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Nesta vontade de ficar estático, me quedo
agora, por meras ilusões
aqui devo ficar, impossivel que é
ultrapassar o fio dos dias,
E tão tristes se tornam, amargos
sem a doce carícia do teu sorriso
tonto e em letargia, desfaço
o que já desconstrui,
Num golpe, arte em movimento
o meu torso te acolhe
o sangue jorra, para que
me sintas em vida,
Saltar acima,mais além
por onde apenas as aves se aventuram
trespassar um muro de desilusões
por mim criadas, apenas por mim,
Posso tentar gritar,
abafar o mortal sorriso
assim me converter em asas
porque o céu nunca foi meu, apenas o vislumbro
Arrasto-me, padecendo vazio
sacrifico a minha sanidade
apenas por ti,
por um sorriso, ainda que desolado
Afinal, ao meu corpo te chegas
por fim, em mim descansas
já quando o cansaço atormenta
podes descansar, velarei por ti ...
"Faço desta breve fuga à realidade, um rasgo. Uma visão que cega. Antes de assumir o meu devido lugar. O de grotesca criatura com um tempo de vida definido, por genes e por cansaço. Seria a morte ideal, o fim completo. Finalmente conhecer a verdade absoluta. Intocada. Imaculada. Seria ver. Finalmente saber o que é a perfeição."
Finalmente, um pequeno momento de loucura. Que possa ter sido tão breve com esta vontade de tudo rasgar. E de novo começar. Mora nesta veia profana e desmedida, a virtude de querer. Tudo. E nada poder possuir.
Inconcebíveis se tornam os dias em que não tocamos nesta loucura. Em que não rasgamos a nossa diáfana inocência. Matando-a. Poder fazer disso a miragem perfeita. Tornar a ser livre. Triste impossibilidade!
Tamanho tesouro, este. Fugir e defletir a tarefa dos dias que não terminam. Prosseguem. Sem pausa. Sem piedade. Morrer sem saber o que é ser a própria sombra? Haverá pior castigo? Saber que nunca serei perfeito. Harmonioso. Num paradoxo absoluto. Nesta irracionalidade chamada perfeição, medir essa mesma dor e sorrir. Ao falhar a perfeição.
Faço desta breve fuga à realidade, um rasgo. Uma visão que cega. Antes de assumir o meu devido lugar. O de grotesca criatura com um tempo de vida definido, por genes e por cansaço. Seria a morte ideal, o fim completo. Finalmente conhecer a verdade absoluta. Intocada. Imaculada. Seria ver. Finalmente saber o que é a perfeição.
... Nessa tua natureza passa a minha entrega
Em manhãs de névoa e prostração
Sentir que és minha, é transcêndencia vital
Porque nesse teu vigor, resta a minha força
Onde posso rastejar e emudecer, por tuas
meras acções
... Na chuva que caí, sinto o alimento
Que de tanto padecer, se torna teu
Por um olhar teu, me afasto do caminho
Reverência, portento de criatura, és
Nua,
Breve,
Sinuosa, tormento meu
... Envolto nesta dor,
Sem precisar do mundo
Só de ti, minha fonte
Senhora desta minha raça,
Aviltado em dúvidas
Afinal nada mais do que turvas visões
... É nesta escuridão
Tão plena escuridão
Que me tens, porque não te fujo
Exausto de tudo e todos
No teu corpo jaz a minha harmonia
Na tua alma planto as minhas angústias
... Porque ainda não me fui desta existência?
Por ti, despojada de veneno e morte
Por luas e eras envolta na minha sina
Nas minhas perguntas, respondes
Que comigo queres terminar a tua vida
... Porque te tornas cruel assim?
Aos meus olhos não te mereço!
Nem uma réstia de existência tua
Deveria pousar em mim,
Tenebrosa figura, que apenas se contorce
E apenas deseja,
O que só tu me dás.
... Anseio ainda,
Cada vez mais,
Quando na noite dizes,
Olhos nos olhos,
Sou tua, tu és meu,
Nas tuas mãos, a minha dor
Esvai-se, tão só isso
... Admito, nunca a mereci
Nunca a merecerei,
Pelas horas e dias
Pelas soturnas palavras, sussurros
Pela beleza, paixão desmedida
Por estar ao meu lado, firme
E por me deixar proferir aos seus ouvidos,
... És minha, sou teu.
Desligar este botão. Um leve toque. Para poder apagar toda a mentira. Toda as verdades vestidas de virtudes. Amontoadas de estranhas noções. Que apenas visam afastar o medo da realidade. Tanto insisto nisto! Acabarei por me tornar descabido. Porque grotesco já o sou. Pelo menos aos olhos da turba de rebanho. Recusei a personagem do afago sentimental? Isso não se recusa. Cultiva-se. Obriga-se. Não chego a ser dessa educação. Fútil que sou. Segundo exclamam os bem pensantes! Se calhar é esse o caminho para a glória total: Mando-te amizade. Beijos e desejo-te uma excelente semana. Já agora, trato-te com reverência e excessivo respeito. Senão nunca mais me elogias. Se não vais odiar-me.
Não posso! A sério. A vida é demasiado curta para pensar sequer nessa displicência de maneiras. Pois se me dizem que só escrevo o que incomoda! Vergado estou à desvirtude de me estar borrifando para o que de mim pensam.
Mas não sou mentiroso.Quando gosto isso torna-se único. Nunca sou desleal. Digo o que penso. Assim sou em tudo. Até com o vosso Deus: lá estou eu! O ateu desmiolado. Só diz asneiras.
Por isso, não desejo boas férias a ninguém. Nem bom fim-de-semana. Nem beijinhos. Nem chamo ninguém de amigo. E muitos menos sou o vosso todo-o-terreno. Sempre pronto a acudir.
