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Há dois anos, em plena  Buenos Aires, deixei que aquela artesã das cores traçasse no meu corpo a palavra Metanoia. E sempre que esta palavra consegue ser destingida no meio de outros traços sou normalmente brindado com olhares de ignorância tolerante ou questionado pelos poucos que lhe conhecem os significados.

 

A questão é que esta é uma palavra que poderia perfeitamente designar tudo e nada. Porque simplesmente abrange tudo. Pode significar o conhecimento pela alteração do pensamento. Das ideias que criam o caminho para uma maneira nova de viver. Gosto da ideia de expansão da consciência sem ter de me sacrificar pelos outros. Mas também quero aceitar  ( e muito!) a perceção de que alguém sente amor  ou amizade por mim. Metanoia torna-se fundamental para me avisar da necessidade de aceitar que alguém, algures, sente saudades minhas. Que consigo cravar um sorriso  no rosto de outra pessoa.

 

A artesã riu-se timidamente quando lhe solicitei a arte para a palavra. Que os traços fossem seus mas o significado ficasse marcado em mim. Mesmo que tenha estranhado porque razão Metanoia se não se tratava de uma aceitação de fé. Creio que a fé não é deus. É tomar a consciência do que mora nas franjas da minha vida e estar disposto a viver com isto. Que egoísmo é querer tudo para todos mesmo sabendo intimamente que alguém irá sempre ficar para trás. Prefiro deixar-me estar e atrasar o passo para poder acompanhar estes.

 

Reconheço em ti os fogos de Marte. Senhores Demónios do Inferno que alimentam os portões onde esperas. Eu aprendi banindo o passado. E reconheço que afinal - somos Legião! Mas apenas porque alimentas o fogo e provo do teu veneno escuro. Em minha consciência és terra. Na minha alma, entre ódio e batimentos de coração, concedes-me descanso e iluminas a estrada.

 

Deixo que, em notas suaves de obscuros vinhos, os bardos te tornem rainha. Atrevo-me ao brinde dos teus cabelos longos. Enquanto leio nos teus lábios as viagens da Estrela-Dragão. Em espanto - porque se vergam em ti os mestres da luz e as noites frias se tornam recantos de intenso calor.

 

Diz-me a minha alma que Marte te fez nascer para me pacificar. Que estranhas essências te alimentam. Que não és apenas mulher. Que o que está cravado nas minhas batalhas é o esculpir das névoas por onde sei que caminha a tua presença. E mesmo distante, advinhas o meu regresso delirante.

 

É estranha, esta mistela que me consome. Esta escuridão, com reflexos prateados. E quero estar onde estás. Assistir à queda destas paredes e falsos impérios com a solenidade de ter sido a tua escolha.

 

Não podia ter sido melhor o dia que tanta gente se preocupa em festejar comendo e oferecendo prendas. Que assim se torna mais simples e tão fácil esquecer o erro desta noite. Para mim uma oferta inesquecível. Que estes são tempos de riqueza dada em perfumes e roupas. Ou em faustosas refeições, longe do frio da noite. Mesmo que entre rostos conhecidos e nem por isso bem-vindos.

 

O dia anterior ao falso nascimento do profeta começou realmente ao almoço. Encontrei-a à minha  espera. Sentada na cama do hospital e com as pernas penduradas que se agitavam com a suavidade que apenas uma criança sabe. Quando está assim sei que está melhor. Conseguiu mais uma pequena que a mim me parece gigantesca vitória. Na semana anterior registou um aumento de peso real de 2 quilos! Há meses que tal não acontecia. Havia também um rubor seráfico na sua face e os olhos não estavam tingidos daquele vermelho odioso dos dias de radiação. 

Saltou da cama e correu para mim enquanto eu simulo encolher-me de medo e aquela gargalhada, entre um abraço apertado justifica tudo! Mesmo a habilidade que aquele pequeno duende tem em deixar-me os olhos cansados húmidos. O ritual, diante da falsa severidade materna  ou sucessivas risadas das outras crianças da ala, é sempre o mesmo. Com ela no meu colo dou duas voltas e volto ao centro. Patético e embaraçoso. Mas é o nosso ritual de contacto.

