Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



Algo me diz que não é bem como me foi tantas vezes  afirmado ao ponto da mentalização. Talvez eu não seja realmente  um doente  incapaz, com uma estranha debilidade mental que me  torna impossivel  lidar com os outros. Tirando, é sempre assim, uma pequena minoria, que não chegaria para encher uma casa. Mas, quanto mais conheço as pessoas mais versado fico na capacidade de pressentir que é nos  ditos normais que noto maior doença mental. São normais porque aceitaram de braços abertos a sua miserável existência, porque calaram a voz muito cedo e nunca desenvolveram sintomas "neuróticos". Como os meus.

 

Mas não creio na normalidade, pelo menos no sentido mais comum. E recuso-me a fazer como fazem outros, ajustar-me a algo que me parece tão anormal. Se isto, para os que sempre me rotularam como neurótico e depressivo, fôr a medida para a minha doença mental, então nada quero fazer para o evitar.

Existirá algo que eu possa ter como meu? Um sentimento? Um momento? Alguma coisa? Quando será que eu vou achar que algo me pertence e que não é apenas uma triste memória? Existirá algo que precise da minha protecção? Uma verdade em segredo que eu possa guardar a sete chaves?

Existirá algum momento em que eu possa estar num qualquer lugar e sentir que pertenço? Que por rasgos eu possa olhar ao redor e sentir que aquele local é meu? Existe algo por aqui, que eu possa ver, consiga respirar e tentar permanecer vivo, pela mera noção de que precisa que eu ali esteja? Existe algo que eu possa realmente chamar meu e nada consiga roubar-mo? Existe algo, alguém?

Tags:

 

"Rejoice, for tonight it is a world that we bury!
Have you beheld the darkness sitting upon the earth
Overshadowing the wind rose, lost in the smoke?
Thus many went astray at once
The others wandered hazardously through endless mazes
The rays of the sun whisper of a newborn fright
And very few horrors in the world could match in terror
The cruelty of that frozen caress and its fragrant secret in blossom

 

Let the rivers of paradise recede to their spring
May their sear beds expel desperate drops of anguish
May these bitter waters quench our thirst
Until the last second of the last hour, forevermore!"  (DSO)

 

 

E alguma vez eu falei da sua beleza? Pois, eu estava errado. Porque afinal, beleza é algo demasiado dócil e de fácil noção. Creio que evoca as expressões das capas de revistas. Uma beleza amorosa e simetricamente harmoniosa. Nada disto simboliza, de facto, a expressão desta mulher. Portanto, talvez eu deva reduzir-me ao que realmente sou e deixar de tentar sequer fazer-lhe sombra com uma palavra que seja.

Ainda assim, creio que devo dizer-lhe que me rasga a alma quando a observo dormindo. Algo vil e escuro toma conta dos meus sentimentos, como se estivesse morto e nunca mais pudesse sentir-lhe a respiração. Deveria mostrar-lhe como muitas vezes tudo o que eu destruo em mim, ela o reconstrói mais forte.

Tags:

É como se uma velha parte nossa despertasse no interior, aterrorizada e inútil na nossa existência e ainda assim intacta de habilidades destructivas. O que fica no presente, nosso e único, a criatura que somos encolhe-se e mira em desespero. Em tristeza. E por vezes, a pessoa que somos, deveríamos ser, mais eléctrica e vagarosa caminhante cheia de certezas, descansa e recua em lágrimas. Resta a parte mais dura e indigesta.

É sempre da mesma maneira, nós cortamos uma coisa que está viva e imensamente bela, para termos a certeza de que está viva e imensamente bela; mas sem qualquer aviso e antes que possamos pensar de novo, não é nem bela nem está viva. E ficamos paralizados, com o sangue nas mãos e as lágrimas nos olhos cerrados. Fica a dôr da culpa e o lamento pelo que foi cometido.

Já alguma vez estiveram apaixonados? Uma coisa terrivel, não é? Uma odiosa vulnerabilidade toma conta de tudo. Abre o peito, rasga cada fibra do corpo e parece ser propositado para que outros esmaguem a nossa alma.

