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Por estranho que pareça, por muito desiludido que me encontre com o que me rodeia, ainda acredito que a beleza cobre grande parte do Universo. Há criaturas com uma possante capacidade de criar arte. Capturar a beleza e as suas preversões.
As artes são uma das grandes invenções humanas para agitar o Universo. Abanar emoções e sentidos. Por muito ingrato que seja este planeta, estamos rodeados de beleza. Estranha, tantas vezes, surreal, acima de tudo.
Tempos houve, em que a arte criava vida. Alimentava o ser humano. Enamorava e tornava possivel sonhar. Mesmo a mais negra das artes. Mesmo a mais proíbida, furtava emoção e engrandecia a alma.
Presentemente, com o materialismo asqueroso que reina, nada é como foi. Outrora, mesmo a perversão era graciosa. Antes, o criador apaixonava-se pela sua criação. Actualmente, não só o criador se apaixona pela sua obra, como se enamora por si próprio. Mas não num acto de auto estima e orgulho por algo conseguido. Com um materialismo sedento possuímos muitas coisas, mas a uma tal extensão que perdemos a nossa dignidade e respeito. Só para mantermos certas coisas.
Vejo tanta gente preocupada com sabores e marcas. Qual será a próxima compra, o próximo jantar, que me espanta não verem o óbvio. Culpa-se a crise material, o dinheiro e a merda de governos que temos, mas realmente o que se perdeu foi a essência espiritual. Não, nada dessa essência mística de incenso e anormalidades intangíveis. A espiritualidade adquirida por respeito e amor próprio. A força da convicção em algo melhor e maior do que a mera beleza da arte rápida e fácil.
Primeiro chegou o Silêncio, terno e adormecido
sonolento, ressonando altivamente na sua traquilidade
A sua viagem apática, parecia não pertubar
ninguém o ouvia, sinistro, turvo e destemido
Seguia despercebido, pouco importava
sem melodias cantadas, desencantado e de tristes palavras
Mas ...
eis que as sepulturas se revolvem!
e o Silêncio dança com a Morte, em valsa
porcos caminham, águas atormentam e os céus respiram fedor
Finalmente ...
Caos feito carne! Arame rasga a carne
o sangue alimenta o universo,
a dor cria a vida e promete felicidade!
Caos em tão imensa magnitude!
Reacende vis restos, acorda a morte
como os gritos imortais, como pregos cravados na pele, tão doce sinfonia
Abertura, passo de dança no pó,
crescendo, encantamento de prazer sexual
animalesco, pura fúria de possessão, arte em pura progressão
Acordado, subitamente conheci o que me esperava
espremo o meu cérebro até que o sangue se torne mistura nojenta
aqui encontrei a minha prostituta, musa moderna, benigna virtude
que quero possuir, consumir, destroçar e violentar
enquanto plácidamente, retalho mais esta ilusão
Ilusão de paixão, desilusão de ilusão
em corações perturbados,
passando por ventres inchados de falsa modéstia,
Este é um Caos sistemático,
daqui sai a Ordem, o Nada absoluto
por isso sei o meu caminho ... Mergulho no Pandemónio!