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As palavras não conseguem realmente exprimir o desespero. Se que quisermos, a incapacidade de viver com certas emoções. Recorrem os especialistas a certas palavras escritas a caneta. Não, esperem. Agora controla-se o desespero com receitas imprimidas por computador! Escrevem a palavra e imprimem o papel já com o carimbo - assim facilita o utente e a medicina em geral.

Num papel impessoal uma fórmula para o sossego, que não se consegue de forma humanamente racional. Dormir. É preciso. Descansar. Forçosamente. Não pensar. Alhear os problemas e a cabeça.

 

Não há verbo ou som que exprima melhor o desespero humano. Quem poderia imaginar que a salvação possa estar numa pequena caixa de cartão? Em pequenas porções sólidas de várias cores? Sabiam que o desespero se controla de acordo com a côr de um comprimido?

 

Recuso-me sempre a aceitar que haja quem se possa esquecer de prazeres tão pessoais ou tão intensos como a mera faculdade de rir. Tenho no entanto, reparado que as pessoas que conheço que mais riem são as mais solitárias. Seja porque estão sós ou porque aceitam certas noções como algo inato. Não sei justifica-lo. Mas é verdade. Existem pequenos e deliciosos prazeres esquecidos. Lamento que o sejam.

 

Testemunhar um sorriso em fases díficeis da nossa miserável existência é uma luz que cega. E como posso eu pensar de outra forma, quando alguém que se encontra nos confins da mais absoluta tristeza, se digna a sorrir. Tão levemente que me reduziu a escombros. Uma criatura que ao lado da cama de alguém cujo sofrimento físico e mental acompanhou todos os dias, sempre presente e vigilante, viu o médico desligar todas as máquinas que prendiam à terra. Uma a uma. O ventilador. Os batimentos cardiacos.

Não houve dramas ou gritos, perante algo há muito esperado. Apenas um baixar de cabeça tão imensamente primordial e digno que melhor homenagem de partida não se poderia esperar.

E um sorriso. Cansado e soterrado em agonia escondida. Ao mesmo tempo sentido e resignado.

 

A mim? Uma vez mais testemunhei algo que a minha mente não processa. Acho que nestas ocasiãoes nada se processa, a não ser a verdadeira utilidade de rir. Mas destroçou-me mais um pouco. Sim, mas apenas mais um pouco.

O sorriso nestas ocasiões é a maneira mais segura e firme de comprovar a tristeza. Não são as lágrimas ou os gemidos.

 

Um sorriso e uma cabeça baixa. E não vejo maior escuridão e solidão numa criatura.

 

"Eu não tenho medo do escuro. Sinceramente, não prevejo outro caminho que não seja o de caminhar de olhos erguidos e ombros direitos. Aliás, nem sequer sei se quero que seja  de outra forma.

Hoje não será diferente de outros dias. Testemunhar a miséria alheia será sempre muito mais aceitável do que nos reconhecermos nela. E também mais seguro. Lidar com a desgraça dos outros é bem mais fácil!"

 

"Aqueles que não têm olhos: Tudo se transforma numa triste dança.

Como se pode manter a respiração forjando ilusões? Será preferível ser cego? Convertem tudo, absolutamente tudo numa desesperada mania. Sempre com os braços esticados. Cegos."

 

"Blasfémia: Nada será realmente sagrado?

Antes de mais, qual sagrado? O meu ou o dos outros? Desde quando eu preciso de uma igreja com leis, ordens, tábuas de comportamento para me tornar sagrado?

Posso desprezar quem me apetecer, por favor? Afogar este mundo de merda em ódio, se possivel. Possivelmente, tornar-se-ia num mundo bem melhor."

 

 

 

Eu estive presente! Não me limitei a ficar em casa a olhar para a televisão e a disfrutar como se de uma merda de telenovela se tratasse!

Orgulho-me de ter observado  certas consciências; principalmente junto à assembleia da républica.

É preciso mais, muito mais! Abrir a consciência e demonstrar quem realmente manda. O direiro à indignação é  de todos. Todos!

Mas para muitos são apenas palavras. Outros, os que lá estiveram e que já atingiram o limite, tratou-se de agir.

( Como gritava um manifestante ao meu lado e em frente à policia em S. Bento: RECUSAR-RESISTIR!)

" Em escuta ...

