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Nihiilismo ...

 

"Quando os oprimidos, espezinhados, violentados, dizem a si mesmos,
movidos pela vingativa astúcia da impotência: 'Sejamos diferentes dos maus,
sejamos, precisamente, bons! E bom é todo aquele que não violenta nem fere
ninguém, que não agride, que não se desagrava, que deixa a vingança a Deus,
aquele que, como nós, se mantém escondido, se desvia de todo o mal e pouco pede
à vida, tal como nós, os pacientes, os humildes, os justos' - isto, se ouvido de
modo frio e sem prevenções, não significa outra coisa senão: 'O fato é que nós,
os fracos, somos fracos; é bom que não façamos nada daquilo para o que não somos
suficientemente fortes.'" Nietzsche

 

"Os homens mais inteligentes, sendo os mais fortes, encontram sua
felicidade onde outros encontrariam apenas desastre: no labirinto." Nietzsche

 

"O Principal conhecimento que se adquire lendo livros é o de que poucos
livros merecem ser lidos." Mencken

 

"Como não haveria de ser eu um Lobo da Estepe e um mísero eremita em meio
de um mundo de cujos objetivos não compartilho, cuja alegria não me diz
respeito?! Não consigo permanecer por muito tempo num teatro ou num cinema. Mal
posso ler um jornal, raramente leio um livro moderno. Não sei que prazeres e
alegrias levam as pessoas a trens e hotéis superlotados, aos cafés abarrotados,
com sua música sufocante e vulgar, aos bares e espetáculos de variedades, às
feiras mundiais, aos Corsos. Não entendo nem compartilho essas alegrias, embora
estejam ao meu alcance, pelas quais milhares de outros tanto anseiam."
Hermann Hesse

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Texto de Alex Castro



"Confesso: eu acredito viver no melhor universo possível.

Não suportaria existir em um universo regido por uma força divina misteriosa e caprichosa.

Não suportaria saber que minha alma viverá eternamente, em eterno prazer ou sofrimento, baseado no que fiz ou deixei de fazer nesses poucos anos terrenos, e com base em critérios inescrutáveis.

Não suportaria saber que vou seguir nascendo e renascendo, quase que infinitamente, mas sem lembrar de nada!

Se existe deus, então a vida não tem nenhum sentido. Quem tem sentido é deus e o nosso sentido provém dele. Não somos mais do que suas cobaias, manipulados daqui pra lá, correndo como hamsters naquelas rodinhas, ignorantes de seus verdadeiros propósitos. Ao seu bel-prazer, somos mortos, escravizados, santificados, até mesmo afogados em massa, quando falha o experimento.

Se existe deus, então todos os esforços da humanidade para se entender e se auto-gerir, toda a ciência e toda a filosofia, de nada valem. Se existe deus, então não existe ética ou moralidade: somente adequção ou não às regras impostas pela divindade.

Se existe deus e temos o livre-arbítrio, então o arbítrio de livre não tem nada, é uma dádiva da qual só desfrutamos porque nos foi concedida e pode ser tirada tão facilmente quanto.

Já disseram que, se deus não existe, então tudo é permitido. Mas se deus existe, por outro lado, então não vale a pena fazer nada, pois nada faz sentido."

 

Nota: não resisti a publicar este texto.

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“As minhas experiências concedem-me o direito de desconfiar, de um modo geral, dos chamados instintos «desinteressados», «do amor ao próximo» sempre disposto a socorrer e a dar conselhos.”
Friedrich Nietzsche (Ecce Homo)

 

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Segundo rezam testemunhas presentes, na cara do homem havia um largo sorriso e um estranho brilho nos olhos castanhos: colocara finalmente um fim, à solidão de uma vida.

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“A mentira mais frequente é aquela que alguém faz a si próprio; mentir aos outros é um caso relativamente excepcional.”
Friedrich Nietzsche (O Anticristo)


“Quem é que tem razões para sair da realidade através duma mentira? Só aquele a quem a realidade faz sofrer.”
Friedrich Nietzsche (O Anticristo)

“O que um teólogo tem por verdadeiro deve ser falso: é quase um critério de verdade.”
Friedrich Nietzsche (O Anticristo)

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O local amaldiçoado onde o cristianismo chocou seus ovos de basilisco deve ser demolido e transformado no lugar mais infame da Terra, constituirá motivo de pavor para a posteridade. Lá devem ser criadas cobras venenosas. — Nietzsche, O Anticristo

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MANHÃ : o dia nunca mais tem fim. Não há maneira de te voltar a ver. É possivel ficar louco de saudade!

