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Seria importante que me fosse concedido um perdão da tua parte. Repara: nunca o pediria a mais ninguém. Muito menos de maneira tão veemente. Receio ser tão violento como a veemência de quem duvidou de ti. Ainda que em segredo, enrolado em nós no estômago e pensamentos de breu. Mas reconheço a dúvida e muito mais. Cinismo céptico.
Mesmo observando atentamente o teu combate todos os dias. Tantas foram as noites ao teu lado, respirando o teu suspiro, que terás de ser serenamente sábia comigo: a dúvida cresceu em angústia de que não vencerias. Perdoa-me, sinceramente. Mesmo as pequenas vitórias não enchiam este mar de cinismo porque me esqueci que as grandes batalhas são vencidas com diminutas conquistas.
Estúpido descrente!
Quero o teu perdão como punição pela minha crença de que existem impossíveis; por não ter reconhecido a tua armadura dourada e o teu silêncio sem voz que tudo me dizia, quando a febre subia e os lábios eram crostas. Perdoar será o único bálsamo que me poderás oferecer. Mesmo que esse rir me inunde de luz e certezas. Agora sim, certezas. Preciso desse assumir que tudo o que dei de mim não chega. Deveria ter acreditado.
Posso esperar dessa imensa maré, corrente e vontade que brilha cegamente em ti um pequeno laivo e rastilho de perdão? Que posso descansar quando me disseste que esta era a canção da tua vida, quando a idade em ti é ainda uma aurora? A "tua" canção, quando nas tuas dores a escutaste acompanhada pela minha voz, desesperadamente tentando que dormisses.
Mesmo com o teu perdão e mesmo que escutes esta canção para me recordares nas ausências, sabes que nunca te abandonarei. E que só por ti procedo a esta purga que me consome todos os dias.
Mas nada temas princesa. Não tenho apenas defeitos.
Sou também teimoso. E vigilante.
Só mesmo por ti me arrependeria do que sou.