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Eu sei que Asgard espera. Que brilha. Por entre os dias claros de fadiga. Nas noites de saudade distante. Sei que aguarda. Nas canções escutadas ao raiar da aurora. No brilho da chama que aquece em noites de nevão. Vive. Nos ruídos nocturnos das marés geladas que não trazem outras noticias que não sejam as que o teu segredar já me revelou.
Assim cresce a falta. Sempre corrompida pela distância. Por Asgard brilham os meus olhos. Assim cubra a tinta o meu rosto que se envergonha deste mundo. Eu não pertenço a esta era. Estou de passagem, apenas necessária para que nos encontremos e assim seguir viagem juntos.
E não existe deus que possa demover-me. Já que tudo se encerra em ti. Toda esta espera antecipando a partida. A fome do teu beijo e riso alegre. Os braços que me sustentam perante a queda anunciada. Sei que Asgard espera. Senão, como poderia a tua voz ser tamanho bálsamo? Mas não quero iludir-me. Por muito que assim tentes, quero que a morte chegue primeiro à minha porta. Quero entrar antes de ti pelos portões sagrados. E esperar a tua vinda.
Compreendi porque deixei todos os outros para trás. Aceitei os sacrifícios que faço e que todos os dias me assassinam mais um pouco. Que deixei crescer o meu egoísmo ao extremo de atravessar todos os que me afastam do teu toque. Não interessam. Porque não existe em mim espaço para mais nada nem ninguém.