Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
É sempre intensamente recompensador conseguir desfrutar do manancial que escorre da fonte da previsão. Da capacidade que desperta reações antecipadamente previstas. Ora porque existe quem não consiga deixar de ser previsível ora porque outros são como crias domesticadas cujos sinais de reação são perfeitamente conhecidos e desde logo, manobráveis.
As reações e indignado arquear mental que certas massas cuspiram ao meu uso da palavra "NÓS!" tem sido deveras interessante. Previsto, mas curioso. Um crispar estranhamente moralista nos primeiros momentos, para depois se converter num assobio de indignação quase infantil. Isto vindo de criaturas adultas. Supostamente adultas e independentes.
Sabia que a maldita palavra "NÓS!" não seria compreendida ou aceite. Muito menos vindo de mim. Por estupidez e falta daquele arrojo mental que suscita pensamentos mais claros. Longe da habitual ladainha miserável que gravita na normalidade de criaturas que me são inferiores. Lamento ter de escrever isto, mas eu esperava um pouco mais de criatividade. Assim não foi.
Não vou explicar o que a palavra "NÓS!" quis pontuar e assinalar. Cristo em fuga! Se assinalou e martelou! Creio que os danos foram extensos e não apenas entre a turba incestuosa, mas mesmo em outras "esferas", aqui sim, surpreendente.
Percebo a surpresa. Afinal e por norma estou só. Tem sido desta forma desde que cheguei a este poiso. Ao longo de mais de cinco anos que aqui permaneço nem sequer cheguei aos 30 seguidores! Diz algo, esta situação. Sei que não sou uma criatura fácil de mastigar e muito menos engolir. Os poucos que me seguem aprenderam a lidar comigo não porque sejam iguais a mim. Sequer parecidos. Diferentes mas também duros e muitas vezes terrivelmente incisivos e implacáveis. Nada próprios para palmadas nas costas e muitos menos diáfanas amizades que minam a maioria. Uma vez mais e lamentando, uma minoria é predadora. A outra? Possível vitima por incapacidade.
A ironia das ironias com a indignação da palavra "NÓS!" e arrufos de nojo é uma joia preciosa que eu nunca desprezo. Não senhor! Nem pensar, santa temperança mental!
Pois então que tanto se falam de lobos sem nunca ter visto um que seja cara com focinho! Tanto se elogia e se afirma ser uma cópia desse mesmo - repito sem nunca se ter visto um que não seja na televisão - em solidão e esquecimento. Esquecendo que não vivem sós mas em matilha. Preciosa joia, vindo de quem se habituou a "caçar" em grupo e sempre, mas sempre regressava para o meio deste quando a punição se tornava intolerável.
Como pode a palavra "NÓS" ser algo tão macilento e amargo entre criaturas cuja a mente espelha claramente e sem manchas a ovelha? Porque grupo é o barro da sua vida. Porque não uivam ou rosnam. Só conseguem balir, senhor! Indignam-se balindo, santa prudência!
Não há coletivo. Há apenas uma aversão ao excessivamente estúpido e ignorante. Ódio a quem promete e não cumpre. Não deduzindo o óbvio: o respeito tem de ser merecido. Não forçado.
Pequena nota de altruísta conquista para a doce palavra "NÓS!":
- encontrei o método para libertar este palheiro de um pequeno parasita que se havia insinuado sem a minha permissão. Deveria, seria mister que o fizesse, louvar as galáxias distantes em suas viagens sem fim. Mas não. Não foi assim tão difícil.
O ABSURDO DA RESSURREIÇÃO ...
Saiba, desde logo, que isto tem de ficar assente:
Porque não é surpresa para mim, principalmente. Até porque há anos, décadas, que perdeu essa chispa única de conseguir surpreender, sequer causar uma centelha de surpresa em quem quer que seja.
Por isto e apenas por esta causa, entre muitas outras, tantas que se fossem descritas você cairia em coma profundo e tão intenso que se tornaria um ato de misericórdia apagar a sua identidade. De maneira irrefutável.
Atente ao que lhe escrevo. Porque é verdade e pior, sabe que é verdadeiro e nem a sua debilidade de Lázaro retardado consegue desmentir isto:
- Por muito que finja afastar-se em falsos retiros sabáticos para logo a seguir simular um regresso épico e muito solicitado nada mais se trata do que um esfumaçar de segunda categoria. Apenas envenena a sua pessoa de maneira mais rápida. Uma comparação semelhante a uma pedinte dependente de qualquer substância que lhe atrofie os pensamentos sobre uma vida miserável e sem realização.
- Regurgite o que entender, mas este "regresso" não terá direito a salva de tiros ou canção de homenagem. Nem sequer lhe será cavada uma modesta sepultura. Não, porque embora há muitos anos a sua mente se encontre morta, o seu infeliz corpo ainda mexe! Ainda insiste nos mesmos espasmos de pequeno cadáver que se recusa a ir sem arrastar outros consigo.
