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Compreendo porque vejo nele um espelho de mim próprio muito para além da falsidade na crença de uma "alma-gémea" e na banalidade que se tornou pressentir-lhe os caminhos como se fossem os meus, mesmo sabendo que somos de outros locais e de outras passagens mas que acabaram por se cruzar. 

" ... um espelho de mim próprio ..." como se fosse um irmão de sangue, um apoio numa parede sólida mesmo em dias negros e de sombras penosas, um reflexo que puxa as minhas incertezas e abandonos. Um irmão de existência lenta como um fogo que aquece nas noites de gelo inclemente, áspero como eu, o meu diário pessoal, muito meu, uma viagem da alma se quiserem. Sempre pensei nele como uma sublevação e um ditador de si mesmo, violento contra as suas emoções, perfeitamente adaptado aos rigores de um mundo de merda - imperfeito. Tal como eu.

Imperfeito. 

De algum modo, um dia destes serei capaz de explicar porque será esta a verdadeira essência de um irmão nos seus reflexos e nas suas paisagens negras como se fossem minhas, sem retoques de primor na sua beleza difícil, crua e severa, mas que oculta uma pacificação sem os ventos da tempestade. Um reflexo pessoal que pinta o Inverno nas cores da nostalgia e onde eu gosto de descansar nos silêncios que me ensinou a proteger.

Antes temia que tudo isto me tornasse menos "humano" e ainda mais vulnerável. É difícil aceitar uma intensa "ausência de luz" como um acto pessoal de libertação e por vezes tão necessária, onde assume a proporção de uma preciosidade que respira dentro de mim. Não poderia estar mais equivocado. Mesmo que nem sempre imune à fragmentação.

Não conseguiria estar mais errado. 

(Fleuma)


2 comentários

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outradecoisanenhuma 17.10.2024

Estive quase quase a perguntar por ti.

Que bom ver-te.
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Fleuma 18.10.2024

Obrigado.

Ainda respiro...


Abraço.

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