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Eu ...

Norte ...

 

Gosto, nos meus caminhos, de preservar a capacidade de observar outras atmosferas que não me pertencem. É demasiado fácil para mim erguer os olhos para a frente e esquecer-me de outras latitudes. Erros que cometi antes, quando decidi aceitar decisões sem proferir uma palavra, porque, miseravelmente, achei ser mais sóbria a distância. E a neutralidade depressa se confunde na espessura da indiferença - fico sempre naquele crivo das criaturas que padecem do travo amargo dos que, afinal, nada, rigorosamente nada ganharam.

Mas ficaram pequenas faíscas que apenas servem para me atormentar certos dias pelo corte exímio da Navalha de Ockham, reconheço que certas perdas são irreparáveis ao ponto de provocar sabor a remorso. Aprender é demasiado doloroso para mim e a tentação de permanecer em doce ignorância ajuda a carregar certas verdades.

Por isso banho-me em ti, nas tuas palavras e atmosferas, como panaceia para me assegurar que não estou realmente só neste oceano. E porque não são necessárias explicações, nem sequer menções de honra, caminho ao teu lado, sentindo-me em casa.

Mesmo sendo um fantasma para ti, ando contigo.

Por aqui bate muitas vezes um vento agreste e esta minha paixão pelo frio nada tem de inocente, sabes. É que o gelo é um mestre e senhor no sono dos dolorosos, porque cala os verbos e fecha os olhos ao que nos rodeia; mas não tolera o esquecimento e se não fores hábil nas tuas paixões, se permitires, mesmo que brevemente, que esta aragem fria te beije sem que fujas, nunca mais deixarás de conhecer os cantos mais escuros, aqueles onde habitam as sombras daqueles que saíram e não voltaram, da solidão de quem não consegue encontrar o caminho de casa.

Isto não é um lamento aos ventos. Antes o saborear da tua arte menos sombria e escura. É antes o teu olhar e a tua melodia que respira cintilante.

Mesmo fantasma, ainda ando ao teu lado.

 

 

 







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