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OS TRAÇOS QUE DEIXAMOS ...
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-48340248
A Vida um dia perguntou à Morte " Morte, porque razão sentem as pessoas amor por mim e ódio por ti? A Morte respondeu " É porque tu és uma bela mentira e Eu sou a dolorosa verdade"
Este amor que nos torna arrogantes entre palavras de fé e a necessidade de permanecer vivos. Este amor, estranho amor, que nos transforma em alcoólicos sedentos de comandar os outros, mesmo entre os últimos espasmos e respiração diluída. Este amor que não permite o descanso da morte enquanto dormimos e insiste na crença do consolo piedoso enquanto o corpo permanece imóvel e silencioso, um idiota desabrigado ...
Este amar em desconsolo, como que mastigando as lâminas de um desejo de libertação deste mundo, decide, insiste, no ouvir da respiração do menino perdido, como que venerando um artefacto que não escolheu a sua condição. Como se cada homem não fosse, afinal, uma ilha em si, mas uma peça deste imenso todo a morrer lentamente.
Este amor que não perdoa partidas sem despedidas; esquecendo que se perdeu a cidade, o cheiro do mar e a vontade de abrigo. Este amor que se veste de devoção mas não concede perdão a quem já não sente passarem os dias ou o calor do sol; que o corpo permanece sem dormir e sem acordar, entre os dias que se chamaram anos.
Este amar resoluto e insensível ao cessar do labor físico, este amor intolerante a deixar que esse corpo descanse na sepultura, torna-se cego, surdo e mudo ao momento mais belo e único da nossa existência - ouvir o nosso nome pronunciado pela última vez.
Existe quem ache amar tanto que para isso não deixará entrar a Morte. Mas eu sei melhor. Sei que quem ama assim sonha que a vida tudo de belo concede, mas no entanto existe quem queira o abraço da Morte. E porquê? Porque não entendem que para alguns a Morte tem as mãos frias e retira a vida. Mas para outros a Morte é liberdade.
... I´m a ghost now ...