- Perceba de uma vez por todas e talvez se retire um pouco menos pesada:
"NÓS!", somos o mais próximo que uma criatura inculta como você tem de uma injeção de vida. De sentimento do que poderia ter sido. De afastamento de uma existência infeliz e sempre, sempre dolorosa.
"NÓS!", somos a seringa e a agulha, a ponta do dedo que bate para que não existam bolhas de ar no pouco liquido de vida que você, pequena larva, recebe da "nossa" piedade, pelo simples facto de conseguir ler o que escrevemos. Ou rastejar pelos "nossos" caminhos!
- Por isso não se iluda também com isto. Você, gorda insalubre, nunca será a primeira. Será sempre a última. Só existe porque "NÓS!" ainda aqui estamos. Deixará de existir quando "NÓS!" sairmos e apenas fique você e a sua diminuta vida. Sabe que é incapaz de cumprir o que seja. Nem sequer ser portadora de uma réstia de orgulho pessoal. Nunca se irá. A sua suposta ressurreição é uma quimera de dependente. Nada mais!
- Citar o nome Fleuma ou Sicário é um culto para si. Citar o que escrevo é apenas o que sempre foi: nunca deixou de ler o que escrevo ou religiosamente visitar o meu poiso. Até porque não tem capacidade para melhor por isso usa o "NOSSO!" material para se inspirar. É quase enternecedor ...
- Comento quem quero e bem entendo. E normalmente, comento quem tem coragem e não se acobarda atrás da cortina de vitima. Quem, quando você tentou humilhar e linchar, apareceu e mesmo questionando, deu a face. Coisa que você é incapaz e estúpida para o reconhecer.
- Civismo, amistoso ou correcto não existem em deturpações como você.
- Só consigo rir da extremosa importância para a existência humana que uma criatura de duas pernas como você consegue extrair. Imaginando.
Ficou a mágoa. Uma intensa tristeza que se nota em todos os segundos. As paredes erguidas com a solidez de quem se arrepende todos os segundos. Quem se recusa a esquecer. Mesmo enquanto passeia, solene e em carícia, a ponta dos dedos esbranquiçados pelas laterais dos livros que cobrem a estante negra. O sobreolho desencoraja a conversa. Apenas a atenção se prende ora pela capa de Baudelaire, lido vezes sem conta por horas de solidão que escorre lenta, ora se fixa longos segundos na fatalidade de Paul Verlaine, Melancolia,
" Pra vós são estes versos, pla consoladora
Graça dos olhos onde chora e ri um sonho
Doce, pla vossa alma pura e sempre boa,
Versos do fundo desta aflição opressora."
São versos que conhece como os seus batimentos de coração destroçado. Repetidos todos os dias, mesmo perante as horas que esboçam os dias. Para não se esquecer. Relembrar. Repetir todos os dias mesmo que se encontre a folhear Rimbaud - Verlaine era dela. Dos seus prantos.
Existe uma tristeza que entalha as correntes do seu pensamento. Um vislumbrar de quem se casou cedo e num instante! Mas compassou a união sem planos, deixando as pegadas para chegar tarde a tudo. Atrasado ao amor de uma vida. Que pernoitava ao seu lado e em todos os dias o abraçava. Tarde. Atrasado para a agarrar para toda a vida.
O perdoar é um estranho que não o deixa esquecer. Recorda-o sem chegar atrasado. Qualquer submissão à luxúria se lhe subordina. A única dádiva que possui é a de recordar.
De resto, agora já não interessa. Que chegue atrasado a isto ou aquilo. Ao recordar de cheiros e roçar de vestidos vermelhos ou brancos.
O que eu queria era um espelho de mim. Um reflexo que me fosse próximo. Não igual: porque nada se pode comparar a uma natureza como eu. Mas parecido. Talvez algo gémeo e sedento de terrenos comuns aos meus.
Eu queria a justiça de questionar outro:
- " Incomodo? ... huh?", e a resposta seria negativa. Até porque eu sei que sou uma força e jamais poderei sentir-me a mais onde quer que seja esse demais!
Este é um facto indesmentível. A fortiori!! Que desgraçadamente já em muitas luas caí e conheci o pavimento das grandes provações! Por bastos e amargos sabores provei o transe dos vícios. Mas nada se lhe compara em meu coração - um semelhante. Algo em que me apoie. Uma mão amiga que despedaça o silêncio de tantas e mais do que imensas linhas mortas que atravessam os minutos em que penso.
Ah!...
que existo e sou imenso em minha presença!!!
