Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



 

Por fim lembrei-me de como devo rir! Continuar a rir sobre as coisas passadas. Rir-me de tudo.

Assim foi, de facto. Lembrei-me do círculo de fumo que te ornamenta a cabeça, quando nadas na tua beleza. Quando, aborrecida, esfregas as mãos e falas de frio.

Sou assim, então. Rude e grotesco ao paladar. Mas o riso é algo que me soa tão raro! Como o oscilar das cortinas do quarto, na brisa da noite. Traz  luz , onde habita o desconhecimento. A felicidade.

Não me rio para a cidade. Nem se pudesse. Odeio quem me pergunta o que não sei. Criaturas mimadas. Risos à força.

 

No espelho, vejo-te. Tão alegre. Tão bela. Tão longe da minha figura. Distorcida e impiedosa com a sua sombra.

Mas obrigas-me a rir. Não, recordas-me o que é rir! Como um doente  saido de coma induzido. Caminhando após anos de inesxistência.

Recordas-me o riso... Mas que  sorriso é este? Que atormenta a minha face distorcida? Inexplicavelmente impróprio de um monstro.

 

Transfiguração.

Ajoelhado por uma estranha vontade. Por uma parede sólida de angústia.

Obsessão.

Pela discórdia de sonhar durante o dia, com noites que levam a esta vacilante condição.Não me leva a lado algum.

Hesito.

Banhando-me nas noites de verão. Nas luzes das noites mais escuras, que imagino.

Velho.

Sinto-me tão velho! Encurralado e destroçado. Enforcado, onde outros permanecem. Pendurados.

Cortada.

A minha noção de sanidade. Esperando, ao frio. Onde antes podíamos sussurrar e esconder o rosto.

Avançar.

Não posso mexer-me. Nem sequer avançar. Não consigo carregar com o meu próprio peso!

Passado.

Não existe. Nem presente. Ou futuro. Apenas existo. E nunca mais me vou embora. Nunca mais abandono.

Ódio.

Sinto ódio de mim próprio.

 

A que devo tamanha bondade, vossa senhoria? Neste desterro mal amado. Num ninho dourado, por sangue de momentos interrompidos.

Sim, vossa senhoria, tamanha bondade? Porque me sinto inchado por vossa imagem mística! Ao lado da minha angústia blasfema. Por vossa imagem fantasmagórica. Voadora. Pensamentos fantasmas. A meu lado, senhoria. Ao pé de mim.

 

Desconheço esse buraco, senhoria. É estranho, para mim. Pois dá calor e virtude. Ao meu deboche venenoso e desfigurado.

Perdoará, mas prefiro que a minha alma vá por entre as brechas corrompidas. É melhor que se cubra de musgo, pois não vá infecta-la, nobre senhoria. Iria vacilar, com certeza. Não lhe assentaria bem, sabe? Pois seja assim; pela sua ignorante bondade. A minha insanidade, vagabundas orações por um nascer de sol, sem esperanças. Seja assim, senhoria.

 

E veja a catedral que habito: não tem deuses! É apenas para a passagem rápida do tempo, que me odeia.

É como um furacão de morte. Um rio de  sangue que me insulta. E corrói. Afogando a minha vida de tudo o que é realmente bom.

Acha que ainda mereço tamanha bondade, vossa senhoria?

 

 

Porquê? O que é que me fizeram? Quem é o culpado que me obriga a isto? A percorrer mais um ano? Forçado a mais um ano!

E porque razão tantos já foram e outros aqui ficam? Sentados num círculo de nuvens!

Baixo a cabeça. Fecho os olhos, ansiosos. Deslocado. Só. Recusando as memórias. Essas pragas!

Reduzo-me a mera substância que respira. Esperando que me enterrem numa quaqluer baía de abandono e excesso.

Nem sequer me tentem com palavras! Porque estou cansado. Exausto de  saltar. De colecionar caixões. Navegar, já morto.

Em estado puro, sou uma maldição. Para mim mesmo! Feito. Forçado a olhar a luz. Desatento, como uma criança.

Mas, tremendo, gemendo, estou em casa. Eu estou em casa.

Existem canções e cantigas.

Esta  é uma das canções da minha vida. Uma vez mais ...

 

" Chaos rampant,
An age of distrust.
Confrontations.
Impulsive habitat.

On and on, south of heaven"

 

Não compreendo nada. Como é possivel tamanha melancolia numa lágrima? É como um desejo imenso de morte. Um rolar traiçoeiro do espírito. Uma corrente à volta do peito, que arrasta para o abismo. Tão próximo. Tão atraente!

Nada posso fazer, sei. Que nesse brotar de angústia eu me revejo. Nesse sal de sofreguidão não se gargalha. Apenas se desprende mais vida. Mais existência mundana. Mais amor cadavérico. Sangue ... tanto despedício.

Se calhar não deveria olhar. Melhor me sentiria. Menos idiota. Inútil. Mas essa lágrima pertence-me. É minha. Mesmo não a compreendendo. Nunca a entendendo.

 

Tags:

 

Louco.

Encadeado por caminhos sem regresso. Nas vozes que avivam a rapidez com que constato. É para sempre que vaguearei.

Não pensando em regressar. Nunca sonhando com a solene suavidade do teu beijo. Apenas os teus braços me animam. Me interessam.

O caminho feito de mãos no pó. Na horizontalidade macaca. Quis erguer-me, para poder sonhar-te alto. Arrancaste-me ao solo. Em garras que sangram, marcando-me como teu. Ouviste a minha voz. O meu chorar rasgou-te a alma. A minha loucura fez-te tão imensa! Tão montanhosa!

