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O conceito de honestidade parece ser dos mais díficeis de entender. Veja-se que honestidade nem sempre quer dizer verdade. Embora tantas vezes se confundam. Ou misturem.
Mas e a nossa honestidade? Onde é que pára? Posso desde já questiona-la, a partir do momento que precisamos de uma chave para entrar em casa. A partir do facto intransponível, de que viver de porta aberta é uma aberração. Somos ensinados, desde cedo, a trancar as portas das nossas casas. E, já agora, trancamos também as portas das nossas mais elementares emoções. Resguardamos a nossa defesa. Somos desconfiados.
Eis pois, o que pensamos uns dos outros! Eis então, porque considero o chamado conceito de honestidade, tão apregoado pelas pessoas, como uma reles piada! Uma charada sem gosto.
Recusamos admitir este facto. Tal conceito existe, dizemos. Sou honesto! Eu! Bem, aceito que não sejamos todos mentirosos. Não seremos todos farsantes e traidores. Mas todos somos mentirosos na nossa honestidade. Todos, em fases da nossa existência mundana, por uma razão ou outra, vamos apunhalar outro. É a nossa natureza. E dizer a verdade de uma forma nua e crua, com laivos de honestidade, sem qualquer interesse pessoal, sem que pensemos daí tirar proveito, é uma desmedida mentira! Uma ingenuídade insípida e que só nos traz desilusão.
Ser realmente honesto é então, uma miragem. Precisamos de nos proteger dos outros. Cultivar distância e desconfiança.
Lembro-me, desde muito cedo, de ter lido algures, que viver implica competição. Eu também acho que implica um jogo existencial, onde todos nós lidamos com ases e outras cartas. Onde se joga claro e, admito, se calhar com vontade de ser verdadeiro, mas nunca de forma completamente limpa. Jogar sujo é algo que testemunho todos os dias. Assim, ser realmente honesto torna-se uma esmola. Algo que quando damos é mal recebido e desconfiado. Pois, é a tal necessidade de nos defendermos.
Leva-me a uma questão que sempre me toldou o juízo: porque raio não querem as pessoas ser entendidas? Não querem compreensão? Eu incluído. Há quem oculte a sua natureza com falsos sentimentos e intenções. Turvam o espelho da sua personalidade.Tornam-se indistintas e absurdas.
Para mim, até nem é difícil entender as pessoas ao meu redor. Criaturas aparentemente misteriosas. Não é nada de impossivel. Impossivel é faze-las dizer a verdade. Serem realmente honestas. Aí reside a fractura. Aí está a minha frustração. Não conseguir revelar-me suficientemente verdadeiro e honesto. Bem como retirar o mesmo, dos outros. Por isso continuamos a trancar a nossas portas. Por ser realmente impossivel a honestidade total.
" - Preferia viver com um animal!"
Estas palavras, proferidas na minha face, olhos com olhos, foram como um epitáfio. Um rasgo em tudo o que acreditava. Ou pensava acreditar.
Duas conclusões vieram ao cimo. Duras e tão perfurantes, que se tornaram um todo, na minha existência.
Nada é permanente. O carinho. A candura ou a confiança. São meros grãos de todos os dias. Nunca seremos completamente íntegros, para quem quer que seja! Nada do que façamos, por mais que tentemos ser o que querem que sejamos, resultará. Haverá sempre mais e mais exigências.
Desiludi. Não sendo o que queria que fosse. E quando mais precisava, a minha condição ficou abaixo do animal.
A verdade dói. Aprendi, sem contemplações. A verdade é o que deveria ser: dor e prazer. Alegria e, acima de tudo, desilusão. Desilusão tão pura e tão cristalina, que marca como ferro em brasa.
Nietzsche escrevia, "Aquilo que não me destrói fortalece-me", e eu sou um exemplo disso. Quando o fundo do poço é um destino certo, quando nada é o que parece, voltar a viver e respirar, é toda uma aprendizagem.
Mas, o que aprendi? Que posso eu ter absorvido destas palavras? A odiar. Foi uma das maiores marcas que ficou. E nunca morreu ou se desvaneceu. Deixei de ser hipócrita e tranformei o ódio, por vezes cego e surdo, em força. E como se pode tornar uma droga, esta emoção! Como se torna díficil controlar a raiva...
Também ficou a sede de verdade e ser verdadeiro. Quando se ouvem palavras como estas, numa encruzilhada de desespero e solidão, resta-nos sobreviver. Muitas vezes dizendo a verdade a nós próprios. Que é o acto mais duro da nossa míseravel existência. A capacidade de sermos verdadeiros. O nosso próprio espelho.
