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É neste preciso instante que eu gosto do cansaço, como uma solene recompensa por tudo aquilo que faço enquanto não chega. Por muito gloriosas que sejam as riquezas da insónia para a alma, o que eu quero é cair na cama sem pensamentos, raspar de mim todos os resíduos do dia, escorrer os seus minutos e mergulhar nesse Nada.
Gosto.
... Desses momentos de quase não-existência e prelúdio que nos ensina a morte como esquecimento apagado.
Gosto!
Achas estranho?
E no entanto hoje estes são os meus pensamentos a rasparem na tua porta de entrada, como assombros distantes, suaves como os caminhos da minha paixão, frementes para não me esquecer de ti, mesmo já não pertencendo a este circulo e mundo.
Mesmo assim quebro a minha marcha e ainda regresso, nem que seja apenas com a brevidade da ponte dos curtos minutos que antecedem esta quase não-existência dos que adormecem. Finalmente. Esta recompensa final que gosto ainda de cultivar dentro de mim nunca esquecendo para onde vou mesmo olhando para trás.
Talvez nunca seja algo que te apeteça compreender. Talvez seja algo que rapidamente afastes com um gesto suave como quem afasta fumo. Mas eu prefiro negar isso. Quero pensar que consigo ultrapassar as tuas fronteiras e agarrar no teu resguardo, mesmo que no teu poiso mais escuro e raramente palmilhado. Esta é uma virtude de quem dorme sem sonhar porque é de olhos abertos que o sonho tem sabor e alimento. Só por isso vale a pena regressar aqui.
A Ti ...
(Fleuma)