Não pretendo que me seja atribuída a bofetada da inconsciência, mas este meu desejo de algo semelhante a gémeo é estranhamente reconfortante. Direi que se me esbate a moral, mas este é um desejo irreprimível de sexo. Não. Não! Não desse que é físico. Apre! Nein! Porque sou humilde pela natureza humilde das coisas. Falo da imponência de uma outra alma que comigo faça amor intelectual. Que se entregue ao meu arrepio solitário; há minha veia apática que mastiga e cospe as mesmas leviandades vestidas de sabor. Sexo mental. Cópula de almas. Jawohl!!
Mas preciso de paciência na demanda e na fortuna.
E de uma alma como eu: que alargue o buraco da minha consciência até perenes paraísos!
O senhor musgo sempre pensou que seria grande. Um dia imaginou que o seu tamanho seria importante. Que importaria aos outros. Que as suas emoções eram o que bastaria para a vida - existir que antecipava, seria aspergido pelos doutos ventos da sorte. Esta nunca madrasta. Sempre mãe terna e atenta.
O senhor musgo escorrega liso e vagabundo entre as frestas estreitas, enquanto sonha descansar a cabeça em seios de opulência decadente. Em pensamentos anseia pelos braços assertivos de uma matrona em candidez serviçal. Sonha ...
O senhor musgo, em plena consciência e faculdades, queria acenar um adeus épico - embora lamentoso - à sua lastimosa falta de grandeza. Que de grande pastor nada tem. E como musgo que é, crê que nem sequer está nos primeiros lugares para a propensa glória. Mas tem a consciência do que é. Entre acessos de raiva e espirros de vil constatação tem a consciência pesada.
O senhor musgo não aceita e não nega. As suas crias são pequenas criaturas mimadas e exigentes. Esfrega, placidamente, a noção em comoção: a sua companheira é uma bruxa. Uma cretina em distopia que o senhor musgo carregará para toda a sua vida!
Mesmo que se ajoelhe e levante os braços aos céus, o senhor musgo não pensa em salvação. Interiorizou a sua descrença em deus, mas ergue os braços para as nuvens porque assim lhe foi ensinado. Não porque seja humilde. Mas porque necessita da piedade alheia.
É um musgo diferente: não anseia pela pacificação do silêncio. Como deveria ser realidade de qualquer forma de musgo que a mãe-natureza cuspiu. Vivendo dependente da bruxa que o repreende e insulta todos os santos dias da sua porca vida! O silêncio mata o pequeno musgo. A humidade rançosa da prole consome-lhe a vontade - que de grande nada tem. Apenas possui a arte da guerra da uma trepadeira seca e decepada.
Porque não termina com a sua vida, o senhor musgo?
Porque se petrifica com o silêncio. Porque ainda almeja algo. Uma luz ao fundo de um túnel de terror.
Um pedaço de musgo carente que se indignou. A sua vida não foi justa. Não lhe foi concedida justiça.
A Reza do dia
Numa qualquer galáxia distante, uma qualquer criatura desumana pode ter decidido observar este planeta a que chamam Terra. Talvez entre o fumo dos incensos malditos assim tenha decidido - observar e procurar uma rara estirpe entre as existências que caminham e respiram no planeta.
A desumana criatura, vinda de longe, por onde caminha o silêncio do vácuo e a persistência do frio escuro, teria um único fito, onde nada mais importa: ansiava observar uma raridade entre os humanos - os gigantes.
E ficaria pasmada!
Porque afinal, ainda é possível testemunhar a raridade preciosa que é ver gigantes! Criaturas que respiram e caminham entre outros tantos seres de muito mais crassa estatura. Gigantes cujo peso colossal esmaga e oprime pela desajeitada incapacidade de todos os outros conseguirem ser muito mais do que pequenos pontos de carne ante os seus passos.
Senhores das suas próprias preces. Conglomerados existenciais e mesmo assim, crianças loucas que não conseguem pertencer a este mundo. São de outros universos que não este, o nosso.
A estes gigantes, observaria a desumana criatura vinda de outro mundo, tantas vezes se dedicam velas acesas e cicatrizes pessoais. Orações entoadas entre rosários dissimulados aos deuses imaginários. Seres monolíticos porque na sua incoerência nos são antagónicos - não são governados. Governam. Não fingem. Crescem!
E são gigantes enormes que se cobrem com véus de persistente paciência, enquanto se deslocam com a ligeireza do jaguar nas montanhas. Apenas em raras ocasiões e entre ténues vislumbres, permitem que seja sentido o seu peso cósmico em formas físicas impossíveis que se cravam no corpo para sempre.
Sim.
A desumana criatura regressaria ao seu distante mundo muda.
Em silenciosa comoção.
Quer portanto dizer que terminou? Nada mais resta? Posso finalmente concluir que uma era termina. E sem mais demandas?