Mas sou autêntico. Eu. E veja-se, espanto! Pelos vistos, existem alguns energúmenos me acompanham. E gostam de rir de si próprios. Bonito!
Na forma, uma visão
garante de um prosperidade mental
Que mais não é do que
uma negação de escolhas,
Sussurros, gemidos
lenta deflagração de sensações
Na dor de uma sujeição, jaz a morte
onde certezas que deveriam ser encontradas
Apenas se perderam
Punhos cerrados, raiva surda
distorcida que está a razão
Fica a pergunta
que sou eu?
A resposta já se foi, porque não me sinto
Das pequenas coisas que perdemos
insignificantes e abjectas
Nos tornamos dependentes,
para voltarmos a ser unos, nós próprios
Não prometer, garantir
quaisquer mágoas com quem sofre
Sentido de individualidade,
porque te negaste a escolha, a tua
fuga para razão.
Para mim, os regressos são sempre díficeis. Tantas vezes tento compreender porque regressamos a algo. Porque insistimos em faze-lo. Manter uma recordação. Uma vontade de regressar a uma emoção. Vontades provocadas por sensações. Pessoas. Locais.
Regressar aquele local específico nunca me deveria trazer vontade. Não deveria querer voltar a pisar aquela terra. Ver aquelas águas. Sentir aquele frio. Acima de tudo porque naquele local me confronto a mim mesmo. Tomo conhecimento das minhas mais recônditas fraquezas. Do facto inapelável de que por mais que me agigante ou tente prosseguir, os obstáculos são cada vez mais extensos.
Ver aquela água quase a tocar nos meus pés, aquele cinzento do céu e o silêncio, apenas perfurado pela ondulação, é como estar num mundo à parte. Aqui vim e venho muitas vezes. Contemplar. Tentar perceber. E de dentro de mim, apenas saí o que nunca quero que escape. Aterrador. Esmagador. Regressar a este local é uma espécie de morte pessoal. E renascimento. É a procura de uma calma. Mas encontrar uma tempestade. Dizes-me, muitas vezes, que sou um caçador de tempesdades. Que nada se tranquiliza, uma vez que lhe ponho os olhos. Regressar a este leito, talvez seja como dizes. Mas a razão e o meu instinto insistem em tentar provar que estás errada. Pelo menos nisto.
Será um acto insufismável de cariz pessoal. Este regressar. A este vazio e a este universo. Tão longe de tudo. Mesmo que se cravem fundo, as memórias de outrora. Pregos na consciência. Todos padecemos. Ainda que seja avassaladora, a constrição que tais recordações causam, no meu caso, é impossivel aqui não regressar. E aqui, poucas vezes raia o sol. É como se a Natureza tivesse criado este local para poder chorar. Longe de tudo.
E se apenas a uns poucos, os verdadeiros escolhidos, fosse permitido aqui pisar? Poderei eu ansiar isso?
Porque continuas ao Sol,
se ele não te aquece, apenas cega
permaneces debaixo da sua luz
quando na penumbra, te espero
Para te contar segredos, vícios
de noite mostrar-te o meu calor,
que tudo ficará bem,
que é seguro, neste buraco agreste
Se num brilho de olhar,
numa troca de beijo
me puderes sentir,
viajaremos assim mesmo, para longe
Porque a tua razão há muito
que me pertence, dizes-me em apego
e saberei o que fazer com ela?
se me votares à escuridão, saberei
Não me atrevo a sequer torcar-te,
temo quebrar-te a alma,
De tão única te tornaste,
quase se torna doloroso, neste meu esforço
Tocar a tua centelha, aquecer-me nela
Porque sou quase infame,
nunca deveira tocar onde tu te deitas
Mas nunca me arrependo, proscrito
olho-te, em sofreguidão
Animal de privações, doloroso guerreiro
Chamo-te minha, à noite
escondo-me em sombras, na manhã
O teu riso é o que uso para me redefinir
tão rouca te tornas, por sussurros alvos
Estendes os dedos, afasto-me do breu
Brincas com a minha alma, cantando
serena feiticeira de mil luas,
Ateias o meu fogo, deixas que queime
que arda e não esmoreça, em glória
E nas palmas das tuas mãos, descanso
... Por fim.
Foi num pequeno lapso de tempo. Numa pequena parcela da existência, onde poderia residir tamanho gigante de disfuncional alegria. Se me perguntas do que falo, é porque há muito me acautelei. Para poder sentir. Nesta pequena parcela de existência temporal, uma partícula de vontade. De alegria. Alegre por viver. Algo. Não importa. Nunca importa.
Conto retalhos de mim. Mundanos que sejam, só a mim pertencem. Viajo só. Requisito para tal? Necessário se torna viajar só? Não. Nunca. Apenas te cansas rápidamente. Como todos os outros. Desvaneces-te em desespero acre. Por que não consegues prosseguir. Frustração! Essa reles meretriz! Mãe dos que se prostram, nos vendavais da alma. E ficam frios. Secos. Sem pinga de orvalho noturno. Rastejo para que possa sentir o solo. Cálido. Amoroso. Longe do céu. Verto a minha mágoa a uma serena nota do que antecipo. Da temperança de uma visão que neste mundo já venceu. Que neste mundo se alonga. Não sei. Estranho que nunca o tenhas visto. Na realidade que persegues. Ficam as mãos abandonadas. O sentimento de acreditar. Forte. Pungente. Livre! O Nada!
Porque já se foi o tempo da faína e da razão. Resta agora a nova aurora. Perfumada por uma simples vontade. Voltar a escutar. E a absorver.