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Cantico della dea
(999)
São estranhos, certos fogos que nos consomem. Rapaces no seu sossego escondido, necessitam, imploram por alimento. Para alguns são uma mãe serena em dias mais escuros. Um ventre de alabastro onde se repousam sonhos e descansam preces silenciosas. É possível que se viaje também entre labirintos e compassos, mas o que consome arde sem ruído. É distância.
Outros são fogos incandescentes, fogueiras de São Vito que transformam a alquimia das almas. Inspiram o espaço onde faltam deuses, encharcando-o no ópio dos estados d´alma; é música quando expirada para pacificar a dor e uma soberana liberdade de si para si. Pessoal e supremamente egoísta.
Os animais mais vitais conhecem estes fogos. Nem sempre ardem chamados pelas chamas. Muitas são as vezes em que é a paixão a alimentar o mais tenebroso dos fogos. São a mescalina turva e doce dos desejos mais negros. Palavras, gestos e expressões que apenas servem o propósito sussurrado da fragilidade envelhecida.
Ou fogos de consumo tão imenso que permanecem. Não se apagam. Deslumbram o juízo mais escuro. É com estes arquétipos que se procuram sonhos e vozes. E ainda que fugazes, são o espanto das noites de desejo mal dormido. Revelam-se em impossibilidades e crenças sempre acesas de utopia.