 

Mas foi melhor do que eu esperava. E eu espero sempre muito. Tanto que me deixa esmagado. Caminhou comigo de mão dada. Sempre a queixar-se da força com que  eu apertava mas nunca largando a minha mão. Passámos o corredor em voltas para desvio de outros pacientes. Normalmente ficamos ali. Mas naquela tarde saímos para a rua e caminhamos no jardim. Estava agasalhada mas ainda assim  usei o meu casaco comprido para a tapar. Mesmo que a arrastar pelo chão sujo de terra.

 

Meia-hora. Trinta minutos de passeio. Apanhou algumas ervas verdes e cheirou a terra que lhe escorria entre os dedos finos. Estalava os lábios quando eu lhe enterrava o gorro preto que lhe ofereci no ano passado até às orelhas. Trinta minutos de batidas cardíacas aceleradas. Sempre à espera do seu cansaço ou colapso. Não aconteceu.

 

Quando começou a ressentir-se das emoções e do esforço físico pediu para voltar ao quarto e deitar-se um pouco. Decidi que iríamos regressar com ela ao meu colo. Negou porque as pessoas grandes não viajam ao colo. Creio que o nosso rir foi sonoro porque ao lado uma casal que passava estranhou.

 

Foi sentada nos meus ombros até à porta do Hospital. Depois sentou-se no meu braço direito e fomos até à  cama lavada de fresco. Lanchou simulando medo diante a minha falsa severidade - que tem de comer para engordar. Permaneci até que adormecesse. Com o meu dia já vencido e exausto pela rara felicidade sentida.

 

Deixei a prenda em cima da mesinha ao lado da cama. E voltei lá durante a noite. Cerca da meia-noite. Para lhe dar um beijo e renovar a minha promessa de que voltaria no dia seguinte.

 

Existe uma estranha alquimia, desconhecida para uma grande maioria, naqueles que permanecem juntos durante anos a fio e sem que se possam vislumbrar falhas na armadura. Algo único parece sustentar estas criaturas que por alguma rara combinação de agentes não cede ao tempo nem sequer à aproximação do fim.

 

Conheço um casal que permanece num estado de união longo. Longo de quarenta anos. E não consigo perceber um pingo de morte sentimental entre ambos. Cúmplices em potência, sempre que os vejo vão desfigurando as minhas reticências e o meu cinismo mais agreste. Nunca vi um gesto de agressão entre ambos. Um levantar de voz mais crispado. Uma falta de gentileza que possa danificar a minha visão deles. Quase diria que sobrevivem os dias num êxtase bizarro que não os deixa atravessar a barreira da luz.

 

E por vezes sou brindado com relances de absoluta irrealidade. Se calhar porque me conhecem e me sabem observador, gostam de me retalhar os sentidos em tiras finas. Deixo que me mistifiquem a alma e quase, quase consigo sentir a fragrância de deuses antigos proibidos nos dias de hoje. 

 

Entrava  em casa após mais uma noite de trabalho. Era cedo, mas o sol brilhava intenso e entrava a jorro pelas janelas envidraçadas das paredes da escadaria que conduz à porta de saída do prédio. Sei que tal como eu não vão de elevador. Apesar da idade avançada não o fazem. E naquela manhã parecia propositado, mas durante longos segundos a realidade esfumou-se como se estivesse comandada ao prazer daqueles dois. Nunca tivera a possibilidade de os ver a descer as escadas. Estavam no último lance mesmo em frente a mim e antes de se cruzarem comigo e desciam ambos em sintonia. Mas o que me deixou translúcido foi que dois dos seus braços estavam unidos um no outro. E o braço livre do homem apoiava-se na parede junto à escada enquanto a mão livre da mulher agarrava o corrimão de metal da escadaria. 

