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O mundo é um lugar de paraísos. E o que faz um demónio como eu para sobreviver entre tantos anjos? Desde logo, o café e um cigarro são o começo. Um início para o facto de que não me importam os outros e o que possam pensar. Acrescente-se a isso, uma severa incapacidade para dormir a horas decentes e acordar cedo. Depois, a sensação de que todos os venenos exprimentados apenas servem para me afastar do mundo. Tranforma-lo em fumo. Apenas permanecem certas imagens bem marcadas. Duramente marcadas.
Mas tenho uma velha poção, algo parecido com uma mistela de bruxas. Gosto de mexer e remexer com os dias, como se estivesse a escrever música. E as coisas tornam-se estranhamente simples. É como observar um gato a dormir, coisa que aparentemente parece fácil e até simplória. Mas é preciso ser bom observador e entender os gatos para saber que no seu aparente dormir, habita uma sentinela que não se limita a vigiar. Esta simplicidade é o que denomina certos demónios. Isso ... e a incapacidade de ver laços coloridos à volta de farsas. É não ficar do lado supostamente certo. Acima de tudo, habitar no doce egoísmo de saber que gosto do meu demónio com umas sábias gotas de veneno.