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Eu percebo, sinceramente. É praticamente impossível para a maioria das pessoas conviverem comigo. Não o lamento e não me vitimizo. Acima de tudo, não me assumo vitima. Mas tenho conseguido entender a razão maior que origina que apenas uma pequena e quase solene minoria respire o meu ar e sinta um laivo de alegria ao meu lado. Contra tudo e praticamente contra todos.
Eu percebo que todos tenham necessidade de afastamento e solidão. Nem que seja para ordenar os pensamentos. Mas apenas por alguns momentos, escassos em tempo porque a solidão evapora muitas vezes as maiores defesas. Eu não e por isso entendo que poucos convivam comigo. Eu necessito desesperadamente de solidão absoluta. Não apenas mental, porque essa surge ao meu mando. É também de espaço. Física e em distancia. E afasto-me para bem longe, tantas e tantas vezes para onde o inverno fustiga e o calor provem de uma única pessoa e de uma lareira que arde pela noite dentro. Claro que pode levar à loucura quem precise de vozes e sons para sensações de vida. Mas para mim sempre foi natural. Como respirar.
"Porque cheguei aquela encruzilhada onde nada resta a não ser um olhar ou outro. A vossa luz ou a minha escuridão de sombras que apenas "vê" salvação muito longe. "
"Eu insisto e confirmo em cada dia destes que não faço parte desta terra. Deste mundo sequer. Sei que não morrerei aqui. Sei."
Escuro,
Quando se torna mais fácil aceitar a minha própria natureza. Antes direi, a minha própria forma de existir. Há muito adormecido por falsas afirmações, acordado perante vozes que de tão raras serem se tornam pequenos rastos feitos por estilhaços e cuja a única função reside no meu despertar. E do que falo eu? Pouco sei. Pelo menos algo muito para além do último trago de álcool ou muito mais distante da nuvem de fumo do cigarro apagado a meio.
Sei que a prostração é a maior causa e consequência dos meus humores pelo absolutismo ( tirano e exigente, sei-o..) da escuridão. E não peço desculpa ou absolvição a quem seja por sistematicamente insistir nesta palavra: escuridão. Porque cheguei aquela encruzilhada onde nada resta a não ser um olhar ou outro. A vossa luz ou a minha escuridão de sombras que apenas "vê" salvação muito longe.
Gosto de me sentar em frente a ela e ficar em silêncio. Mas, de forma progressiva e à medida que executo este ritual, vou percebendo como este silêncio me corrói a como a deixa triste. Até porque só as mãos cruzadas e os olhos que se fitam já não chega. As separações são cada vez mais dolorosas, as saudades dos ventos do norte e os passeios pela floresta consomem a minha alma de uma forma absolutamente trágica. Substituo tudo pela indiferença até voltar a ela.
Eu insisto e confirmo em cada dia destes que não faço parte desta terra. Deste mundo sequer. Sei que não morrerei aqui. Sei.