   De headphones nos ouvidos e na escuridão do quarto,"

 

 

 

Pensamentos ao acaso ...

 

Integridade, dizem certos arautos, que são íntegros e genuínos. Gostaria de perceber onde. Talvez eu seja uma das pessoas moralmente corruptas de que tanto se  fala. Até entendo, já que não tenho a miníma paciência para certas atitudes. Mas tenho visto com muito interesse que o conceito de integridade é lato - para muito boa gente , trata-se de navegar conforme ditam as modas. Mudam de ideias e realidades de manhã até à noite. Como vestir uma roupa diferente. Agora é branco alegre e solidário. Depois serão os negros, para manter acessa a chama da querida variedade. Contra a monotonia da vida sem máscaras.

 

Feio, nada do que escrevo é realmente bonito. Fazendo bem as contas, nunca procurei que fosse realmente aceitável por quem não me compreende. Melhor ainda, não sou escritor e uso este local como minha terapia pessoal. Quando outras falharam. Nada do que escrevo se pode realmente considerar lindo ou airoso. Até porque eu vejo o que vejo de forma pessoal. Eu sinto o que sinto como alívio. Algumas vezes consigo. Outras, nem tanto...

 

Leituras, existem neste local duas, três pessoas cuja leitura do que  escrevem é essencial. Eu, velho cão da pradaria e sociopata rabugento desejava poder partilhar das suas esperanças. Por vezes noto numa dessas leituras, algo muito semelhante a desespero. Umas gotas, apenas. E como eu sei destrinçar o sentimento de frustração e ódio que por vezes destilam as suas palavras! Vão e vêm. Desejo que nunca chegue ao que eu muitas vezes chego, pelo que seria trágico e nada abonatório para amizades.

Noutras leituras, há uma imaginação pulsante. É cristalina e de laivos escuros. Um pouco como aquele vinho apurado: Inocente e suave, mas que se pode tornar numa valente bebedeira! Reconheço que acho certas palavras tão claramente inocentes, que tenho de me conter para acreditar que ainda é possivel escrevê-las!

Mas em todos eles existe aquele sentimento de frustração e escuridão que apenas  reconhece quem já palmilhou tal território. Eu absorvo certas palavras de forma diferente de muita gente. Um olho cínico e muito desregrado. Mas para dizer a verdade, fazem com que não me sinta tão só. Com que me sinta humano. Pode ser que ainda exista a esperança para os que escrevem desta maneira. Não somos iguais. Se calhar apenas comparsas de uma infâmia: Podermos ventilar raiva, ódio ou uma luz do dia diferente. Escolham.

 

Há uma espécie de criaturas que habitam este planeta que por muito que se tentem disfarçar ou manter alguma dignidade é em vão. Por vezes, eu penso que tudo possa ter voltado ao normal. Quando penso  finalmente poder descansar e disfrutar de alguma merecida e benigna solidão, eis que esbarro contra tais criaturas! Nunca chegam a manter-se na escuridão pessoal. A remeterem-se ao seu real território ou a respeitarem a verdadeira envergadura da distância. Não, claro. Vão aparecendo lentamente. Aqui e ali. De mansinho e sempre a vasculharem outros. No fundo, desejam encontrar outros pequenos parasitas. A vida em magote é mais fácil. Pensam dar menos nas vistas...

Sinceramente, são fáceis de pressentir. Acham-se camufladas e invísiveis. Mas libertam "cheiros" e tresandam. Tresandam a falsidade e a falta de real vergonha. Não sabem onde pertencem. Ignoram o que de mais válido deveriam ter. Cegos e cegas, guiam-se pela mera incapacidade de aceitarem certas realidades. O seu tempo passou. Só restou uma existência vivida à sombra de outros. É pena que não consigam convercer-se disto e mantenham os olhos no esterco.

 

O que nos mata realmente mais depressa são as recordações do que deixamos para trás. No meu desespero para me afastar do padrão, creio que vou perdendo muita coisa. Ainda não cheguei a uma idade física que me possa remeter à velhice, mas sinto-me imensamente velho na minha consciência. É como se um veneno caminhasse comigo. Torna-se díficil aceitar certas coisas. E quando chego a qualquer conclusão, a única resposta que obtenho aparece como uma pergunta - "Porque levaste tanto tempo a concluir isto?" Odeio-me por isso. Que satisfação posso ter? A frustração de pegar nos cacos e voltar ao mesmo.

