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foto - Sophia Maier
Não deveria ser concebida uma vida com um pouco que seja de validade existencial sem o presságio de certos sorrisos. Sabores de uma face. Petulantes e senhores das luzes matinais. Mesmo perante a humilhação destes sorrisos, nenhuma salvação deveria ser concedida. Nem caminhos trilhados.
Não deveria ser pensada, estratificada ou imposta qualquer política humana sem muito antes, num longínquo começo, testemunhar a penitência dos olhos que sabem, semeando, sorrir. Ainda que para nosso cego espanto, contassem sobre escuridão. Ainda que entre o pó da idade fossem luz. Estranha luz. Como as estrelas da manhã.
A idade envelhecendo deveria, sistematicamente, ser pontuada por certos sorrisos - daqueles que quando testemunhados escorrem o sabor de uma eternidade sabida apenas por estes alquimistas. Apenas e só.
A visão deste sorrir deveria constituir a única e verdadeira lei universal. Acima de deuses ou filosofias. Seria o calar de dúvidas e o sossegar antes da morte. O último suspiro, fechar de portadas antes do fim, deveria ser eleito pela visão de certos sorrisos esculpidos entre os sulcos benignos do pai-tempo.
Só por este sorriso, contemplado mesmo que na mais profunda solidão de morte, algo se acenderia e justificaria termos existido.