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Existe um fogo extremo numa certa criação solitária. No mero facto de existência nesses instantes de solidão, e nessa estranha capacidade que a nossa mente dispõe para planear e principalmente de reconstrução. A própria observação feita em solidão silencia realmente tudo o que é parasita ao nosso redor, não necessita de permissão para julgar e sentenciar. Gosto muito dessa magia que permite observar este mundo de uma distancia, que acredito, planetária e absorta para uma vasta maioria que parece nunca se cansar dos seus dias.
Repito.
Gosto.
Sofro dessa disfunção sistemática que aguça as paixões e os amores pela saudade dos ausentes. E só pode ser encontrada na vastidão física ainda possível nestes tempos de hoje. Abriga as divagações mais realistas e as maiores consequências.
Uma delas?
Nascemos para a guerra. Estamos sempre em guerra e esta está sempre presente em nós. Simples. Básico. Primário. Mesmo na maior solidão pessoal se revelam as nossas armas e batalhas, em mim próprio, a paz revela-se sistematicamente após uma guerra prolongada, exaustiva.
Outra delas?
Eu não consigo aceitar a palavra paz com a mesma intensidade da guerra. Dizem que é um defeito meu porque é mais fácil batalhar do que pacificar. Talvez. Eu digo que os dias de guerra de hoje são os dias de guerra de sempre, e que tenho de aceitar essa mesma face da minha existência tanto dentro de mim como por fora. Mas não sou um cínico hipócrita! Porque ainda gosto de aceitar a outra expressão, essa que ilumina os dias de reconciliação e pacificação depois da guerra. Simplesmente se torna mais fácil respirar no ódio e nas palavras vazias. Nas promessas de um mundo solene e harmonioso. Nesta ilusão mentirosa que transpira cultos e falsas intenções.
E mais uma vez, talvez seja por minha culpa e apenas por isso. Eu sei que a minha capacidade de amar apenas se corporiza numa réstia de outras criaturas de uma forma faminta e protectora. Nos detalhes. Nas sombras e nas horas que nem sempre são as minhas.
A guerra tem essa alquimia da destruição e sei que alimenta demasiado o meu fascínio apaixonado. É como uma besta raivosa que deve ser mantida entre correntes grossas e cadeados sem chave. Adormecida. Embalada em criações solitárias. Em solidão e reconstrução. Na vastidão e na saudade.
(Fleuma)
Alfa - Ómega
Eterna em Mim.