Vejo que a armadura foi forjada, tudo bloqueado e sem aparentes falhas. A resistência está garantida. Então, eis que tudo se esfuma porque uma estúpida pessoa, nada diferente de outras estúpidas criaturas, vagueia na nossa estúpida existência. Oferecemos uma pedaço de nós, que pensamos ser um pequeno nada e que nem sequer nos foi pedido! Mas fizeram qualquer coisa idiota um certo dia, numa determinada hora: como beijar-nos ou fazer-nos sentir a beleza de uma gargalhada. E a vida deixa de ser nossa. A paixão domina, corrói por dentro ao ponto de nos destroçar e deixar no escuro. Tudo o que acontece pode magoar. Magoar a mente, a imaginação. Destroça a alma pedaço a pedaço. Odeio a paixão. E não consigo fugir-lhe ...

Tenho feito uma pequena lista de coisas que a escola não nos ensina. Não nos ensina a apaixonar por outra pessoa. Não nos ensina a melhor forma de sermos famosos. Não existem lições para ser pobre ou rico.

A escola não nos ensina a voltar as costas a quem já nada nos diz e pouco nos importa. Seria importante que a escola nos ensinasse a pressentir a nossa presença na alma dos outros, como sentem a nossa falta e choram na escuridão.

A escola nunca nos ensina que palavras devemos usar para consolar os que se encontram próximos dos braços da morte.

De facto, a escola não nos ensina nada de realmente valioso que valha a pena aprender.

Pág. 1/2





Arquivo

  1. 2024
  2. JAN
  3. FEV
  4. MAR
  5. ABR
  6. MAI
  7. JUN
  8. JUL
  9. AGO
  10. SET
  11. OUT
  12. NOV
  13. DEZ
  14. 2023
  15. JAN
  16. FEV
  17. MAR
  18. ABR
  19. MAI
  20. JUN
  21. JUL
  22. AGO
  23. SET
  24. OUT
  25. NOV
  26. DEZ
  27. 2022
  28. JAN
  29. FEV
  30. MAR
  31. ABR
  32. MAI
  33. JUN
  34. JUL
  35. AGO
  36. SET
  37. OUT
  38. NOV
  39. DEZ
  40. 2021
  41. JAN
  42. FEV
  43. MAR
  44. ABR
  45. MAI
  46. JUN
  47. JUL
  48. AGO
  49. SET
  50. OUT
  51. NOV
  52. DEZ
  53. 2020
  54. JAN
  55. FEV
  56. MAR
  57. ABR
  58. MAI
  59. JUN
  60. JUL
  61. AGO
  62. SET
  63. OUT
  64. NOV
  65. DEZ
  66. 2019
  67. JAN
  68. FEV
  69. MAR
  70. ABR
  71. MAI
  72. JUN
  73. JUL
  74. AGO
  75. SET
  76. OUT
  77. NOV
  78. DEZ
  79. 2018
  80. JAN
  81. FEV
  82. MAR
  83. ABR
  84. MAI
  85. JUN
  86. JUL
  87. AGO
  88. SET
  89. OUT
  90. NOV
  91. DEZ
  92. 2017
  93. JAN
  94. FEV
  95. MAR
  96. ABR
  97. MAI
  98. JUN
  99. JUL
  100. AGO
  101. SET
  102. OUT
  103. NOV
  104. DEZ
  105. 2016
  106. JAN
  107. FEV
  108. MAR
  109. ABR
  110. MAI
  111. JUN
  112. JUL
  113. AGO
  114. SET
  115. OUT
  116. NOV
  117. DEZ
  118. 2015
  119. JAN
  120. FEV
  121. MAR
  122. ABR
  123. MAI
  124. JUN
  125. JUL
  126. AGO
  127. SET
  128. OUT
  129. NOV
  130. DEZ
  131. 2014
  132. JAN
  133. FEV
  134. MAR
  135. ABR
  136. MAI
  137. JUN
  138. JUL
  139. AGO
  140. SET
  141. OUT
  142. NOV
  143. DEZ
  144. 2013
  145. JAN
  146. FEV
  147. MAR
  148. ABR
  149. MAI
  150. JUN
  151. JUL
  152. AGO
  153. SET
  154. OUT
  155. NOV
  156. DEZ
  157. 2012
  158. JAN
  159. FEV
  160. MAR
  161. ABR
  162. MAI
  163. JUN
  164. JUL
  165. AGO
  166. SET
  167. OUT
  168. NOV
  169. DEZ
  170. 2011
  171. JAN
  172. FEV
  173. MAR
  174. ABR
  175. MAI
  176. JUN
  177. JUL
  178. AGO
  179. SET
  180. OUT
  181. NOV
  182. DEZ


topo | Blogs

Layout - Gaffe