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Que estranha é esta sensação de alivio quando o silêncio se transforma num colosso! Quando o céu se adorna de mantos cinza e cobre. E chumbo. Quando a escuridão, voluptuosa, abraça os mares prateados e as encostas geladas. É como se um desígnio fosse finalmente quebrado e a tempestade de gelo na montanha distante - mas tão perto! -, cavalgando entre os ventos agrestes do Norte, uivando, livre, na imensidão daquele firmamento, fosse um prelúdio desde sempre anunciado. Cintilam os olhos, enquanto o coração bate selvagem nos fjords, naqueles preciosos instantes em que a alma deixa de ser nossa, são outras as luzes que se acendem.
Não falam de medos mas de força e superação. E entre tanta grandeza e perante a nossa mesquinha dimensão, sussurram ainda assim, entre o clamor das tempestades, algo tão suave e tão gigantesco: um Amor, que primeiro nasce em nós pequeno e primordial, desprotegido e quase sem respirar, saído de um purgatório que parecia não ter fim. Um amor inconfessado, sem donos e amantes. Nosso. Salival e egoísta - mas tão portentosamente sublime porque vai crescendo tão dolorosamente! Um preceito que nos vence e alimenta aquele fogo do orgulho, enquanto vamos sendo arrancados do chão.
Não sei como o explicar de outra forma.
Talvez porque seja necessário sentir este Amor como um egoísta faminto. Talvez porque só na condição hedonista este se revele.
Não consigo explicar como é que algo tão seminal seja acordado do seu torpor por uma Terra e outras Gentes!
Procurei uma resposta para este Amor, que se arrastou de fragilidades e fraquezas, e continua a ameaçar afogar-me nos seus braços. E sei onde está essa resposta. Desconheço apenas onde encontrar a Chave da fechadura.