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Uma vez, apenas uma vez na vida, não se olhe para a escuridão como nefasta e maligna.
Na noite escura como breu não se caminha de olhos fechados e mãos estendidas e trémulas.
A luz, irmã sensível e iluminadora de caminhos, queima e derrete a fina membrana que cobre a alma. Pelo escuro caminham os que já há tanto tempo apaziguaram a sua alma!
A serpente que rasteja, nobre em intenções e maculada pelo prejuízo dos santos, apenas faz companhía ao gato negro. Astuto e maravilhoso ser que vê para além da visão. Que na noite escura caminha silencioso. Ciente da sua estranha magia.
O amor torna-se pleno e sonhador na escuridão densa.
A luz, desperdiçada pelo dia e tão venerada pela clareza dos traços, mais não é que cegueira que provoca as rugas severas dos santos.
Caminhar por uma qualquer eira, no escuro agreste e húmido, sentindo apenas os paços de botas que pesam, é verdadeiramente, estar em união com a existência pessoal.
Residem nos traços negros da noite as notas que fazem vibrar a alma do sonhador. Onde caminham os pecadores deste mundo ingrato e servo?
Por onde regressam os que pensam, afastados da luz, que a verdadeira felicidade reside na noite? No escuro.
Poetas e filósofos assim amaram. Os que que anseiam pela pedra filosofal que trará o conhecimento eterno, alimentam a escuridão.
Tento apenas uma vez. Apenas uma vez na vida. Ver de olhos fechados. Com a alma.
Deixei, há muito tempo, de ter necessidade de agradar a quem quer que seja.
Talvez resida neste ponto, o caminho que escolhi e que todos os dias tento trilhar para poder eventualmente, encontrar a minha chama de paz.
E neste estranho alimento pessoal, encontro espaço para amar quem me ama e tentar que sejam felizes. Sem nunca me afastar do meus horizontes.
"Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar."
(Carl Sagan)
"O primeiro pecado da humanidade foi a fé; a primeira virtude foi a dúvida."
(Carl Sagan)
“Eu sou ateu, sou sim. Levei um longo tempo para dizer isso. Eu tenho sido um ateu por anos e anos, mas de algum modo eu senti que era intelectualmente inaceitável dizer que alguém é um ateu, porque isso assumia um conhecimento que ninguém tem. De algum modo era melhor dizer que alguém era um humanista ou agnóstico. Eu não tenho a evidência para provar que Deus não existe, mas eu suspeito tanto que ele não existe que eu não quero perder meu tempo.”
Isaac Asimov
“Desde que o universo tenha um começo, podemos supor que ele teve um criador. Mas se o universo é completamente auto-contido, não tendo fronteiras ou bordas, ele não seria nem criado nem destruído… Ele simplesmente seria. Que lugar há, então, para um criador?”
Stephen W. Hawking, cientista Inglês
“‘Superstição’… que palavra estranha esta! Se a gente acredita no bom Deus, isto se chama ‘ter fé’, mas se a gente acredita em astrologia ou na sexta-feira 13, o nome muda para ‘superstição!’”.
Sofia Amundsen
E POR FIM, O GRANDE SARAMAGO :
“Deus existiu sempre? Que é sempre? Deus criou-se a si próprio para depois começar a criar o universo? Onde é que estava deus quando se criou a si próprio? E como é que alguém se cria a si próprio? Do nada, passando do nada ao ser? Se o nada existiu, tudo que veio depois estava contido no nada. Mas se estava contido no nada, então o nada não existia.”
“Se deus existe e criou o homem há não sei quantos milhões de anos, o que é que ele fez desde então?”
A beleza é frágil. O tempo, tirano consumado, dela toma posse. Deixa, por breves instantes, que são anos a passar depressa, que a olhemos e dela tiremos satisfação.
Olho-te junto à cama. Na penumbra a tua pele brilha. Os teus braços e as tuas pernas, agitam-se suavemente. O teu peito, onde tantas vezes encontro paz e abrigo, sobe e desce em harmonia com os teus suspiros, estranhamente sensuais e que envolvem a minha adoração.
Na noite, lá longe ficou o ruído maquinal da rotina. Não sei rezar e por isso, de ti fiz o meu anjo. Sem asas, ainda assim pairas sobre mim. Delicada e querida.
No silêncio desta sombra sem luz, fácil se torna sentir-me pequeno. Criança na escuridão. Que de ti, apenas espera um olhar sereno.