mim passa, baixa a cabeça. Como que proferindo uma oração silenciosa...

Em mim, porque pela dor se limpa tantas e tantas vezes a alma, existem três tatuagens. Uma que cobre a parte de trás do meu pescoço. Outra, a parte superior do peito e uma última, na parte externa da minha perna esquerda. São testemunhos. Marcas que recordam. Quando pressinto que estou a desviar-me do"meu caminho", basta olhar para qualquer uma delas. Saberei o caminho de volta.

Se for preciso,  continuarei a sentir a dor e a marcar o meu corpo. Para me recordar....

 

Por fim, o descanso ...
As recordações são a cama onde me deito
O sopro deste vento que me deste, impulso para o caminho
O frio já não reside nesta pele, que já não luta
Que já não desespera, apenas descansa...
O gemido da lembrança, tirana mãe da consciência
Por fim livre, nos olhos que se cerram
Janelas para a escuridão que sinto em mim
Hoje, descanso,
Hoje, sou mais uma forma, despojada de acção
Porque repousada se encontra
Cruzo as mãos, ásperas de desejo
Sinais de grandeza, que de homem pequeno se trata,
Ainda assim, agarro esta vida, ainda assim espero aprisiona-la
À minha insensatez,
Porque me julgava livre e de pensamento claro,
... Afinal, não passo de despojos de guerra
Batalha que continuo a travar, mesmo sabendo-me derrotado...

Porque morro de saudades e antcipação...

Porque sei que a viagem será para breve ...

Até lá, recordo ....

 

 

É vê-los a deambular pelas ruas. Na maior parte das vezes, aos pares, que a segurança dos números é mais vantajosa. Batem à porta. Insinuando livros escritos. Procurando explicar o inexplicável.

Vagueiam debaixo de muitos nomes. Juram por outros Deuses. Mas todos respondem a uma palavra: fanatismo.

Clamam a boa nova. A palavra divina. O nascimento de um filho de Deus. Um Natal. Que estranhamente, só se comemora numa parte deste mundo de merda. Na outra, este filho não nasceu. E o Natal é palavra que nem existe!

Agitam ameaças. Proclamam reverências. Num mundo onde a Mulher,  a única criatura que realmente possuí inteligência realmente capaz de alterar a nossa existência,  uma vez mais num mundo de merda, é votada ao papel de pecadora suprema! Coberta dos pés à cabeça, por panos, subjugada e aviltada. Eles sabem, esses estranhos padres de todas as religiões. Criaram seitas patriarcas onde se teme uma Mulher. Porque dela saí realmente a vida! Não de um culto! Não de um livro escrito por homens. Para homens. Desequilibrados, senhores. Tontos e  delirantes!

 

Mas já o sei - eu homem - manchado por por tamanha imundíce hipócrita e idiota, nasci para a guerra. Só pela força submeto. Mas, no intímo, bem no amâgo, sei: enquanto acreditarem, homens e mulheres, na minha religião, criada e Oh, tão bem urdida!, por mim, nada mudará! Submeterei quem devo e não haverá dúvidas quanto ao meu reinado.

 

Compulsão que domina, pensamentos transbordando ânsia

Libertação sexual, em mim, tão profundamente desejada

Vem, toma nos teus olhos a minha mais preciosa possessão,

Sem objecção, com ela podes dominar-me,

Encher de luz, uma alma vazia,

Prazer corpóreo, demente dependência, esta

Poder subverter este rasgo de dor, apenas por tuas mãos,

 

Pelo teu abraço, paixão que me alimenta,

No teu suave calor, pernoitar

Recordações, recordam amor

Recordações que nunca morrerão

 

A tua excitação é doce,

Na minha pele, que treme em prazer,

Em sujeição, trémula para além da imaginação

Primitivo, instintivo, paixão pela carne

Terno erotismo, vagueando pelas minhas costas,

Até que de novo, desçam as sombras do cansaço.

 

 

penso juntar-me a vós,

em breve,

ergueremos os copos, brindaremos,

palavras por palavras, emoções por emoções,

a minha partida, fim retalhado

 

caminhante, auguro outros caminhos

por onde me cansarei, de novo

em procura e nunca encontrando

tão breve me sejam concedidas asas,

tão breve partirei ...

