Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]



Caminha em linha recta. Caminha pelas noites ardentes do Verão. Sem pressa, entre as cordas do sonho. Passo a passo pelo amanhecer do amanhecer. E não existe muito mais que não esteja já a morrer. Sem a solenidade encantada do bardo poeta, frente a frente como insectos num jarro de morte, perdidos sem saber o caminho de regresso. Caminha em passo recto ao largo das máquinas de Cristo, pelos olhos cerrados dos recusados, por margens e rochas e crânios na beira da estrada, naquele arejar de quem passa sem um gemido. Caminha pelo solo de liberdade onde cava a própria sepultura e de onde se ergue todas as noites. É tudo para si próprio e caminha em linha direita, pela prisão da aranha, passeia na linha do pensamento, pelo esquisso fino e ténue, a linha branca entre todas as outras marcas de linhas, o meio de todos os traços, a troca de olhares. 

Esta noite caminhou no frio mais cruel. Sentiu os ventos entre as portas. De noite deixou o veneno escorrer pela sola dos pés até ao chão gelado. Quis matar o monstro com a fome.

Esta noite quis punir o monstro com os pensamentos cristalinos e lavados de uma noite clara.

(Fleuma)







topo | Blogs

Layout - Gaffe