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Certas palavras são como canções que não nos pertencem no tempo, são um ressoar de surpresa, um rugido silencioso nas sombras. Proferidas, rasgam os sentidos destruindo a distância.
Escritas?
São estranhamente belas, impossíveis, e podem pertencer a qualquer imprudente afortunado que nelas encontre um porto de abrigo. Por vezes, são escritas com aquele vigor imponente que nos arrasta pela sua força sinuosa e sonhadora. São raras estas palavras, traçadas com aquele dignificar proibido que consome a nossa chama primordial. Gosto de dobrar a minha cabeça sobre elas e sorver alimento pontificado, sentir-lhes os ventos escuros e frios dos seus dias, deixar latejar o meu coração fantasma na certeza de que mesmo não sendo para mim, por alguns instantes, estive presente. Lado a lado.
E quando as sinto como minhas?
São como canções que sempre me pertenceram. Porque é assim que desejo. Que sejam canções por mim conhecidas, fustigadas por forças que tantas e tantas vezes chamo e de quem conheço todos os nomes. E gosto de nomes. Gosto de saber nomes como se fosse necessário para justificar a minha necessidade de as tornar minhas.
Olhadas da sombra, certas palavras são tão belas como tentações para os malditos.
E cintilam. Como os fogos primordiais em pergaminhos proibidos.
Fleuma,