 

Pareciam algo semelhante a uma muralha ocupando a largura da escadaria. E no preciso momento em que observava esta manobra o braço grosso da luz solar parecia cobrir aqueles corpos. O dela, que sempre se veste a fazer lembrar a estética dos anos 40 e o dele, sempre de fato à medida. Sempre de camisa imaculadamente branca e sem gravata. 

 

Devo ter parecido um perfeito idiota. Assim especado e em delírio mental pela rajada impiedosa daquela atmosfera. Mas o que me fez estremecer da cabeça aos pés como se estivesse em frente a um comboio a alta velocidade e em minha direção foi a frase do senhor quando passou por mim, desta vez apenas de mão dada com a senhora ( coisa que sempre lamentei não ver mais vezes entre duas pessoas que se amam ...), numa voz ligeira e suave.

 

- " Bom dia ... "

 

- " Está um bom dia para estar vivo. Não acha, senhor? ... "

 

Não respondi porque não se deve responder à recompensa de testemunhar algo precioso. 

A generosidade, quando desinteressada, é das mais raras pérolas que se pode encontrar. Não me interessam as generosidades supostamente grandes. Pouco acabam de ter que seja realmente relevante na vida de criaturas como eu. Assim, de uma generosidade sem interesse, por isso completamente surpreendente para os meus pensamentos, nasce uma nova imagem para este blog. A autora Gaffe tem desde logo, os meus agradecimentos. Pelo esforço e pela, uma vez mais surpreendente, capacidade de me "despir" a alma. Coisa rara. Assim, eu sinto-me embaraçado e até, feliz.  Um pouco mariquinhas. Mas nada de grave.

 

Ainda um pouco sobre o layout: quando entrei pela primeira vez neste blog, com este novo aspeto, lembrei-me de uma descrição antiga de H.P. Lovecraft sobre o Necronomicon um livro lendário dos seus contos. Existe algo de estranhamente escuro na ideia que a autora do layout tem sobre mim. Mas será de estranhar que, conhecendo o que escrevo há tão pouco tempo, consiga refletir de forma tão próxima, quase subliminar, certos trejeitos que tenho. Ou se calhar, não. Porque acho que tal como eu, é acima de tudo um animal atmosférico. E esses conhecem-se nem que seja por pequenos vislumbres.

 

Uma vez mais Gaffe, agradeço com modéstia.

 

"Comentário no post Olá, Sandice ...

Quem é o infeliz que fala de alguém morto desta forma?! De certeza não é a mesma pessoa que alega ter alguém doente, com gravidade e seriedade tais, que o levariam seguramente a pensar muito, mas muito, antes de falar nos pais mortos dos outros. Parece, passar levianamente sobre a importância que esse alguém, tão tragicamente doente, terá para si, se desvaloriza a vida, tal é a leveza extrema com que se refere à morte e à perda de outros, bem como à dor de quem perdeu os que ama!Não incomoda toda a sandice e insultos. Aparvalha-se, é com a forma como se fala de alguém que morreu e como se confundem duas pessoas que não têm nada a ver uma com a outra! Verificará no Ip fornecido, que pode analisar e comprovar da forma que queira, junto das instâncias que quiser, em como é legítimo e fixo (não muda ou se mascara) que não tem nada a ver com a suposta Pink Poison que o comenta cujo pai está vivo! Por aqui pode continuar no registo "caloroso" de puta para cima, cunt para baixo, fezes para a esquerda e o que entender para a direita. Não afecta, só diverte. A única coisa que se aconselha, caso não dê muito trabalho é que se respeite a memória dos mortos dos outros, como gostará que respeitem os seus, que também os tem e terá. Que não cuspa para o ar porque "acordar" morto acontece a qualquer um. E que doravante não se mencione jamais quem morreu!!! Quer ofender, denegrir e realizar as suas frustrações através dos vivos... pois, esteja à vontade. Aos mortos pede-se-lhe QUE OS RESPEITE! SE não sabe distinguir e ler que o pai de uma está vivo e da outra morreu abra os olhos!!! Não se admite que falem de quem já não está sobre a Terra e se deseja com muita força esteja em algum lado melhor. Tenha um pouco de senso. È o mínimo que se pede em relação a alguém que se pena e se chora. Se você é feito de pedra e de gelo e dos seus mortos ri, pois ria! Mas não desrespeite os nossos. PERCEBEU! E não confunda uns com outros. Exactamente como acções com as quais não se tem a ver. Está à vontade para decretar feriado o dia de hoje. Há mais de três anos que não tinha um comentário proveniente deste destino, mas finalmente ganhou-o! Concluindo: Passe o resto da sua vida a dirigir-se aos outros de modo calunioso e miserável que se vê, na boa! Contudo, RESPEITE OS MORTOS! Não fale sequer neles!!! De resto encha a boca de tudo que quiser. Só serve aos outros aquilo que eles queiram aceitar. “Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente?”, perguntou o samurai.“A quem tentou entregá-lo”, respondeu um dos discípulos.“O mesmo vale para a inveja, a raiva, e os insultos”, disse o mestre. “Quando não são aceites, continuam pertencendo a quem os carregava consigo”.Passe, muito bem! O que lhe desejamos é que, caso tenha alguém realmente doente ou a passar por uma fase difícil, que se cure e a possa ter muito tempo ao seu lado e serem felizes!

