Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



É por um breve momento, escasso em duração, porque tudo o que realmente me marca e deixa submerso em emoções apenas parece durar escassos segundos. Um lampejo que mal chega para me satisfazer a fome. Alguém, por breves instantes, sente o mesmo que eu, vê as coisas da mesma maneira que eu. Não acontece com muita frequência, por mais que tentemos, mas é um clarão, uma intensa chama que me queima e aquece a alma. E eu sinto-me menos só, mentalmente e fisicamente. Acabo por me sentir estranhamente humano, menos só e em maior ligação. Os momentos de desespero tornam-se, por escassos segundos, uma banalidade nada importante.

Tags:

Por muito que tente apagar esta noção, eu sei que estou em permanente recuperação. Uma espécie de processo regressivo de reabilitação onde nada do que se deveria identificar comigo próprio existe. E continuo a tentar juntar todos os pequenos pedaços e organizar o todo. É o peso de uma severa saudade. De uma imensa noção de perda quando me afasto. E é isto mesmo que torna possível este coração para coração, esta compreensão ( tão intensamente dolorosa!) de que algo que cresceu e se fundiu numa solitária amizade, onde as palavras trocadas e o respeito mútuo eram a base da nossa companhia, se tenha destroçado pela troca de olhares cada vez mais profundos e, pasme-se!, muito mais conhecedores do interior oposto. Olhar o inverno e a escuridão exterior tornou-se oposto, tão oposto a mim! Desencadeado por confissões expressas, primeiro a medo, depois em segurança, cresceu algo dentro de mim. Quase se torna impossível respirar, em certas alturas. Sinto-me incapaz de qualquer acto de guerra contra uma criatura viva! Apenas segredar protecção e companhia. Sinto que posso rasgar à dentada tudo o resto que me rodeia, sem pensar uma segunda vez. Sei como consigo desprezar e a que grau de ódio consigo envenenar-me. Porém, por apenas uma criatura, um gigantesco problema matemático me foi apresentado, exactamente no preciso momento em que o meu cérebro se encontra exausto! E eu sei a solução! Mas algo drenou a minha energia e algo em mim apenas desistiu.

Tags:

E é assim que nós vivemos a vida. Não importa a profundidade da nossa perda. Nem sequer importa a fatalidade e a importância do que tenhamos perdido. Tudo é roubado das nossas mãos, tudo nos modifica de forma violenta e permanente. Mesmo que tudo o que reste se resuma a uma camada de fina pele exterior, frágil e transparente, ainda desta maneira continuamos a viver. Em silêncio. O que resta do nosso tempo não deixa de ter um amargo travo a vazio.

Tags:

Tenho a clara consciência das coisas preciosas que vou perdendo. De como obstinadamente as vou procurando e de como, bem no fundo da minha mente, eu sei que nada encontro. Mas persiste a vontade de não deixar que tal me esmague o coração. Alimento a esperança de que posso, eventualmente, descobri-las noutros locais e com outras pessoas. O que para mim, por estas horas, se parece com algo sem vida e superficial pode vir a converter-se em essêncial. Eu sei, claro, que outras pessoas caminham pelas mesmas estradadas, que até imaginam o mesmo que eu. Porém, a diferença talvez seja porque durante a noite, tais caminhos parecem ter sido escavado e talhados para criaturas como eu, enquanto as grandes estradas iluminadas e perfeitamente sinalizadas com os seus pontos de descanso, são  obra para todas as outras pessoas.

Tags:

Eu não consigo, por extrema incapacidade ou por falta de vontade, rever-me neste mundo que me rodeia. Nesta gente de espírito jovem e onde, presumivelmente, habita uma estranha luz nos seus corações. Não faço parte desta espécie de criaturas tranquilas, cujo o prazer reside na família, na paz da religião e numa profissão estável. Antes, vivo para os que são como eu, em existência intermitente entre a luz e a escuridão. Os que usam e abusam da racionalidade, ao ponto da frustração absoluta e que, ainda assim, vivem pelas paixões. Eu ainda não desisti de ser realmente feliz. Existe demasiada fome e incessante vontade. Mas permanece a sombra por falta de total gratificação. Ainda mora por aqui a melancolia da alma que ainda não encontrou total conforto.

Tags:




Arquivo

  1. 2024
  2. JAN
  3. FEV
  4. MAR
  5. ABR
  6. MAI
  7. JUN
  8. JUL
  9. AGO
  10. SET
  11. OUT
  12. NOV
  13. DEZ
  14. 2023
  15. JAN
  16. FEV
  17. MAR
  18. ABR
  19. MAI
  20. JUN
  21. JUL
  22. AGO
  23. SET
  24. OUT
  25. NOV
  26. DEZ
  27. 2022
  28. JAN
  29. FEV
  30. MAR
  31. ABR
  32. MAI
  33. JUN
  34. JUL
  35. AGO
  36. SET
  37. OUT
  38. NOV
  39. DEZ
  40. 2021
  41. JAN
  42. FEV
  43. MAR
  44. ABR
  45. MAI
  46. JUN
  47. JUL
  48. AGO
  49. SET
  50. OUT
  51. NOV
  52. DEZ
  53. 2020
  54. JAN
  55. FEV
  56. MAR
  57. ABR
  58. MAI
  59. JUN
  60. JUL
  61. AGO
  62. SET
  63. OUT
  64. NOV
  65. DEZ
  66. 2019
  67. JAN
  68. FEV
  69. MAR
  70. ABR
  71. MAI
  72. JUN
  73. JUL
  74. AGO
  75. SET
  76. OUT
  77. NOV
  78. DEZ
  79. 2018
  80. JAN
  81. FEV
  82. MAR
  83. ABR
  84. MAI
  85. JUN
  86. JUL
  87. AGO
  88. SET
  89. OUT
  90. NOV
  91. DEZ
  92. 2017
  93. JAN
  94. FEV
  95. MAR
  96. ABR
  97. MAI
  98. JUN
  99. JUL
  100. AGO
  101. SET
  102. OUT
  103. NOV
  104. DEZ
  105. 2016
  106. JAN
  107. FEV
  108. MAR
  109. ABR
  110. MAI
  111. JUN
  112. JUL
  113. AGO
  114. SET
  115. OUT
  116. NOV
  117. DEZ
  118. 2015
  119. JAN
  120. FEV
  121. MAR
  122. ABR
  123. MAI
  124. JUN
  125. JUL
  126. AGO
  127. SET
  128. OUT
  129. NOV
  130. DEZ
  131. 2014
  132. JAN
  133. FEV
  134. MAR
  135. ABR
  136. MAI
  137. JUN
  138. JUL
  139. AGO
  140. SET
  141. OUT
  142. NOV
  143. DEZ
  144. 2013
  145. JAN
  146. FEV
  147. MAR
  148. ABR
  149. MAI
  150. JUN
  151. JUL
  152. AGO
  153. SET
  154. OUT
  155. NOV
  156. DEZ
  157. 2012
  158. JAN
  159. FEV
  160. MAR
  161. ABR
  162. MAI
  163. JUN
  164. JUL
  165. AGO
  166. SET
  167. OUT
  168. NOV
  169. DEZ
  170. 2011
  171. JAN
  172. FEV
  173. MAR
  174. ABR
  175. MAI
  176. JUN
  177. JUL
  178. AGO
  179. SET
  180. OUT
  181. NOV
  182. DEZ


topo | Blogs

Layout - Gaffe