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" aos olhos de um louco..."

Eu desejo apenas a eternidade dos momentos, sabendo que não sou eterno. Talvez por arrogância. Talvez porque desconheço outra forma de sentir certos momentos. Não sei. Não quero saber. Nunca me interessou a maldição do que seria uma eternidade vivida, mas certos instantes deveriam ser para sempre gravados, como moléculas dispersas, genes egoístas, que se recusam a ceder à dádiva de morrer. Nestes momentos, eu recuso a ideia de que nada é eterno. Existem em potência, durante as noites em que me permito a liberdade do que sou realmente. Eu. Em comunhão, a girar por outros Universos, mas ainda assim: Eu.

Momentos para respirar uma outra alquimia. Um rugir dos sentidos, afiados numa equação de unidade onde consigo tornar-me parte de um todo - nem que seja apenas por alguns momentos. Uma ironia suprema, este varrer da solidão para um canto distante, como quem tranca a sete chaves o monstro.

Gosto, nestes precisos momentos, de deixar de me conhecer. Gosto de abrir a porta às sombras e deixar que entre um perfeito desconhecido, antes adormecido dentro de mim. Vergo-me a ele enquanto me encanta até que me torne negro, desfigurado de qualquer outra emoção senão a que me despe de tudo o que não seja liberdade, quando todo o resto se revela vazio, distante e irreconhecível. 

O coração é uma trovoada na escuridão. Os olhos sonham entre os véus negros desses instantes. Os ouvidos escutam o que antes desconheço.

Deixo entrar o odor deste desejo de momentos eternos.

E nestes instantes que desejava, fossem para sempre, entre os meus próprios demónios, oiço a minha voz a crescer...

Como se, por vezes, o verbo fosse a verdadeira oração para continuar a viver.

Fleuma,







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