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Senti, pressenti

que por onde caminhas ouve-se

o vento

aragem que sopra

do lado negro do Sol

em plena viagem de glória

as tuas asas por mim se abriram

em voo planante te insinuaste

 

A minha boca que se abre

num espasmo sorriso

a nova alma que me trazes

porque são dias tristes

estes em que divago

onde se torna a paz, tão

rara, tão leve

como o teu bater de asas

 

Atravessas a falsa luz

acariciando os meus olhos

com o teu dançar

e em ti, regressa o tempo

a pressa de voar

a melodia em cada suave lacrimejar

onde um simples bater de vento

volta a ser uma promessa de libertação...

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Só mesmo por um infâme designio da natureza permanecem fieis à raça humana. Só mesmo por incongruente delapidação natural, eles acham que nós os merecemos. Neles, já o testemunhei milhentas vezes, se pode confiar. Até ao fim.

Porque somos isto: esterco e morte. Porque detestamos quem nos segue. Julgando que com uma miserável guloseima, se consegue o que deveria ser conquistado. Passo a passo.

Mas porque escrevo sobre isto? Porque os respeito mais do que outros da minha espécie. Tão só. Porque mesmo sem deuses, são generosos. Porque nunca se queixam. E talvez, porque longe da podridão humana, onde não entra a hipócrisia e a inveja, mesmo assim, nunca serão realmente... nossos!

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Pretendi, ousei(!), tentar caminhar por onde andas! Sentir como se afaga uma criatura, em toques de erva fresca. Despido de vontades, onde tu caminhas, eu já me perdi. Junto a ti, braço com braço, anseei por Ver. Sorrir onde tu gargalhas. Absorver a tua inspiração e a tua expiração. Quando do teu coração, retiras um Sol. Um Sol! Tamanha radiânça emana! Fere-me os olhos. Pois, não sabes tu, que sou criatura de escuridão? Que onde rastejo, o frio é a minha cama?

Mas segues. Despreocupada. Por cima, levemente, da terra que me atraí. Uma aura branca entrelaçada em espasmos escuros. Uma absurda verdade. De negro feita. De luminosidade impossivel, concebida.

O teu chamamento, há muito escutado, ainda hoje se torna imperioso. Capaz de me arrastar desta caverna lúgubre. Porque o teu estar e voar, clama por mim. E só assim ficas única.

Dá-me paz. Dar-te-ei sossego. Vigilante. Na escuridão.

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