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... Algumas destas palavras são estradas para o Norte, destiladas com aquela paixão profana, de quem muito dolorosamente consegue reter uma réstia de comando perante a tentação de nunca mais regressar por estes caminhos. A estrada para Casa. A verdadeira Morada. Quero convencer-me de que as minhas palavras são a expressão mais pessoal de exploração, sejam elas largas ou curtas, quero que assim sejam: interiores, dentro de mim, fora de mim. E mesmo sem elas, mesmo que se escondam a flutuar dentro de mim, quero que sejam esses os contos do que vejo e até onde chega a minha reverência - a força sufocada, até a brutalidade de tudo o que me consome. É tão carnívora esta paixão, tão voraz que mesmo nos cada vez mais raros momentos de distância forçada, apenas certas palavras que eu escrevo conseguem sossegar-me longe de uma voz que não se repete.
... São a minha punição pessoal pelo tempo perdido mas também pelos encontros e as despedidas sem regresso, pelo que ficou por dizer, entranhado na minha obsessão pelas histórias contadas, que devem ser ditas, que só assim servem para algo, nem que sejam apenas para acender o meu desejo mais profundo de conseguir que sejam lidas em voz alta, como se fossem um fruto de pacificação pessoal, o destrancar deste semblante carregado de visões preciosas que a minha fome egoísta teima em esconder.
(Fleuma)