 

 

 

NOITE : passa tão depressa! Respirar o ar que respiras. Sentir, finalmente, o cetim do teu corpo!

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O gordo sentou-se no banco de ferro (que estalou ruidosamente), em frente à enorme janela de vidro transparente.

Do lugar que ocupava, podia observar a enorme pista do aeroporto, com pelo menos, 3  enormes aviões ali estacionados.

Sabia, desde logo, das dificuldades em deslocar-se. Andar alguns passos, mesmo em linha direita, era o que era. Imagine-se só, subir a escada de ferro para entrar no avião!

E depois, e isto era o pior, era ao sentar-se. Nas frequentes viagens que fazia, tinha sempre de comprar 2  lugares! Sim, porque como hipópotamo que era, nunca podia levar companhia! Aliás, qual companhia? A solidão era um refúgio e uma maldição. De gordo, diga-se.

 

Sabia, estranhamente tolerante, dos olhares e dos sussurros. Dos que torciam o nariz pelo cheiro a suor que regularmente habitava o seu corpo.

Desejava perder peso. Mil dietas fizera. Sacrifícios? Foram sem conta! Para quê?...

Mas o que  mais custava era a solidão. Estar só a todas as horas. Acordar e ser cada vez mais difícil erguer-se pelo seu esforço. Jantar. Almoçar. Só.

As horas passadas sentado a olhar para o quadrado chamado televisão. As viagens frequentes á cozinha...

 

Absorto, baloiçando o pés acima do solo, o gordo entrelaça os dedos largos. Uma grossa pinga de suor quente e salgado, escorre pela testa saliente. Os olhos castanhos estão perdidos para longe. Esquecido, subitamente, de tudo. O sol através do vido largo, trespassa o pensamento.

Por vezes, lançado num labirinto sem fim, o gordo perde-se. Mais uma razão para pôr defeitos!

Mas agora é diferente. Agora sente uma estranha alergia à vida. Desespero que se torna razão. Razão que se torna lógica. Cristalina.

 

Salta do banco com um ruido vago. Enquanto caminha em direcção ao amontoado de gente que junta na porta de acesso ao cais de embarque.

A mão direita, áspera e húmida, vai para dentro do bolso do casaco.

Nos olhos a lógica cristalina. Na mão direita, gorda e vermelha, uma pistola.

 

A felicidade residia, tão só, em manter-se vivo.

Era apenas o simples gesto de inalar o ar (mesmo que muito poluído!) e deita-lo fora. Reflexo de um acto normal a qualquer ser que vive.

Poder sentar-se na cadeira almofadada, esbranquiçada e gasta por anos  e anos de uso, ali, junto aquela janela aberta por onde entravam

manifestos dos dias que passavam, ora em raios brilhantes e cristalinos, ora em gordas tonalidades cinza.

 

Permanecer neste mundo à parte olhando o céu opaco. As mãos de dedos finos e ossudos, envolvendo a bengala à frente do corpo.

Ombros levantados, afogando o pescoço doente. Cabelo desnivelado e tão branco que gelava o olhar!

Nos olhos sonhadores e fixativos para um horizonte intransponível, a revelação única: não voltar a acordar.

 

Ali, na cadeira junto ao parapeito de pedra da janela escancarada para o lado de fora, muitas foram as vezes que o vi estender o braço para o lado . Para quê? Não sei.

A verdade é que esticava os dedos de uma mão, enquanto segurava a bengala com outra, como que atendendo ao chamamento de alguem.

Como se uma mãe chamasse pela sua cria e esta atendesse.

 

Perdi-o de vista. Apenas alguns dias. E fugiu-me.

Voltei ao local, à sala quadrada, já o não vi.

Só a cadeira escura e gasta lá está. A janela com o seu parapeito de pedra, fechada.

 

"Há sempre muitos inimigos. Mas acabam  todos por se reunir apenas  num: naquele

que nos diz como devemos pensar."

in. Norman Mailer






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