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Olhar a vida sempre de forma tão fria e racional torna-me assim, eu sei. Dá a noção do que por vezes, não sou. Frio e calculista. Sempre à espera de algo maligno e sem escapatória. Sempre em anticipação. Nunca em descanso.
Nem sei o que diga. Nem sequer se devo dizer. Torna-se tão irrelevante. Tão impossivel de justificar. Afinal, tem a ver com a minha própria vivência. Ter de agir de determinada forma, nunca foi o meu forte, perceba-se. Não sou uma máquina, a quem se ditam formas de comportamento. Irrita, eu sei. Que eu nem sempre corresponda ao que de mim esperam. Porque não sorrir, quando é esperado que sorria? Isso faria algumas pessoas felizes. Ou então, animar as pessoas, quando tal é necessário. Para a maioria, isto é algo de normal. Nem sequer se esforçam para executar estas tarefas. No entanto, comigo é transversal. Encontro sempre algum travo amargo na minha garganta. Uma bola de franca insdisposição para me entregar a certas "obrigações". Desiludo. Claro. Provoco frustração. Tão cristalino como água. E depois, dizer sempre a verdade, também é tirânico. Obriga a que o estado mental seja o de uma permanente batalha. Tantas vezes, me dizem que a verdade nem sempre é o melhor. Que ás vezes será melhor calar e esperar. Até porque nem sempre a minha verdade é a dos outros. Um dilema impossivel de ultrapassar, uma vez que não existem verdades universais.
Eu gostaria de ser mais prevísivel. A sério! Gostaria de ser mais "amigo" e menos virado para mim próprio. Forçar aquele sorriso, mesmo que o meu pensamento resida a léguas do local. Desejar a felicidade, distribuir elogios. Faria mais gente feliz. Enganado-as e enganando-me a mim. Mas seriam felizes. E eu? Se calhar, também.
Mas eu até gosto de ver certas coisas. Apenas, está no meu ser, ficar calado. Para mim, o silêncio é a maior das provas do que somos, como criaturas que respiram. Esse silêncio, pode ser uma forma de julgar terrível. Ficar mudo, é muitas vezes sinal de um profundo respeito. Ou de uma profunda tristeza. Lamentávelmente, nem todos aproveitam essa dádiva. Achamos que se trata de uma arrogância inaceitável! Pois, nem sempre eu acho que o seja.
Acusam-me bastas vezes, de não saber amar. Um erro imenso! Apenas amo de forma tão intensa e visceral, que raia a loucura. Amo pouco, é verdade. Não tenho "espaço" para amar tudo e todos. A torto e a direito. Mas não preciso de pregar o meu amor. Quem eu amo, sabe-o. Sem dúvidas ou incertezas. Mas não acredito no amor poeta. No amar submisso e prisioneiro. O amor, homem-mulher, pais-filhos e por aí em diante, existe. Deve ser preservado e aceite. Mas todos somos diferentes. Pensar ou idealizar o amor como queremos, ou queríamos que fosse, é desterrar essa nossa paixão. Envia-la para terra de ninguém. Não posso explicar se amo ou não de outra maneira. Apenas no desejar alguém. Senti-la como minha, não como propriedade que ali fica para eu admirar, mas como parte que realmente me completa. Que no prazer me deseja e se dá, sem dúvidas. Que se deixa amparar e me ampara. Para mim, é isso o amor. Tudo o resto é panóplia poetica e maçadora. Quantos se poderão gabar de amar assim? Não o sei. Não me interessa.
E também me amo a mim próprio. Sem presunção. Acho que o maior erro de quem diz amar os outros, é não gostar de si próprio. Com todos os meus defeitos e virtudes, se não for eu que ame a minha maneira de ser, mesmo que errada ou discutível, conseguirei amar outros? Quem me conhecerá melhor? Eu. Eu mesmo.
Portanto, e com pena, não consigo corresponder ao que de mim espera a maioria. Não peço perdão. Sou como sou. Se alguém me aceita, fa-lo porque também será aceite. Sem juízos ou racionalização buçal. Modificar-me seria matar-me. Já tentei faze-lo e os resultados não foram bonitos.