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Talvez fosse necessária toda uma vida para aceitar tudo o que foi deixado para trás. Tudo o que não foi corrigido. Estas, serão sempre as mais severas chicotadas. Estes serão os golpes mais fundos. Por estas escarpas é praticamente impossível passar.
Creio nesse frio que cresce cá dentro. Acredito nos céus rasgados porque creio que se torna possível que sejam criados em nós. E não são necessárias mais criaturas ou maiores palavras para servir de testemunho ao que foi deixado abandonado. Basta que note como se morre lentamente por estes dias. E eis que tudo se torna um mal menor aos olhos mais experimentados. O sussurro de amor descamba naquela faca fria e cínica sempre pronta a rasgar a garganta. Os olhos imensos, profanos de excitação e desejo, eu já muitas vezes testemunhei, tornam-se diferentes. Afogados naquela casa onde a razão já não reside. Deixou de habitar.
Chama-se calor humano. Não me interessa quantificar, saber desde quando. Pessoalmente e porque me considero acima de qualquer outra coisa menos importante, um viajante, temo ter de admitir que o que me aquece está muitas vezes longe de mim. Daí que seja pouco provável escutar outra melodia de encanto senão a que escolhi para guia. Portanto e sozinho com os pensamentos, afogo-me nos minutos e horas que me separam do que já não pode realmente ser corrigido. Porém, sou incapaz de me votar a qualquer arrependimento. Incrédulo a perdoar. Recusando pedir perdão.