 

 

Um perfil fadado à desgraça existencial constrói-se, sabiam? Começa sempre pela morte das crenças mais intímas. Substituindo-as por algo mais plausível e de acordo com o que nos rodeia. Aquele factor que nos torna realmente sobreviventes. A adaptação. Adaptamo-nos, eis o que é. Por fora seremos plásticamente aptos. Todos nos aceitam e transmitem segurança. Mas assim começa algo. Um aprofundar de abismos. Um mar de pequenos borrões negros que não morrem. Antes crescem, como sórdidos parasitas. Obrigados a conviver com isto, porque assim ditam as regras, vamos lentamente, assumindo defesas. Ou pura e simplesmente morreremos mais cedo do que o nosso "fim de validade" genéticamente estabelecido ... pela nossa própria mão.

 

Creio que nascemos realmente livres. A escravatura começa quando tomamos, verdadeiramente, consciência do que nos rodeia. A partir desta consciência, nunca mais seremos realmente livres.

Uns, tornam-se parte de um todo. Pelas mesmas regras e pensamentos. Outros, incapazes de aceitar  esta condição, debatem-se permanentemente. É uma "carnívora" fome de fuga. Uma incapacidade para obedecer à normalidade. Só por "golpes sangrentos" se sentem realmente vivos. E não apenas no limiar de todos os dias. Naquela ténue fronteira entre a racionalidade e a loucura.

Tags:

Denis Leary FOI ... É ... e será SEMPRE  BRILHANTE!!!

 

UM PONTAPÉ NAS TROMBAS DO POLITICAMENTE CORRECTO!!

 

Pág. 1/3





Arquivo

  1. 2024
  2. JAN
  3. FEV
  4. MAR
  5. ABR
  6. MAI
  7. JUN
  8. JUL
  9. AGO
  10. SET
  11. OUT
  12. NOV
  13. DEZ
  14. 2023
  15. JAN
  16. FEV
  17. MAR
  18. ABR
  19. MAI
  20. JUN
  21. JUL
  22. AGO
  23. SET
  24. OUT
  25. NOV
  26. DEZ
  27. 2022
  28. JAN
  29. FEV
  30. MAR
  31. ABR
  32. MAI
  33. JUN
  34. JUL
  35. AGO
  36. SET
  37. OUT
  38. NOV
  39. DEZ
  40. 2021
  41. JAN
  42. FEV
  43. MAR
  44. ABR
  45. MAI
  46. JUN
  47. JUL
  48. AGO
  49. SET
  50. OUT
  51. NOV
  52. DEZ
  53. 2020
  54. JAN
  55. FEV
  56. MAR
  57. ABR
  58. MAI
  59. JUN
  60. JUL
  61. AGO
  62. SET
  63. OUT
  64. NOV
  65. DEZ
  66. 2019
  67. JAN
  68. FEV
  69. MAR
  70. ABR
  71. MAI
  72. JUN
  73. JUL
  74. AGO
  75. SET
  76. OUT
  77. NOV
  78. DEZ
  79. 2018
  80. JAN
  81. FEV
  82. MAR
  83. ABR
  84. MAI
  85. JUN
  86. JUL
  87. AGO
  88. SET
  89. OUT
  90. NOV
  91. DEZ
  92. 2017
  93. JAN
  94. FEV
  95. MAR
  96. ABR
  97. MAI
  98. JUN
  99. JUL
  100. AGO
  101. SET
  102. OUT
  103. NOV
  104. DEZ
  105. 2016
  106. JAN
  107. FEV
  108. MAR
  109. ABR
  110. MAI
  111. JUN
  112. JUL
  113. AGO
  114. SET
  115. OUT
  116. NOV
  117. DEZ
  118. 2015
  119. JAN
  120. FEV
  121. MAR
  122. ABR
  123. MAI
  124. JUN
  125. JUL
  126. AGO
  127. SET
  128. OUT
  129. NOV
  130. DEZ
  131. 2014
  132. JAN
  133. FEV
  134. MAR
  135. ABR
  136. MAI
  137. JUN
  138. JUL
  139. AGO
  140. SET
  141. OUT
  142. NOV
  143. DEZ
  144. 2013
  145. JAN
  146. FEV
  147. MAR
  148. ABR
  149. MAI
  150. JUN
  151. JUL
  152. AGO
  153. SET
  154. OUT
  155. NOV
  156. DEZ
  157. 2012
  158. JAN
  159. FEV
  160. MAR
  161. ABR
  162. MAI
  163. JUN
  164. JUL
  165. AGO
  166. SET
  167. OUT
  168. NOV
  169. DEZ
  170. 2011
  171. JAN
  172. FEV
  173. MAR
  174. ABR
  175. MAI
  176. JUN
  177. JUL
  178. AGO
  179. SET
  180. OUT
  181. NOV
  182. DEZ


topo | Blogs

Layout - Gaffe