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Aqui sentado, confortavelmente absorto, vi o mundo a arder. À minha volta o fogo consome. Carrega a raiva que sempre governou a natureza. Nada me parece mais distante ou trivial do que a palavra salvação. Posso ter sido eu. Ou tu. Tanto faz. A verdade é que alguém ateou chamas a este mundo. Criou o abismo que finalmente porá um fim a tanta mortificação. Indiferente a isso, eu antecipo. Espero que chegue o fim. Em chamas. Não estou louco. Pelo menos, não mais do que tu. Apenas me recuso a aceitar esta vida. Porque assim ficarei igual ao resto do mundo.
Aqui sentado, absorto, me absolvo. Criando as fronteiras do que poderia ser a minha dança. Permaneço. Transfixo. Silencioso. Apenas me interessa o silvo da chama. O calor que finalmente aquecerá o gelo. O brilho nos meus olhos. A altura em que finalmente sorrirei. Olhando como arde o mundo.
Por fim, descanso . Sem a nódoa nojenta da rejeição absurda. Por fim, a purificação. Ditada por meus actos. Pelo meu desprezo. Imóvel, antecipando a vontade de salvação.