Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Photo: Johan Strindberg
Pelos dias onde a miséria se torna absoluta e presente? Três passos atrás. Por entre dentes, silvando em silêncio, resmungando tremores de frio. Sentado. De olhos cerrados. Longe do sol nascente. Dedos juntos em preces sem deus. Chora e agita-se. Em cada dia passado, alimenta a morte que nunca mais chega. Bastarda! Nunca mais chega e nem sequer precisava de bater à porta. Bastava retirar as mãos dos bolsos mágicos e acenar.
Hoje? Mais uma marca. Nada a fazer e nada mais. Prostrado e calado. Olhar ao longe... em direcção ao solo. De olhos vermelhos e receosos. Dá vontade de abraça-lo e sussurar-lhe palavras de sossego. Mas, e porque a miséria não é realmente física, é antes quando a alma cede em lenta agonia, bebemos café tão negro e amargo como os pensamentos martelados e pregados a aço que lhe fustigam os dias. Fica o ardor na língua que não se agitou para falar. Permanece a vergonha pela incapacidade que temos para transmitir calor humano, esse mítico profeta de harmonia que nunca existiu, a não ser em sonhos. Ou não fossemos nós fios condutores tortos e disformes ...
E se pensa voltar atrás, talvez recuperar o que foi perdido, depressa desiste. Seria forçado a tragar toda a lama deixada pelos cantos caminhados. Antes aquietar-se em miséria. Esperando. Ombros descaídos.
... E a bastarda nunca mais vem!