Does a name Matter (IP: 109.49.200.104) a 19 de Dezembro 2016, 01:39

 

 

A resposta é, se calhar, tardia. Mas eu, contrariamente a si, tenho que fazer e sou produtivo. Não gosto de ser sustentado.

 

Não sei, sinceramente, o que mais me faz rir: se a sua última tentativa de linchamento ao seu querido Fleuma, se das sucessivas mensagens que tenho recebido ou devo rir deste miserável comentário! Possivelmente, se contarmos com os anónimos, este será dos mais tristes e ridículos.

 

Devo destacar que ainda não foi desta que fui à forca. Embora, por estranho que pareça, tenha recebido mais apoio do que o que esperava ( existe quem se divirta consigo há muito tempo!) houve quem ficasse na dúvida. Mesmo sabendo como é e do que é capaz.

 

Não creio que seja necessário destacar a quantidade de imbecilidades que descreve. Nem propriamente confirmar o que antes alguém já disse; se acha que sou da pior estirpe, execrável e insuportável, não se entende porque razão continua a vir a este local. Mas ambos sabemos, não é? Mesmo com todas as suas nuvens de fumo e insinuações, sabemos quem tem a razão. Sabemos quem fez o quê. E essa é a sua maior mágoa. Não tem rigorosamente nada a apontar. Sabe, bem lá no fundo, que tudo o que tem recebido é merecido. E nunca me vai perdoar o simples facto de nunca a ter aceite como igual. Porque ainda hoje não entendeu a razão de tanto ódio. Afinal, ambos sabemos, a nobre beata tudo fez e continua a fazer para se aproximar.

 

Mas não devo deixar que se atrase muito mais um pequeno esclarecimento em relação e este descabido e ridículo comentário. Mesmo que eu saiba que este foi apenas um seu pretexto para aqui vir poisar a carcaça. Note que não voltará a ter outra oportunidade.

 

Contrariamente ao que delira, eu não fiz qualquer confusão entre si e a outra siamesa. A sua suposta indignação em relação à minha indiferença com a morte de alguém é tão ridícula que raia o grotesco. Sua idiota! Quem não entendeu nada foi você! É tão ciosa das suas intrigas e pseudo linchamentos e ainda assim não leu o que foi escrito noutros posts. A suposta troça com a morte do velho tem a ver com uma tirada cretina da sua siamesa, que num dos seus numerosos comentários no meu blog, jurou pela saúde do pai que não voltaria a entrar no meu blog. Mas no entanto, depois disso, já voltou várias vezes, sua idiota chapada! Por isso TRATA-SE DE UM IRONIZAR COM A SITUAÇÃO!! Por isso, cada vez que essa pequena barata aqui vem, significa que ela se está borrifando para a sua promessa e o velho pode bem já estar morto! ENTENDEU?? O post era para a outra, especificamente. NÃO PARA SI!!

