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Deixei de acreditar em impossibilidades depois da sua morte. E nem sequer foi de repente, como quem desliga um interruptor e volta as costas à escuridão. Descobri pela morte, muito antes desta descrença, que o vazio tem uma origem e uma falta de presença de carne e osso, que a verdadeira saudade é espessa e não deixa raiar a luz, que afinal tudo tem um principio e um meio, mas que eu, cego pela impossibilidade, não cheguei a assistir ao seu fim. 

Não me recordo de chorar por ele nem sequer do triturar do seu último gesto a tresandar a niilismo porque sempre soube que seria ele a escolher a sua hora, mas ainda acreditava em impossibilidades como se a sua eternidade fosse um facto consumado. Creio não ter ainda hoje uma noção sóbria e racional da extensão da ruína que este "Deixei de acreditar ..." teve em mim, do cinismo que me abraçou, da futilidade dos meus medos, e do sentimento a traição que nunca me abandonará. 

(Fleuma)

 







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