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Alimento esta fome. Esta vontade. Prefiro o corte da lâmina. O golpe do bisturi.
Abomino a saudação contemplativa. Odeio a candura das pessoas que tentam apaziguar. O que não é possivel apaziguar.
Que venha o corte. Que seja mais um! Assim deve ser, comigo. Magoa. Está muitas vezes, neste bisturi, a noção perfeita do que são feitas a minhas ilusões. Meros véus de existência. Apenas isso.
Mas também o sei. Que por cada corte, mesmo que muito profundo, um eco é escutado. E é sempre pessoal. Verdadeiro. Não me ilumina o caminho. Nem sequer é escutado por outro que não eu, mas é música! É canção.
Estranha vontade. Não fugir da dor. Mas por cada corte há sempre um aprender. E aprendi algo primordial à minha conduta. A capacidade quase inumana, de me suturar. Coser cada ponto com perícia. E paciência. Tanta paciência! Nada fica como antes. A alma torna-se numa manta de retalhos. Abrasiva e despontante.
Esta fome de cortes e de bisturi, é uma musa prostituta. Inspiradora. Dominadora. Mãe de todas as minhas visões. Mas castradora. Possessiva. Irresistível, porque mostra o caminho a seguir ....