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Tantas são as vezes que se professam ideias e crenças, que viver em oposição é praticamente impossivel. Não deveria haver qualquer necessidade de explicar como se dá mais valor à existência individual quando passamos por períodos de privação. Aceitar certos agentes de tormento parece ser estigma. Ou antes, estranha inclinação humana. O sofrimento é mais depressa recordado do que os dias felizes o são. Mesmo que se discorde. Os dias felizes fazem certas pessoas sorrir. Sim, aquela doce sensação de candura. Os dias de sofrimento marcam. Deixam espaços negros e ficam permanentemente fundidos na alma. Pelo menos comigo.
Comparo muitas das situações vividas e que frequentemente ainda vivo, com olhos extremamente atentos. E nos dias de sofrimento - chamem-lhe aberrante dom - é muito fácil sentir como a vida é: um ferrolho que quando aberto se revela implacável. Eis pois certos dias. Há quem os compare a um fogo que arde sem se ver. Pois queima e rasga. Também existe quem se deixe levar, por uma noção de impossibilidade de lidar com isso. Eu? Em certos dias, quando nem em escuridão consigo pensar, sinto-me como que em união. Um unir a uma lâmina. Conheço quem me diga que pelo gume afiado se liberta a dôr. Creio que sim. Que o sufoco se torna mais suave, quando rasgo certas convicções.
A dôr é vida. Após um pico de dôr, olhamos para o mundo de outra forma.
Talvez os dias de feclicidade sejam o que todos ambicionamos. O problema é que mesmo quando exprimentamos a felicidade de um sorriso sincero ou de um acto generoso, há uma escuridão interior em nós. Que professa a necessidade de estarmos atentos. A felicidade é uma migalha. Coma-se. Consuma-se rápidamente! Esteja-se preparado, pois a dôr está à espera.