Quem me "esmagou" com estas palvras, teve o seu desejo concretizado. Vive, de facto, rodeada de animais. E, coisa estranha, quando por mim passa, baixa a cabeça. Como que proferindo uma oração silenciosa...
Em mim, porque pela dor se limpa tantas e tantas vezes a alma, existem três tatuagens. Uma que cobre a parte de trás do meu pescoço. Outra, a parte superior do peito e uma última, na parte externa da minha perna esquerda. São testemunhos. Marcas que recordam. Quando pressinto que estou a desviar-me do"meu caminho", basta olhar para qualquer uma delas. Saberei o caminho de volta.
Se for preciso, continuarei a sentir a dor e a marcar o meu corpo. Para me recordar....
Porque morro de saudades e antcipação...
Porque sei que a viagem será para breve ...
Até lá, recordo ....
É vê-los a deambular pelas ruas. Na maior parte das vezes, aos pares, que a segurança dos números é mais vantajosa. Batem à porta. Insinuando livros escritos. Procurando explicar o inexplicável.
Vagueiam debaixo de muitos nomes. Juram por outros Deuses. Mas todos respondem a uma palavra: fanatismo.
Clamam a boa nova. A palavra divina. O nascimento de um filho de Deus. Um Natal. Que estranhamente, só se comemora numa parte deste mundo de merda. Na outra, este filho não nasceu. E o Natal é palavra que nem existe!
Agitam ameaças. Proclamam reverências. Num mundo onde a Mulher, a única criatura que realmente possuí inteligência realmente capaz de alterar a nossa existência, uma vez mais num mundo de merda, é votada ao papel de pecadora suprema! Coberta dos pés à cabeça, por panos, subjugada e aviltada. Eles sabem, esses estranhos padres de todas as religiões. Criaram seitas patriarcas onde se teme uma Mulher. Porque dela saí realmente a vida! Não de um culto! Não de um livro escrito por homens. Para homens. Desequilibrados, senhores. Tontos e delirantes!
Mas já o sei - eu homem - manchado por por tamanha imundíce hipócrita e idiota, nasci para a guerra. Só pela força submeto. Mas, no intímo, bem no amâgo, sei: enquanto acreditarem, homens e mulheres, na minha religião, criada e Oh, tão bem urdida!, por mim, nada mudará! Submeterei quem devo e não haverá dúvidas quanto ao meu reinado.
Compulsão que domina, pensamentos transbordando ânsia
Libertação sexual, em mim, tão profundamente desejada
Vem, toma nos teus olhos a minha mais preciosa possessão,
Sem objecção, com ela podes dominar-me,
Encher de luz, uma alma vazia,
Prazer corpóreo, demente dependência, esta
Poder subverter este rasgo de dor, apenas por tuas mãos,
Pelo teu abraço, paixão que me alimenta,
No teu suave calor, pernoitar
Recordações, recordam amor
Recordações que nunca morrerão
A tua excitação é doce,
Na minha pele, que treme em prazer,
Em sujeição, trémula para além da imaginação
Primitivo, instintivo, paixão pela carne
Terno erotismo, vagueando pelas minhas costas,
Até que de novo, desçam as sombras do cansaço.
Um perfil fadado à desgraça existencial constrói-se, sabiam? Começa sempre pela morte das crenças mais intímas. Substituindo-as por algo mais plausível e de acordo com o que nos rodeia. Aquele factor que nos torna realmente sobreviventes. A adaptação. Adaptamo-nos, eis o que é. Por fora seremos plásticamente aptos. Todos nos aceitam e transmitem segurança. Mas assim começa algo. Um aprofundar de abismos. Um mar de pequenos borrões negros que não morrem. Antes crescem, como sórdidos parasitas. Obrigados a conviver com isto, porque assim ditam as regras, vamos lentamente, assumindo defesas. Ou pura e simplesmente morreremos mais cedo do que o nosso "fim de validade" genéticamente estabelecido ... pela nossa própria mão.
Creio que nascemos realmente livres. A escravatura começa quando tomamos, verdadeiramente, consciência do que nos rodeia. A partir desta consciência, nunca mais seremos realmente livres.
Uns, tornam-se parte de um todo. Pelas mesmas regras e pensamentos. Outros, incapazes de aceitar esta condição, debatem-se permanentemente. É uma "carnívora" fome de fuga. Uma incapacidade para obedecer à normalidade. Só por "golpes sangrentos" se sentem realmente vivos. E não apenas no limiar de todos os dias. Naquela ténue fronteira entre a racionalidade e a loucura.
Denis Leary FOI ... É ... e será SEMPRE BRILHANTE!!!
UM PONTAPÉ NAS TROMBAS DO POLITICAMENTE CORRECTO!!