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" Sabes que reter o respirar por muito tempo, leva ao sono eterno?..."
(999)
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São de magnânima virtude aqueles que conseguem resistir ao vazio frio e áspero das ausências. Uma serena minoria, direi, que parece transformar em canção interior, como se mastigasse, digerindo lentamente, o sofrimento de uma paixão quebrada em lascas quando pessoas se afastam para sempre.
A minha compreensão não abarca tanto. Mas certos vigores transparecem montanhas. Só um oceano ocupando o lugar da consciência mais racional consegue justificar para mim que certas criaturas perante uma caixa repleta de escuridão, colocada com sobriedade por quem saiu, consigam respirar em estado de sufoco e emoções que são massa de vidro rude.
Para mim a virtude de alguns na sua bizarra sagacidade não escorre na lâmina grotesca de certas despedidas; este não é o maior dos fardos e tormentas. A magnitude de certas criaturas habita no seu cantar interno ao martírio de um silêncio sem fim, a rejeição e as incertezas. Na recusa de dobrar a uma dor que fica impassível mesmo que coberta pelo sal da inevitabilidade. Quando criaturas amadas se esfumam por completo e como se nunca tivessem partilhado caminhos.