Que me seja permitido, em hora que parece ser de felicidade, a dúvida - essa cruel madrasta! Que sempre parece abundar em minha existência. Mas duvido. Porque já antes ameaçou que sucederia e depois: um ar que lhe deu! Regressou. Qual Lázaro perante um divino "Ergue-te"! Ressuscitou e voltou. Porque regressa sempre e aparentemente mais imaculada.
Sim.
Seria importante que se calasse de vez. Não por segundos, horas ou extensões de tempo trémulas e tímidas. Não. De vez. Que todas as alegrias são poucas e estas seriam boas novas. E noto que os ares se tornaram mais respiráveis. Quase limpos. Sem corrupção.
Mas gostaria de não me enganar. Por uma vez que a promessa fosse cumprida. Mesmo quando brindada com as habituais tiradas dramáticas e lirismos de berma de estrada. Apenas uma vez na sua premiada existência deveria cumprir. Sei, sabe e todos sabem que assim deveria ser.
Mas talvez e apenas por uma vez em sua vida assuma a sua verdadeira condição e se remeta a ser verdadeira. Reconhecer que termina e que é o fim. Mesmo que seja um terminar sem glória e em derrota.
Merecida derrota.
Por hoje deveria estar satisfeito!
Acaba de esfrangalhar o discurso liberal dos que defendem que deveria ser ela a governar o pais. Mesmo pensando que quem agora o comanda não passa de um cretino! Que nada seria melhor do que ver ambos a arder cobertos de gasolina.
Porque agora é disto que se trata, não é? Um pais solta um traque e meio mundo o que faz? Para além de cheirar? Emite opiniões! Discursos embutidos em alarvidades. Dogmas de esquerda anárquica que imagina a utopia de um mundo onde tudo pertence a todos. E apregoa a liberdade de discurso mas prefere espancar quem discorda.
Devem anos à cova todos os outros! Principalmente aquelas lesmas conservadoras! Ricalhaços mimados que se ajeitam em frente a um tratante. Um desastre constante que tropeça em todas as bermas e passeios e ainda assim: ganhou! Por incompetência da outra!
Por agora é a glória. O mundo caminha para a extinção. E para piorar espreitam os ateus - esses infiéis às leis da natureza que nada mais fazem do que questionar e questionar!
Por hoje deveria estar satisfeito. Deus, sim! Deveria. Mas falta qualquer coisa. Sim.
É necessário que manifeste a sua opinião. Mesmo que saiba, entre os rumores da sua consciência, que as opiniões são como os buracos anais: toda a gente tem um.
A alma permanece acólita do Druida. Pelo menos é como lhe chamo e persisto. Mesmo que haja quem me informe desconhecer por onde caminha ele. Porque escolhe essas escarpas, quando tão fácil seria o voo rasante. O Druida é caminhante entre destroços.
Mas eu chamo-lhe Druida e ele não o nega. Sorri em desvelo enquanto o vento agita a imensa barba branca que lhe cobre o rosto ossudo. Esfrega as mãos ásperas e ergue as sobrancelhas espessas e pálidas pela idade. O Druida não me confirma os seus anos. Nem tantos outros que o conhecem há décadas.
Os olhos ficam vermelhos enquanto o Druida consulta o seu Bong. Afasta com desprimor a farta cabeleira cuja cor me recorda a lua. Conhece os segredos universais pelo seu cachimbo de água enquanto une e volta a separar as raízes da alma - da sua alma. O Druida tem a alma profana mas fala com os deuses. Olhos nos olhos. E afirma com a certeza das escaras que não existe inferno algum! E o paraíso acaba por se tornar uma merda!
Eu gosto de chamar as coisas pelos seus nomes. E as pessoas são como as coisas, precisam de ter nome. Necessitam de ser chamadas. Mesmo que estejam a morrer o nome é a última coisa a ficar. Por isso chamo-lhe Druida. Entre outros nomes - tantos que ele mesmo os desconhece. Ou não. O seu Bong ajuda a desfiar a décadas e os nomes. O fumo abraça o vidro enquanto o homem entoa algo semelhante a uma aurora de notas. As suas botas pesadas marcam o passo da melodia e o pó das estrelas está diante de si - a um esticar de braço.
Ele sabe dos dias de solstício invernal. Ampara a liberdade das noites em serena liberdade. E prefere a companhia dos gatos que se aquecem contra o seu corpo. Em longas horas fica atento ao crepitar decadente da alma humana. Por isso se deixa embalar pela ilusão de solidão.
O Druida revela-se deus. Enquanto solta uma imensa baforada pelo nariz e entre os lábios, encosto a cabeça à parede para ouvir as virtudes de um sol que se transformou em réptil e se arrasta atrás da raça humana. Um Sol sem pés e escamoso. Inóspito e de sangue - frio.