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" Entra, a eternidade espera-te,"

Disseste-me, num sussurro respirado. Sozinho, segui-te. Mesmo antecipando a minha derrota. Nas tuas palavras.

Descansar. Preciso de dormir. Descansar e morrer. Apagando a única falha que nunca consegui ultrapassar. A minha própria voz.

 

Um beijo teu, frio consolo. Mas respiro, porque respiro ainda?

Seguir em escuridão. Porque os dias dexaram de ser brilhantes e a noite chama. Graciosa. Mendigando a minha companhia.

Não vejo. Eternidade é isto? Solidão invernal? Desespero sem morte?

 

Já me calei.

É quase meia-noite. Ou não? Quero que me digas. Pela tua voz. Por tuas palavras.

Não é próprio que chore. Não. Não, quando quero dormir.

Dá-me asas. É só. Mesmo que de insecto sejam. Não me envergonhes, solta-me.

Mata-me.

 

Porque me encantas com essa canção? Diz.

Porque me inventas de novo? Fala.

Eis porque me abomino. Da prisão onde estou só resta isto.

Abominação. Numa concha de lembranças.







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