 

Por intuição, reconheço que a solidão tem duas lâminas. A verdade é que nunca chegamos a ganhar nada. 

Estar só, abre o horizonte. Podemos correr para onde entendermos. Ansiar por cada pedaço do mundo e não ter vergonha disso. Afinal, só nós interessamos. Só nós somos a única preocupação. Porém, também corrói a alma. Muitas vezes, a lágrimas rolam sem ninguém para as secar. A palavra "paixão" dita de forma solitária, nunca me deu a noção de prazer. Apenas um eco de emoção que gostaria de partilhar, não com muitos. Apenas contigo. 

Estar no meio de um grupo nunca foi o que me interessou. Por certo tenho escolha. Posso rir ou ser o palhaço do circo. Mas nunca o faço. A necessidade de solidão é uma droga poderosa. Vicia e aprisiona. Mas estar muito tempo dependente dela deixa aquele véu de absoluta amargura. Fico sempre com a perfeita noção de que de onde me ausento, o tempo passa. As coisas mudam. E depois, não volto atrás. Vou ficando mais só. Sempre mais longe.

 

Tinha tanto para te dizer. Se ao menos conseguisse fazê-lo com penas em vez de punhais ...

 

From darker Shrines ...

 

" Pessoalmente, deixei de temer discursos de ódio provenientes de outrém. Não faço a mínima ideia se aprendi a fazê-lo ou se apenas deixei de me importar. Também passei a dar muita pouca importância a certas acções. Aqui sei bem como o fiz - através de uma certa visão de túnel. Não me tornou mais obtuso ( pelo menos assim o acho). Antes mais fechado e bastante mais frio. E calculista com cada passo ou atitude. Algures, deixei de acreditar em tudo. Um cínico, dizem-mo muitas vezes. Mas prefiro-me cínico a absoluto crente."

 

" Numa suposta sociedade justa, ninguém seria diferente. Todos teriam os mesmos direitos e acessos. As pessoas seriam leais e cumpridoras. Não se dariam "facadas" pelas costas e só o respeito seria regra máxima. Pois ...

Numa suposta sociedade assim, mais valia morrer. Prefiro ser diferente. Estabelecer a minha base de lealdade e respeitar quem eu considero digno disso. Quanto ás "facadas" pelas costas, só me importam as verdadeiras. O resto são zumbidos."

 

" Hoje alguém me quer de joelhos. Amanhã, eventualmente por pura vontade de me silenciar, alguém vai querer que rasteje. Como são díspares as ondas cerebrais de certas criaturas! Mandar-me calar não significa que o faça. Exigir-me mais respeito, ainda mais do que o que  foi dado, é uma ignorância tão grande! Quando é que se compreenderá que a resposta só terá um nome: Ódio. Rancor e insatisfação. A amizada não é uma arma. Não deve ser usada como tal. E depois, eu tenho muitos poucos amigos."

 

Nunca vos apeteceu? ...

 

... Por momentos alterar a vida. Por alguns momentos levantarem-se da cama e não dizerem bom-dia a ninguém.

Andar pela rua sem olhar para as pessoas. Dizer-lhes na cara o que realmente pensam delas. E quando estas se preparam para vos retorquir, voltar as costas - mostrando-lhes o dedo do meio.

 

Comer o que apetece, mesmo que esteja carregado de sal. De calorias e colesterol!

Demonstrar, livremente, o vosso ódio e a vossa intolerância contra quem vos trai. Contra quem vos impacienta. Tornar insuportável a vida aos que acham ser mais aceitável ceder. Em vez de questionar.

 

Quem se ajoelha porque se acha mais próximo da salvação. Cuspir no prato onde comem. Morder a mão de quem vos alimenta!

Dizer "Não!" quando deviam dizer sim. Insistirem no vosso ponto de vista até que a outra parte desista.

Sussurrar "amo-te" porque é sentido e necessário, não apenas porque é moda ou bonito de se dizer ...

 

Acima de tudo, nunca vos apeteceu ...

 

Mandar foder os presunçosos de espírito que acham que tudo sabem e podem ensinar! Que tudo nas suas miseráveis vidas é cristalino e com significado. Quando não passam de um bando de toupeiras cegas e nojentas. Apenas à espera da próxima descarga de saliva que os fará sentir um pouco mais úteis. Como baldes de escarro.





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