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(O NOME DO VENTO)
Quando chegares a este lugar mais alto respira comigo. Reconheço esse varrer de emoções que transpiram nesse lugar alto. Essa nostalgia que irá cruzar a tua mente como uma serpente que se recolhe, de olhos fixos, perdidos no horizonte.
Respira, enquanto as nuvens tombam entre os braços esticados do nevoeiro pálido, debaixo de um céu rachado, cinza prata, inclemente. Sossega a tua voz, muda, em elação. Aqui dançam os ventos. Cantam e assobiam melodias de antes, deixam memórias de tantos sons! Ocultados pelo uivar dos Deuses!
Quero que respires comigo neste vento agreste mais velho do que o próprio tempo, de pés assentes neste solo que é a nossa própria casa, de queixo erguido acima dos ombros vergados pelo peso de tantos dias a caminhar. A sabedoria dos Deuses escrita nas tuas sombras, a escuridão transformada em alquimia de luz, diz-se... E eu sei.
Deixa morrer as palavras nesse abismo de silêncio, que a voz sufoque em submissão, esmagada, coberta por véus de sedução maldita, inebriada, transfixa.
Quero que, ainda assim, permaneças direita, orgulhosa, a sangrar, mas inquebrável. Destinada, mas pelas tuas próprias mãos. Criatura em desafio, agachada no seu próprio paraíso. Imersa nesta arte de fuga e enquanto os ventos falam de si no final deste caminho.
Mesmo nos dias em que horas conspiram para o esquecimento não deixes que adormeça a memória de onde foste verdadeiramente feliz.
Livre.
(Fleuma)