 

Você, beata, é ridícula na sua tarefa de me agredir. Precipitada, ansiosa e muito idiota! Eu não quero saber de quem morreu na sua vida! É um problema seu. Mas julga que tudo sabe, não é? Uma vez mais : NÃO TEM NADA A VER COM O ASSUNTO!!! Meta-se na sua vida que já é merdosa quanto baste!

 

Aparvalhe-se antes e uma vez mais, com a sua capacidade inata de se transformar em figura triste. E não fale de quem não conhece porque a criança é milhares de vezes mais capaz e merece muito mais a vida do que um placebo que respira como você!

 

A beata, na sua ofegante indignação, é o espelho de tudo o que merece desprezo. E fala em instâncias? Mas não é você que ameaça tudo e todos com isso? Sua ignorante, você se tivesse algo para queimar já o teria feito. Acaba por ser igual à outra siamesa, mas você é mais sinistra porque como mais velha deveria ter a noção do que diz e do quanto fingida é essa sua indignação. A outra é mais comezinha e simplória. De resto, porque se admira das confusões?

 

Dos nomes que diz que eu chamo apenas o que se refere a fezes se pode orgulhar de ser seu. Por razões óbvias. De resto, os outros são para a outra parasita. Até porque também tem sido livre a linguagem em minha direção. Desde filho da puta a paneleiro. Nada de mais. Já me chamaram pior. Não. Consigo é rechoncha, gorda, mentirosa, intriguista, ignorante, despeitada e por aí em diante. 

 

Eu respeito a morte. Até mais do que a sua carcaça imagina. Mas não a sua morte. Beata.

 

Um pequeno e salutar conselho, visto que se deu à labuta de ir buscar citações das quais não faz a mínima ideia e que retira de conceito: para ganhar mais simpatias e amizades de amor e solidariedade, em vez de se deixar fotografar em poses de boçal, experimente pôr uma coroa de espinhos à volta dessa cabeça tola e abra os braçinhos gordos na postura de Cristo em frente da sua árvore de natal. De certeza que vai rebentar com a escala, ignorante.

 

Não é necessário o feriado para nada, porque a beata vem com ostensiva frequência ao meu blog. Sabe que não consegue viver longe. 

 

Coma pouco no natal, nunca se sabe o que pode suceder ...

 

 

 

 

 

 

 Não fazia a mínima ideia que as minhas mãos fossem tão grandes! 

 

Tão feias e ainda assim, tão úteis e necessárias.

"Comentário no post A ORIGEM ...

Tu?Amante de alguém???Não percebes mesmo nada aí nesse tubo de teste. O amante da outra não foste tu pa!!!

Pink Poison (IP: 178.166.35.159) a 17 de Dezembro 2016, 22:59"

 

Olá cunt

 

Saudades do demónio? Sim? 

 

Já enterrou o velho progenitor? Paz à sua alma!

 

Serei breve, porque estou cansado e sem paciência para lorpas. 

 

E depois, creio que frases extensas são demasiado para alguém simplesmente estúpida. 

 

Este comentário é redundante e apenas reforça o que já antes disse. Nada mais. Só agora deve ter sabido o que é um tubo de teste, não é? Não fosse o Fleuma falar disso... sua marota!

 

Cunt, para que veja que afinal nem sou assim tão agreste deixo-lhe uma homenagem musical que é o seu espelho perfeito! Seu e da gorda que a alimentou. 

 

Recomendo-lhe vivamente que oiça a discografia destes senhores. Verá que se vai identificar imenso! 

 

Passe bem o natal, sei que já deve ter feito a sua árvore e espera um bom jantar. Claro, sem o velho. Esse já se foi.

 

Até à próxima, lorpa.

