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JOHAN BARRIOS
Por vezes, nestes últimos tempos, ainda que cada vez mais raramente, ainda consigo deixar que um certo espanto consiga atraiçoar-me os dias. Não deveria acontecer, sei disso. Mas porque sou uma criatura pouco inteligente, às vezes olho para baixo e o espanto surge.
Veja-se o caso deste local de desvairos: espanto-me, sem apelo, na necessidade de continuar a ser fustigado por comentários onde, pura e simplesmente, rudemente, me são afirmadas imediatas necessidades de encerramento deste blog. Talvez tenham razão. Mas mesmo que essa possível razão exista, abre, desde logo, um sério problema para mim: eu não gosto de imposições! Muito menos tolero ser forçado a algo sem que eu possa decidir também. Possivelmente, um defeito meu. Ou se calhar não. Talvez me irritem as criaturas que, na sua própria tristeza, pretendem qualquer influência por estes lados.
Porém, até acabo por transformar alguns comentários e outras mensagens, em tubos de ensaio de estudo humano; parcas migalhas de pobreza travestida em moral, e principalmente, a arrogância imbecilóide que se outorga a si mesma a ilusão de me conhecer.
Apenas alguns exemplos ...
" ... não tens sentido de humor, és seco e sem graça...",
Em meu abono, se não for muito incómodo, gostaria de afirmar apenas que não consigo evitar o riso quando leio isto. Mesmo sem gargalhadas, devia contar como um pouco de humor ... Não? E não sei se tenho graça, embora haja quem já várias vezes me garantiu que até sou gracioso e capaz de gracejar com muita leviandade. Pode ser porque gostam de mim e não querem magoar-me? Já agora, seco só se for porque tenho pouca ou nenhuma massa gorda em excesso, o que me dá um ar meio bárbaro, aspecto que sei ser pouco apreciado por certas elites. Lamento.
" ... há escuridão e demasiado culto ao que é escuro. Deveria mudar o grafismo deste local..."
Presto culto ao que me interessa. Por isso, uma pontinha de orgulho pela sua ignorância. A imagem deste local foi recriada por uma pessoa que, por razões que ainda desconheço, conseguiu "entrar" na minha consciência por breves instantes, suficientes para tornar este local num espelho. Por isso, ficará enquanto eu ficar. Ou, mais uma vez, decidir o que quero mudar.
" escrita depressiva e incapaz de alegrias ..."
Se é esse o ponto, continuo sem entender porque regressam. Creio que pode ser um acto de reflexão, em que certas palavras são recortes na nossa própria banalidade e por isso somos incapazes de entender o que que aqui se escreve? Será muito complicado? Poderá ser esquecimento quanto ao facto deste ser um local pessoal e não deve satisfações a nenhuma outra criatura?
Uma vez mais repito-me: o afastamento pode ser uma arte de fuga. E não tem de, necessariamente, ser uma covardia. Partir para locais mais arejados, cheios de luzinhas e viagens que nunca se concretizaram, pode ser o bálsamo necessário para menos atrocidades que certos comentários e mensagens persistem em comungar.