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Talvez ficando em silêncio seja melhor. Creio que pode ser a maior prova de respeito por pensamentos que não são meus. Torna-se difícil, muitas vezes, poder acompanhar a torrente de palavras usadas para tentar explicar o que quer que seja. Pensamentos traduzidos em sons são raros. Porque são arrancados a ferros. Mas o pensamento é, absolutamente, solidão. Sempre acreditei nisso. Ainda hoje acredito.
Nada se lhe compara. Solidão real, muitas vezes palpável e dolorosa. Mesmo achando-me perdido entre rostos e abraços, os pensamentos são a última fronteira que nos separa. A mim e a ti. E é ficando em silêncio, mesmo entorpecido pelas magras palavras de explicação, que respeito essa solidão.
Não é nada incomum, pelo menos para mim, a dureza do afastamento e a contrição de estar só. Eu escolho muitas vezes esta situação. Porém, consigo perfeitamente adivinhar a morte lenta dos que não quiseram e muito menos escolheram a solidão. É como receber um soco sem aviso. Sem merecer. O desgosto que invade os dias e as noites é uma companhia que se senta à mesa, em frente a nós. Exige ser alimentada. Não emagrece. Engorda com os destroços.
E o silenciar? É melhor? Por mim falaria. Mesmo que nada mais do que lugares comuns. Mas a companhia que te faço tem de chegar. Não é fácil dançar por entre ruínas e tu bailas mal no meio desta escuridão.
Pouco importa, eu não estou cego e ainda te vejo. E tu sabes que eu sei dançar.