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Still glowing ashes ...
Gosto do caminho feito no gelo branco. O peso das botas que se afunda na neve macia. Gosto do arfar fatigado e do vapor gelado que se liberta do corpo em andamento. Porque sempre persiste a ideia de calor. Ou então, a vontade que assim aconteça. Tantas vezes, o vazio do inverno é preenchido pelas visões de refúgio. Onde existe o fogo e a bebida que embebeda. Tantas vezes ... O calor do afago e reencontro. O contacto do corpo ... É difícil explicar ...
Como posso eu explicar a importância de um beijo ou carícia recebida? Como? Se eu próprio não consigo explicar os meus beijos ou carinhos. Se tantas são as vezes que me silencio, incapaz de de proferir o que seja em defesa do que recebo e dou ... Não se nasce a aceitar o silêncio como resposta. Poucas são as pessoas que percebem, que nascem, capazes de compreender o peso do silêncio. Sei que sim. Porque também sei que este sossego nasceu comigo. Silêncio. Por isso é fácil perceber como pesa.
Veja-se que não o lamento. Mas aos meus ouvidos quando me é segredado "amo-te", soa-me tão estridente! Sentir-me parte de outra pessoa? Alguém que eu possa trazer para a minha sombra? E depois? ... O abraço amado e o resguardo que me assegura que tudo irá ficar bem. Terminar em paz.
Eu ainda persisto na ideia. Ainda. Não consigo sentir algo tão intensamente debilitante por mais ninguém. A razão é cristalina. Morreria seco.