 

Estranhas que me afaste deste mundo?

Quando só tu me vês. Só tu danças nua, em volta da fogueira que ateei. E quando apenas tu me cobres as feridas sangrentas, com as lágrimas da tua incerteza.

Posso ir buscar uma noite, trocando-a pelo teu ardor. Posso sentir na tua pele a redenção que há tanto tempo procuro. E chega-me. Nada mais quero. Nada mais me atrevo a pedir-te. Apenas o teu olhar e luz na minha escuridão.

Tags:

" Pela paciência e porque me prendes ao chão ... sempre "

 

Tentar compreender o que me rodeia é pura perda de tempo. Um estranho processo, que nada traz de realmente vantajoso. Assim como tentar compreender por que raio sinto aversão ao que a maior parte das pessoas aceita como benigno. Como algo indipensável ás suas existências.

Antes seria melhor mentir. Dizer que me importo. Que amo tudo e todos. Abraçar quem se julga meu amigo. Quando, no fundo, nada me atrai para essas pessoas.

A impaciência é uma falha. Aceito. Mas não tenho capacidade para certas superficialidades. Para quem respira falsa confiança. E uma suprema falta de respeito por si e pelos outros. Ah! Toco na ferida! Verme depravado! Abjecto indivíduo! Continuo a bater na mesma estaca! Irra!!

Se pudesse, seria eu o primeiro a calar-me. Seria o primeiro a evitar a poluição auditiva. Já agora, primeiro seria eu, a pôr fim a certas sujidades transformistas. Mascaradas em verbos escritos.

E, diga-se com toda a sinceridade, porque se desfazem as pessoas em pedaços, por amor? Corro o risco de me sentirem insencível. Quando é exactamente o contrário. Não seria melhor levantar a cabeça e prosseguir caminho? Em vez de penar pelos cantos?

Talvez eu seja mesmo cruel. Porque não vejo nada de realmente benigno, no amor que se dá a outra pessoa. Muitas vezes em detrimento de nós próprios. Uma entrega cega. Uma ferida sistemáticamente a sangrar. Para depois, muito simplesmente ser riscado do mapa.

E pensava eu ser masoquista! Se calhar sou, mas ao menos sou um masoquista de olhos abertos.

" (Chorus) Most regular people would say it's hard
And any streetwise son of a bitch knows
Don't fuck with this "

Pág. 1/4





Arquivo

  1. 2024
  2. JAN
  3. FEV
  4. MAR
  5. ABR
  6. MAI
  7. JUN
  8. JUL
  9. AGO
  10. SET
  11. OUT
  12. NOV
  13. DEZ
  14. 2023
  15. JAN
  16. FEV
  17. MAR
  18. ABR
  19. MAI
  20. JUN
  21. JUL
  22. AGO
  23. SET
  24. OUT
  25. NOV
  26. DEZ
  27. 2022
  28. JAN
  29. FEV
  30. MAR
  31. ABR
  32. MAI
  33. JUN
  34. JUL
  35. AGO
  36. SET
  37. OUT
  38. NOV
  39. DEZ
  40. 2021
  41. JAN
  42. FEV
  43. MAR
  44. ABR
  45. MAI
  46. JUN
  47. JUL
  48. AGO
  49. SET
  50. OUT
  51. NOV
  52. DEZ
  53. 2020
  54. JAN
  55. FEV
  56. MAR
  57. ABR
  58. MAI
  59. JUN
  60. JUL
  61. AGO
  62. SET
  63. OUT
  64. NOV
  65. DEZ
  66. 2019
  67. JAN
  68. FEV
  69. MAR
  70. ABR
  71. MAI
  72. JUN
  73. JUL
  74. AGO
  75. SET
  76. OUT
  77. NOV
  78. DEZ
  79. 2018
  80. JAN
  81. FEV
  82. MAR
  83. ABR
  84. MAI
  85. JUN
  86. JUL
  87. AGO
  88. SET
  89. OUT
  90. NOV
  91. DEZ
  92. 2017
  93. JAN
  94. FEV
  95. MAR
  96. ABR
  97. MAI
  98. JUN
  99. JUL
  100. AGO
  101. SET
  102. OUT
  103. NOV
  104. DEZ
  105. 2016
  106. JAN
  107. FEV
  108. MAR
  109. ABR
  110. MAI
  111. JUN
  112. JUL
  113. AGO
  114. SET
  115. OUT
  116. NOV
  117. DEZ
  118. 2015
  119. JAN
  120. FEV
  121. MAR
  122. ABR
  123. MAI
  124. JUN
  125. JUL
  126. AGO
  127. SET
  128. OUT
  129. NOV
  130. DEZ
  131. 2014
  132. JAN
  133. FEV
  134. MAR
  135. ABR
  136. MAI
  137. JUN
  138. JUL
  139. AGO
  140. SET
  141. OUT
  142. NOV
  143. DEZ
  144. 2013
  145. JAN
  146. FEV
  147. MAR
  148. ABR
  149. MAI
  150. JUN
  151. JUL
  152. AGO
  153. SET
  154. OUT
  155. NOV
  156. DEZ
  157. 2012
  158. JAN
  159. FEV
  160. MAR
  161. ABR
  162. MAI
  163. JUN
  164. JUL
  165. AGO
  166. SET
  167. OUT
  168. NOV
  169. DEZ
  170. 2011
  171. JAN
  172. FEV
  173. MAR
  174. ABR
  175. MAI
  176. JUN
  177. JUL
  178. AGO
  179. SET
  180. OUT
  181. NOV
  182. DEZ


topo | Blogs

Layout - Gaffe