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Pinturas de sangue humano, Maxime Taccardi
Nunca consegui entender a falta de capacidade que tanta gente possui para entender a solidão e o desespero. Não porque me considere especialmente versado nestas duas formas de diálogo intimo - embora não me sinta estranho a eles. Talvez porque se assustam com a serenidade que brota perante o irremediável de certas solidões e desesperos. Só assim encontro justificação para a mágoa que fica. Quando apenas permanece a ideia de eternidade silenciosa. A ideia de que a solidão e o desespero nunca irão terminar.
Mas detesto a apatia das pessoas perante a sua falta de entendimento. A sua preferência por um refugio quase sagrado na indiferença do amanhã poder vir a ser melhor. Mesmo que saibam do crescimento daquele grão que germinou, ainda que contra a vontade alheia, e se recusem a aceitar solidão e desespero como ferramentas de ruína. Porque se olham para as pessoas como casas em construção e se esquece do que ficará no fim: telhas partidas, pó no ar, ervas e soalho podre.