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Sou egoísta por opção. Não por nascimento. Escolhi ser egoísta, por oposição à habitual tralha dramática e socialmente aceite do pomposamente chamado altruísmo.
Vivo numa sociedade que se alimenta e bebe de influências passadas. Com séculos de maquinação e imposição de preceitos dogmáticos. Fui habituado, desde que nasci, a ver o egoísmo como negativo. Ser egoísta é apenas pensar em mim próprio. É não ser solidário e desejar apenas o que me interessa. Forçaram-me a agir de acordo com um facto: devo passar a minha vida a preocupar-me primeiro com os outros e apenas depois, comigo próprio. Ou seja, pelo resto do colectivo, devo deixar que a minha integridade e individualidade seja desprezada e lançada no caixote do lixo.
Mudei. Tenho vindo a esforçar-me para mudar. Apenas quando comecei a pensar realmente em mim, é que deixei de ser escravo do que me rodeia. E para essa efeito, escravo até das minhas obsessões.
Ser egoísta é apenas e não só pensar em mim. Mais importante, é dar primazia ao que amo. Ao que dou importância. Assim, serei criticado, mas eu dou relevo e importância a um determinado numero de pessoas e suas respectivas acções. Em detrimento do global.
O altruísmo implicaria que em nome de um rebanho inteiro eu deixasse uma ou duas criaturas ao abandono. Afinal, de que servem individúos isolados em relação ao grupo? Não comigo, lamento. Se eu tivesse hipótese de salvar apenas um lado, a pessoa(as) que amo ou um outro, uma comunidade inteira de criaturas que desconheço e que nunca me trouxeram qualquer paz de espírito, não hesitaria. Seria egoísta e colocaria quem amo em salvação. Não sou altruísta. Não acredito nesse conceito.
Egoísmo não é apenas querer ter mais e muito mais. Este é um conceito difundido por religiões e governos, para manter uma cultura. Ser egoísta e pensar por mim. É dar valor ao que eu acho importante. Assim respeito os outros e a mim próprio.
Sou egoísta por convicção. Dou valor ao que acredito. Sou leal e íntegro com as minhas ideias. Quero proteger quem é importante na minha vida. Se puder ajudar quem tem um valor inestimável para mim, assim farei. Mesmo que me seja pedido o contrário. Se tiver de escolher entre salvar um ou doar dinheiro para salvar muitos, escolherei salvar quem amo.
Sou egoísta, de facto. Porque vivo por convicções realistas. Não por sonhos de altruísmo mentiroso e irreal.
Depois, note-se, eu não me sacrifico se salvar quem amo. Antes pelo contrário, sinto-me feliz e realizado. E deixo outra pessoa feliz. Este desejo de salvar alguém que se ama e que é importante para nós é profundamente egoísta. Mas será errado?
Por ordem do altruísmo, o meu primeiro pensamento quendo me ergo será como irei eu ser útil à sociedade? O que fazer para servir a comunidade? Acima de mim, estão os outros. Se calhar, até no cão da vizinha tenho de pensar primeiro!
Pelo meu egoísmo, ao erguer-me, asseguro-me que quem me ama e o demonstra todos os dias, se encontra bem. Protegida e forte de espírito. Procuro a sua companhia e dou tudo o que tenho. Dou importância ao meu e ao seu bem estar pessoal. Quem não conheço ou nunca fez nada por mim, não importa.
O meu trabalho e as minhas convicções, pode pensar-se são para servir a sociedade. Não. Servem um outro princípio. O meu. Só meu.