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Ao fita-lo, em voo rasante sobre a minha cabeça, voltei a tomar a consciência do que já sei, mas por vezes esqueço: a minha condição humana.
A noção clara e muito cruel, de que todos os meus esforços de superação são inúteis. E olha-lo, sabendo que me ignora, serve de suprema ironia! De que serve caminhar? Ter tudo. E nada possuir. A não ser a minha consciência, também essa muitas vezes, senhora de si. Sem que possa impedi-la. E ficar pasmado. Aterrado e de boca aberta. De olhos semicerrados, como que cego por luz extrema. É isto, a que chamo vergar. Ao fita-lo lá em cima, senti toda a minha impotência. Todo o meu peso ridículo sobre esta gravidade. Esta imunda terra! Solo que me prende!
O vazio que se instala em mim, é tão pungente, tão medonho, que nessa hora, num acesso de loucura, poderia findar os meus dias. Ali.
Mas, porque sou grotesco e sem respeito por mim próprio, baixei a cabeça. Envergonhado. Descaí os ombros, e continuei. Mesmo sem o ver, desvanecido no céu nocturno, consegui senti-lo. E, raro e bizarro, uma lágrima colou-se aos meus lábios...