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Se, para voltar  a sentir o cheiro dos teus cabelos longos e negros e o teu riso de dentes brancos e lábios vermelhos, eu tiver de perder a luz do sol e permanecer sob a luz das velas, assim será feito. Eu posso viver apenas com a luz da lua e longe do calor, se assim for necessário para descansar em cima do teu peito.

Se, para continuar a viver apenas em tua companhia os dias que me restam antes  de tudo terminar, eu tiver de jurar e escrever com o meu próprio sangue nas paredes, sabes que serei louco o suficiente para o fazer, porque afinal, sei que a loucura tambem há muito te possuiu. Só assim consigo justificar o que sentes por mim. Na verdade, uma parte de mim pertence ao teu corpo. Uma réstia de sanidade que se reflecte nos teus vestidos negros. Na candura das tuas mãos.

E será desejar demais, querer juntar a minha solidão à companhia das tuas palavras?

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É um estranho fogo a consumir certas pessoas. Um olhar basta para que eu possa deduzir e depois confirmar. Por vezes, os olhos são um poço de nada onde nem sequer um pingo de tristeza transparece ... quanto mais um assomo de alegria. Não deveria importar-me com isso, mas realmente faz parte desta minha maldita natureza observadora!

Outras vezes, arrastam-se em movimentos de morte-viva. Por estes momentos, tão só e apenas por estes minutos, eu consigo distinguir uma escuridão que nada tem de benigno. Antes existe um braço para um qualquer abismo pessoal, onde nada está bem. Onde, por muito que o exterior queira transmitir um "tudo vai ficar bem", apenas reside uma canção sinistra de desespero surdo. Porque as promessas de amor ao próximo são aquela imunda ilusão que se pretende que viva e arda em cada coração. Porque algures, houve quem jurasse a pés juntos amor à criança que permanece num ventre desesperado por esperança. Mas depois, fica o sabor amargo da palavra "puta" e a morte das chamadas que não são atendidas e o dinheiro que não volta ao banco.

Somos criaturas de hábitos imundos. Alimentamos a nossa vaidade num pressuposto de caridade para com os outros. Não queremos reconhecer ou conceber a ideia de que uma criança sujeita à nossa imundice pessoal irá ser o nosso espelho e carrasco. Por vezes pior, muito pior. E a visão torna-se desfocada, quando a criança se senta em frente a nós hirta e temerosa; nos olhos existe aquela distância e sabedoria que ocupa um lugar destacado na pergunta - "sabes o que é a miséria?".

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Tudo se tornou mais fácil quando me apercebi que o mundo não gira à minha volta. Depressa tudo se tornou mais fácil de compreender, mesmo que se tenha tornado difícil aceitar. Desde logo, o sol não representa qualquer cura de calor humano e a escuridão é muito mais amiga do que alguma vez eu suspeitara. A minha psique deixou de se querer expressar por palavras como "amor", "encanto" ou "medo". Não porque não consiga amar como qualquer outra criatura. Não porque não me sinta encantado, antes pelo contrário: um dos meus maiores defeitos é apaixonar-me e encantar-me. E o medo deixou de ser um obstáculo. Apenas descansei sobre esta noção. Amar dói e nem sequer é realmente essencial à minha vida. É nesta minha paixão que reside uma certa transcêndencia. O que realmente me deixa um travo de necessidade e importância. E também é muito dolorosa, uma fonte inesgotável de ódio aos que acham que a paixão cura e mitiga.

Odiar? ...

Significa ainda hoje sobreviver. Bem sei que este sentimento provoca contradições e nojo aos que acham que tudo se resolve num momento de esclarecimento absoluto. Aquele momento em que se acha tudo saber em relação a tudo. Onde até pensamos conhecer os batimentos cardíacos de uma paixão, até concluirmos que não. Que a verdade se limitou a vergar-nos e a abusar de nós. Odeio essa noção e impossibilidade de lutar contra certas condições. No entanto, não consigo deixar de pensar como é irónica a vida, o mero conceito de odiar o que me rodeia carrega-me de força. Como pode uma emoção tão intensa vir de uma paixão e manter-me vivo?

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“Stupidity—The top of the list for Satanic Sins. The Cardinal Sin of Satanism. It’s too bad that stupidity isn’t painful. Ignorance is one thing, but our society thrives increasingly on stupidity. It depends on people going along with whatever they are told. The media promotes a cultivated stupidity as a posture that is not only acceptable but laudable. Satanists must learn to see through the tricks and cannot afford to be stupid.”  

Anton LaVey

 

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Existe uma abissal diferença entre a minha solidão, tantas vezes por mim mesmo imposta, e aquela a que a necessidade  me impõe. Eu não tenho receio de estar completamente só, porque tal se tornou uma segunda pele. Uma linha de defesa que permanece nos momentos mais severos da minha vida. Creio que por muito que as pessoas pensem,  torna-se  primordial estar só e avaliar o que me rodeia. Não apenas por egoísmo ou castração mental, mas porque a minha necessidade de pensar não se alia ás multidões e aos ruídos que preenchem o dia a dia.

Porém, existe um ponto de desalinho em todos estes dias. A noção de imperfeição e necessidade. Um pequeno pedaço da minha vida que permanece a um canto da minha alma. Uma negra falta que se transforma em solidão que não é bem vinda. Um quase choro que me atravessa a cabeça, pela ausência da voz e do riso. Por uns olhos que não precisam de falar e ainda assim, tudo, mas tudo dizem. Estes são os meus sintomas de falta de adaptação, a minha necessidade que me impele a viajar de um país para outro, nem que seja por escassas horas. Ás vezes apenas para escutar a voz e o choro abafado de quem não me quer deixar regressar. Eu sei de viva voz, de coração e alma que é assim o meu inferno pessoal! Que por isso a minha cabeça vacila e não aceito o meu presente.

 

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