 

 

 

A mãe-natureza gosta de se sentar no seu trono e que os seus milhões de servos e servas tragam o seu imenso livro em branco em companhia da caneta feita de pó cósmico. É mãe-natureza porque assim foi decidido por quem não sei. Estranhamente, como seu suposto filho, nunca consegui descobrir, imaginar!, que seja, quem será o pai de todos. Mas ... divago e afasto-me do caminho.

 

A mãe-natureza gosta de criar contos, escrevinhando-os a direito ainda que por linhas tortas. Engendra cenários envoltos em fantasias disfarçadas de realidade. Preconcebe ideias para se manter distraída da triste realização de longevidade. Porque não é eterna. Apenas viveu e viverá tempos além dos meus. É antiga e pouco agradecida. Por isso escreve para se distrair.

 

A sua caneta cósmica flui inventando personagens, que afinal, o que seriam contos sem criaturas vivas? Ou quase vivas. Mortas muitas vezes sem o saberem. Culpa da mãezinha, essa ingrata para os seus criados. Porque se afoga num estranho sentido de humor, brinca. Uns são assim e outros de outra maneira. Nunca descreve personagens iguais. Fomenta a ilusão de vida onde não existe nada. Descreve personagens de cores diversas, mentes diferentes e comportamentos muitas vezes apenas possíveis de imaginar na sua mente antiga e desregrada.

 

De todas as criaturas vivas e  não vivas, sólidas e quase invisíveis, milhões de existências geradas ao longo de tantas eras que a dita mãe-natureza se recusa  teimosamente registar e recordar, surge sempre um remendo aqui e ali que insiste em criar e manter sempre por perto nos contos que pontilha. Não são peças centrais dos seus relevos escritos. São bastas vezes colocadas nas margens mais estreita das folhas. Poderiam ser rebeldes com causas. Satânicos impassivelmente disponíveis para semear o caos. Ou nobres assassinos com piedades ocultas. Até chegariam os mais simples de vida, mais preocupados com o que há para jantar do que salvar o mundo - que a mãe-natureza parece estar virada para  o outro lado enquanto o pomar está a ser martirizado.

 

Não. Nada que se pareça.

 

Teimosamente, escreve para afastar a solidão e assim espelhar o desprezo que sente pelo resto da sua criação. É seu gosto que sejam fisicamente distorcidas. Personagens de fisionomia ligeiramente porcina e ainda assim, bizarramente atarracadas. Ainda que sejam estranhas na sua compleição, emanam um ar comum. Vulgar de quem se encontra todos os dias. Por tais pormenores, raramente são tidas em atenção.

 

E porque razão a mãe-natureza se preocupa e ocupa na elaboração destas personagens? Perguntam outros. Quando bem seria não deixar morrer crianças em agonia. Quando seria mais proveitoso resultaria proporcionar um fim feliz e sem desgosto ao cachorro branco e preto que atravessava a estrada e foi atropelado, arrastando-se ainda  e em agonia para o passeio, enquanto olha para o céu cinzento sem perceber que está a morrer.

 

Porque como escritora de pasquim a mãe-natureza prefere a existência artificial do que se revela realmente feio. Não apenas de corpo que aí a escritora brinca ao pormenor: gosta de quem pode ser agreste de aspeto e seráfico de sentimentos. Gosta de personagens belas de corpo mas escuras como a noite na alma. Mas adora, ama e regurgita por criaturas de diáfana imbecilidade e intriga. Pequenas em expressão e tamanho, livres de envelhecer a seu belo prazer - mesmo que roídas e tolhidas por algo que nem a própria e falsa mãe-natureza pode contrariar. A Morte. Esta sim. Nossa real Mãe.

 

Mas acha que sabe escrever, esta estranha e falsa mãe. No seu sentido de humor distorcido e arcaico vai criando pequenos abortos naturais apenas com um ponto assente: comparar o incomparável, tentando justificar certas existências. E porque é um seu tratamento para o cancro que a consome cuspir abominações.

 

 

 

... DAS FEZES!

 

 

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