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É por um breve momento, escasso em duração, porque tudo o que realmente me marca e deixa submerso em emoções apenas parece durar escassos segundos. Um lampejo que mal chega para me satisfazer a fome. Alguém, por breves instantes, sente o mesmo que eu, vê as coisas da mesma maneira que eu. Não acontece com muita frequência, por mais que tentemos, mas é um clarão, uma intensa chama que me queima e aquece a alma. E eu sinto-me menos só, mentalmente e fisicamente. Acabo por me sentir estranhamente humano, menos só e em maior ligação. Os momentos de desespero tornam-se, por escassos segundos, uma banalidade nada importante.

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Por muito que tente apagar esta noção, eu sei que estou em permanente recuperação. Uma espécie de processo regressivo de reabilitação onde nada do que se deveria identificar comigo próprio existe. E continuo a tentar juntar todos os pequenos pedaços e organizar o todo. É o peso de uma severa saudade. De uma imensa noção de perda quando me afasto. E é isto mesmo que torna possível este coração para coração, esta compreensão ( tão intensamente dolorosa!) de que algo que cresceu e se fundiu numa solitária amizade, onde as palavras trocadas e o respeito mútuo eram a base da nossa companhia, se tenha destroçado pela troca de olhares cada vez mais profundos e, pasme-se!, muito mais conhecedores do interior oposto. Olhar o inverno e a escuridão exterior tornou-se oposto, tão oposto a mim! Desencadeado por confissões expressas, primeiro a medo, depois em segurança, cresceu algo dentro de mim. Quase se torna impossível respirar, em certas alturas. Sinto-me incapaz de qualquer acto de guerra contra uma criatura viva! Apenas segredar protecção e companhia. Sinto que posso rasgar à dentada tudo o resto que me rodeia, sem pensar uma segunda vez. Sei como consigo desprezar e a que grau de ódio consigo envenenar-me. Porém, por apenas uma criatura, um gigantesco problema matemático me foi apresentado, exactamente no preciso momento em que o meu cérebro se encontra exausto! E eu sei a solução! Mas algo drenou a minha energia e algo em mim apenas desistiu.

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E é assim que nós vivemos a vida. Não importa a profundidade da nossa perda. Nem sequer importa a fatalidade e a importância do que tenhamos perdido. Tudo é roubado das nossas mãos, tudo nos modifica de forma violenta e permanente. Mesmo que tudo o que reste se resuma a uma camada de fina pele exterior, frágil e transparente, ainda desta maneira continuamos a viver. Em silêncio. O que resta do nosso tempo não deixa de ter um amargo travo a vazio.

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Tenho a clara consciência das coisas preciosas que vou perdendo. De como obstinadamente as vou procurando e de como, bem no fundo da minha mente, eu sei que nada encontro. Mas persiste a vontade de não deixar que tal me esmague o coração. Alimento a esperança de que posso, eventualmente, descobri-las noutros locais e com outras pessoas. O que para mim, por estas horas, se parece com algo sem vida e superficial pode vir a converter-se em essêncial. Eu sei, claro, que outras pessoas caminham pelas mesmas estradadas, que até imaginam o mesmo que eu. Porém, a diferença talvez seja porque durante a noite, tais caminhos parecem ter sido escavado e talhados para criaturas como eu, enquanto as grandes estradas iluminadas e perfeitamente sinalizadas com os seus pontos de descanso, são  obra para todas as outras pessoas.

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Eu não consigo, por extrema incapacidade ou por falta de vontade, rever-me neste mundo que me rodeia. Nesta gente de espírito jovem e onde, presumivelmente, habita uma estranha luz nos seus corações. Não faço parte desta espécie de criaturas tranquilas, cujo o prazer reside na família, na paz da religião e numa profissão estável. Antes, vivo para os que são como eu, em existência intermitente entre a luz e a escuridão. Os que usam e abusam da racionalidade, ao ponto da frustração absoluta e que, ainda assim, vivem pelas paixões. Eu ainda não desisti de ser realmente feliz. Existe demasiada fome e incessante vontade. Mas permanece a sombra por falta de total gratificação. Ainda mora por aqui a melancolia da alma que ainda não encontrou total conforto.

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