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Um primeiro gesto de violência no agarrar dos pensamentos enquanto foi esfregando a minha consciência na terra até sangrar. Acho que foi necessária essa humilhação muito pessoal, como se toda essa brutalidade fosse um despertar de algo em mim que descansava em coma profundo, alimentado num soro de raiva e ódio tão venenoso que não era possível vomitar, esvaziar de mim. Tudo porque aceitar a cegueira se torna muito mais fácil mesmo que nos aproxime do abismo.
Sempre foi certa em mim a ideia que impõe as margens da comiseração auto infligida como um acto de fraqueza destrutiva, e sempre foi muito mais do que isso que alimentou e atravessou os meus dias ao extremo de se tornar num eclipse sem fim, um caminhar cego de mãos estendidas, demasiado absorto em pensamentos de morte e no fim destes dias. Um primeiro rasgão tão violento e doloroso que agita os nossos dias a as noites nunca mais é esquecido. O reconhecimento da sua necessidade para a minha sobrevivência abriu as portas para mais golpes. E é tão estranho, quase absurdo, que um processo de flagelo nos torne mais fortes.
No entanto é tão verdadeiro como os instantes desta minha dispersão.
Um despertar necessário. Alinhado por pontas perfeitas. Tão necessário como as mãos no meu rosto que levantaram a minha a cabeça. Finalmente com os olhos longe do chão.
Tão fundamental como aquela palavra de amor sussurrada aos meus ouvidos.
Uma. Apenas uma.
(Fleuma)