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Lembras-te? ...
" ... é tarde de mais,"
" ... chegou ao fim, já não aguenta,"
" ... acabou,"
Afinal, quem terá rido por último? ...
Podemos dar o significado que quisermos à nossa existência. A que tão docemente chamamos Vida! Podemos decora-la com as roupagens que desejemos. Dar-lhe as cores e os significados que a nossa pobre mente anseie. Não passamos disso. Um amontoado de orgãos nada diferente de outros amontoados de átomos.
Há quem afirme que a sua vida é tudo. Ou absolutamente nada! Que se sentem abençoados ou vivendo num berço de espinhos. Manisfestem-se os desejos para evoluir com regras e julgamentos. Tornar tudo muito mais fácil, com regras de comportamento e Deuses para nos punir.
A vida pode ser de contestação e sonhos. De gritos ou silêncios. De medos e supostas vitórias. Mas pensemos, nada disso interessa. O universo continua a borrifar-se para nós! Estejamos felizes ou cientes de como amamos viver, nada disso desperta realmente interesse. Somos o que somos. Matéria. Estamos sempre a esquecer qual é o nosso verdadeiro lugar no universo. Por sinal, um universo impessoal e externo a nós.
" Give me something to break before I break myself
Or take me somewhere, anywhere is fine - just fine
"Fine, just fine"
Words as these, may they come true by repetition? Monotony, my constant woe, ally and foe
We're doing this silly dance together
tip, tip, tip on toe
Tripping, once again
I cannot help but to smile
But trust me, it is in frustration
Would you really believe things just as much?
No matter what, I end up with this mindnumbing feeling The shallow smile is gone but there is this unjustified joy But in the end all of that doesn't really matter
I just end up shivering by this echo within:
Is it cold in here, or is it just me? "
... Porque sei que me adoram ( sabeis quem sois!)
Qual é a graça de continuarmos a negar as evidências? Porque razão culpamos sempre os outros pela nossa incapacidade de reagir? Queremos estar cómodos. Somos jovens, estudamos e temos tudo em casa. Não fazemos mais nada a não ser isso, note-se. Culpamos os pais porque nos exigem boas notas! São uns monstros! Que pagam e não têm o direito de exigir nada. A nós! Jovens que só queremos curtir! Temos a vida toda há frente, enquanto a corja de cotas, retrógada e desactualizada, só pensa no estudo. Não nos importa se permanecemos ignorantes. Nem sequer se morremos de ataque cardíaco a "pastilhar". Se chegamos a casa pedrados e a roer os lábios da "pastilha", parecendo hienas imbecis ás voltas. Nada disso interessa. Apenas que paguem as propinas e nos dêem dinheiro. O resto fazemos nós.
Se passamos os vinte, os trinta e até os quarenta, vivendo à conta dos velhos, arrastando o corpo miserável pelos bares e camas de namoradas ou namorados, outros tantos idiotas, entrando em casa depois da hora e assumindo que isso é indepêndencia, apenas temos de culpar os progenitores. Pela nossa incapacidade de reconhecimento. De que somos um pedaço inútil de massa humana! Não passaremos daquilo. Achamos radical, no entanto. Quando entre dentes, os velhos nos odeiam e nos desejam mortos. Com razão, diga-se. Somos um mísero fardo. Um verbo de encher.
Negar esta evidência, leva a que se confunda juventude audaz e progressiva com parasitismo. A partir do momento que um parente exige resultados no estudo ou em qualquer outra actividade, desperta logo uma onda de indignação do jovem aspirante ao futuro. Não há direito! É obrigação parental, deixar que o referido ser permaneça um cretino sanguessuga. Preso ao conceito de liberdade gananciosa. Se tal não acontecer, recorro desde já, ao físico, e parto-lhes os dentes! Velhos de merda! Porque razão não deixam que viva a minha vida? E se ficar um esterco "carocho" e agarrado aos copos? É vossa obrigação gastarem até ao último euro para me reabilitarem.
Bem sei que deveria era dar um tiro na merda da cabeça, em vez de ser o torpe pedaço de inutilidade que sou.
Ou então, mesmo dando mais trabalho, tentar ter a minha vida própria. Não deixar de ser jovem radical ou lá que se queira, mas ter orgulho do que consigo. Orgulho! Não falsa noção de poder. Sem sacríficios não se chega a lado algum. Fala a experiência.
Depois temos uma certa estirpe de pais. Supremos artesãos de negação de evidências.
Não exergam o crescimento do rebento. Não acham ser possivel conjugar as hormonas e a vontade de sexo com os estudos. Esquecem-se do seu passado. São vinho de outra cepa, dizem. Agora já não há jovens como antes. Referem-se a si, com certeza. Porque são frustrados e medíocres. Fazem tábua rasa da noção de liberdade. Perseguem e hostilizam todos os pensamentos dos filhos, frustrando-lhes as ideias e as convicções. Transformam a vida destes num inferno ditador de exigências que apenas visam manter o pé asqueroso no pescoço do rebento, que não sabe cuidar-se! Quanto mais tempo estiveram debaixo da alçada mais próximos ficam de se tornar iguais: um absurdo exemplo de raça humana. São assim, incapazes de "dar asas" a quem mais necessita. Os seus rebentos.
Disse-te ... não, afirmei-te com toda a sinceridade, que estaria ao pé de ti. Sempre. Fosse pelo que fosse. Tivesses razão ( e muitas foram as vezes que não a tiveste) ou não. Lembro-me dos teus primeiros passos, pela solidão. As vezes que te ajudei a erguer do chão. Engraçado! Um mendigo tentando ajudar outro ...
Merda, até me lembro da nossa primeira bebedeira! Tão borrascas que estávamos! Nunca mais voltei a rir como nesse dia.
Quando coloquei a gaze em volta do pulso que golpeaste, desejei bater-te. Pelo desperdício humano. Porque tantos merdas respiram e tu querias seguir por outro caminho.
No teu choro, estive lá. Juntos, a um canto. Disse-te que comigo, não morrerias. E tu sorrias e repetias, sempre, que pelo menos só nunca estarias. Por onde eu ia, tantas vezes seguias ao meu lado. Os olhos abertos, uma vontade imensa de aprender. Reconheço, sentia-me menos só. Menos inútil. Até desapareceres ... E, estranhamente, fiquei alegre por ver que finalmente tinhas asas para voar. Afinal, criaturas como nós, nascem para isso, para fugir a uma falsa segurança.
Ver-te de novo não estava nos meus horizontes, já o sabes. Sou pouco amigo de esperar certas coisas. Mas que tenhas sequer pensado em ver-me, deixa-me intrigado. Segundo oiço, não sou a melhor companhia. Mas voltámos a estar cara a cara. Anos depois. Vi as marcas no teu corpo. O sorriso no rosto e a solidão nos olhos. Olha a porra da consternação! Há coisas que nunca mudam, não é? E o que fazer, quando me dizes que sabes o que é realmente solidão, desde o teu desaparecimento. E que tens tido os teus dias mais solitários, desde que me largaste a mão e começaste a viver rodeada de muita gente.
Sei que tatuar assim a minha carne, revelará apenas a face da tragédia. Mas é preciso. É melhor sentir a dor completa, do que navegar para um vazio. Permanecer imóvel. Gelado, pela sordidez do que me rodeia.
Corto. Sozinho. Sulcos profundos, como qualquer campa escavada.
Apresento as cicatrizes, tão humanas e desesperadas pela ignorância. Pela raiva e nojo.
Na solidão, torna-se fácil. Torno-me artesão de uma existência pintada com sangue. O meu. Em golpes que nunca fecharão.