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São prolíficas, as palavras: que escreve e escreve em amor ao próximo. Gosta de matraquear expressões e criações irreais. Tem talento, adora
brincar com elas - as palavras. Mas precisa de adulação e veneração, que de facto, um pequeno número de seguidores e seguidoras lhe concede.
Escreve e escreve. Ocorrem de imediato. Sorvendo banalidades e intromissões.
Mas é nas cantigas de cordel que esfrega o ego. Em sílabas e lamentos, recorda como são injustas e torpes ... certas espécies. Cultiva arrogância e pressunção, disfarçando-se por trás de altares de nobreza altruísta. Não aceita nos outros o que lhe está cozido na alma. Pedantismo escondido. Odiosa máscara.
O artista sabe de certas minorias. Dos que não suportam o que escreve. Daquele número reduzido de chacais que lhe fareja a mentira e a dissimulação. Eles têm lepra na alma. Estão podres de inveja do seu talento. Porque tem talento, não? Senão, porque lhe alimentariam os seus amigos a chama egocêntrica e vaidosa?
O artista não acredita nessa minoria de chacais. Não se assume pelo que é. Idiota e cego. E tantas vezes rídiculo!
E portanto, muitas são as suas companhias de palavra. Moldando-se uns com outros. Tornando-se iguais. Vinho da mesma cepa. Pedaço da mesma arte abstracta.
Assim derrama estranhos portentos verbais. Inventando escuridão e universos onde nunca penetrou. Apenas pode sonhar. Escreve solto e audaz, mas perdido como um cão sarnento. Cego e ás advinhas. Apalpando, ignorante e sem pinga de originalidade, o artista imita.
Ah, o artista tem sempre companhia nos desamparos! Elogios melodramáticos e mãos para coçar a sarna da sua criatividade! Que uma reles corja de descrentes duvide, é lá com eles. São uma abominação ás suas ilusões. Ele é que sabe. É o grande criador de arte absurda.